Antes de mais nada, gostaria de admitir que não sou um fã da franquia Borderlands. Com algumas exceções relacionadas ao segundo jogo, como o humor irreverente e o gameplay cooperativo, nunca tive muito interesse naquele universo. Sempre senti falta de algo mais que me prendesse, uma trama um pouco mais elaborada, qualquer coisa.

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Eis que chega a Telltale Games com Tales from the Borderlands para resolver meus problemas. Com esse especial de quatro episódios, vou tentar explicar porque coloquei este game entre os melhores do ano. De início não pretendo ir a fundo em detalhes da trama, já que o meu objetivo é introduzir e convencê-lo a dar uma chance à essa aventura em Pandora.

Após apresentar um dos protagonistas, Rhys, membro da corporação Hyperion sacaneado por seu rival em busca de recuperar sua tão sonhada promoção, a Telltale inicia o primeiro episódio à la Gearbox Software: uma abertura musical cheia de humor e que definitivamente ficará marcada tanto para os fãs da franquia original como para os novatos. A partir desse momento, o estúdio revela um roteiro bem escrito e divertido, que dá oportunidade ao jogador de experienciar a história. E a palavra experienciar aqui é levada ao pé da letra, pois em Tales from the Borderlands você faz escolhas que modelam o rumo da trama e o destino de vários personagens.

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Esse sistema de escolhas não foge do problema que muitos jogos do gênero enfrentam. As opções disponíveis sempre são “preto e branco”, ou seja, uma escolha teoricamente boa e outra(s) pior(es). Ainda assim, o estúdio fez bem em não levar suas escolhas a sério demais, proporcionando geralmente desfechos descontraídos e dignos de boas risadas - uma boa combinação do humor irreverente natural dos personagens. Um deles é a segunda protagonista, Fiona, uma golpista nativa de Pandora envolvida num golpe fadado ao fracasso, que é forçada a trabalhar com Rhys para sobreviver no planeta mais hostil da galáxia.

Apostando na química entre os personagens principais e seus companheiros; o melhor amigo de Rhys, Vaughn, e a irmã de Fiona, Sasha, a Telltale encontra o que talvez seja o maior trunfo de seu game mais recente. Já que ambos são muito diferentes, quase opostos, é interessante viver as situações absurdas pela perspectiva de cada indivíduo. A partipação dos coadjuvantes não deve ser menosprezada, já que eles são peças centrais em muitos momentos, seja ajudando Rhys e Fiona ou protagonizando suas próprias cenas, lotadas dos famigerados quick time events.

Mesmo com seu uso defasado e não muito bem recebido pela comunidade, os quick time events em Tales from the Borderlands conseguem surpreender em diversos momentos. As vezes utilizando um robô para acabar com uma gangue de bandidos intrometidos, as vezes participando de uma corrida maluca que resulta num incrível final para o episódio envolvendo o Zer0 de Borderlands 2 - você dificilmente vai se sentir cansado de apertar uns botõezinhos extras.

Zer0 Sum, primeiro episódio de Tales from the Borderlands, pode não ser o grande destaque da obra completa, mas é uma introdução acolhedora à essa nova aventura no universo da franquia. As sequências de ação divertidas, os personagens cômicos e um roteiro criado na medida para ter de tudo um pouco, faz destes um dos melhores trabalhos da Telltale. Boa sorte em Pandora e nos vemos no segundo episódio.

*Na seção Programa de Indie, os redatores do Omelete indicam jogos criados por produtoras independentes. Deixe a sua opinião e compartilhe outros games nos comentários!