Castle of Illusion é um dos grandes clássicos dos jogos de plataforma da década de 1990. O game original enlouqueceu os fãs de Mega Drive - e depois os de Game GearMaster System - com difíceis obstáculos e chances limitadíssimas, algo comum à época. Gostar de videogames há duas décadas era gostar de sofrer e ser recompensado com a satisfação da ciência da própria habilidade.

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No game, no comando do camundongo Mickey, os jogadores partiam numa jornada mágica para salvar Minnie da bruxa Mizrabel, que a sequestrou para roubar sua juventude.

O inesquecível jogo chega agora às redes Xbox LivePlayStation NetworkSteam completamente repaginado. A SEGA caprichou no redesign. Diferente da maioria dos jogos que recebem versões em alta definição, porém, este não ganhou apenas um código novo e texturas adequadas às novas tecnologias. A empresa recriou o jogo inteiro com uma mistura de 2D e 3D que homenageia todas as fases do clássico e as transforma em algo novo, ainda que reconhecível. É tudo reminiscente do original, com temas, cores e vilões redesenhados lindamente. Os chefes são uma atração à parte, muitas vezes fazendo com que você morra simplesmente porque estava admirando o desenho.

A música também foi bem cuidada, com a ambientação garantida pelo compositor Grant Kirkhope, ex-Rare. A ocasional narração de Richard McGonagle (o Sully, de Uncharted) também agrada, dando charme a algumas passagens. Ela emula um conto infantil, com frases como "enquanto Mickey balançava-se defronte ao pato gigante, lembrava-se do conselho de seu amigo Donald sobre aventuras: nunca as tenha".

A jogabilidade segue a simplicidade noventista em 16 bits: dois botões controlam a ação, um pra pular e outro pra atirar. O ritmo e a precisão dos games de plataforma antigos também é mantido - muitas vezes para a frustração do jogador, já que o erro é frequente. Mesmo nos segmentos 3D a mecânica da plataforma é mantida, respeitando o gênero. Há um pequeno exagero na inércia de Mickey, porém, que torna a experiência um pouco enervante. É necessário corrigir quase todas as aterrissagens do camundongo, o que pode ser desgastante em fases como a dos macarrons (espécie de doce francês) que flutuam em uma corredeira de leite.

Apesar das qualidades, a quantidade mais que generosa de "continues", checkpoints e vidas distribuídas transformam a dificuldade do passado nas mamatas de jogos modernos. Foi-se o tempo em que eram necessárias semanas para zerar um game assim. Hoje bastam poucas horas - e Castle of Illusion (que não se preocupa em ter qualquer valor em replay) desaparecerá do seu console (e possivelmente da sua memória) rapidamente. Satisfação efêmera demais se pensarmos no valor do original para uma geração.

Nota do crítico