É fácil visualizar uma criança inventando histórias de aventura a partir de quaisquer brinquedos espalhados pelo chão de seu quarto. Os bonecos de super-heróis formam parcerias, não importa a quais franquias pertençam, e o resto do quarto vira uma cidade a ser salva.

LEGO Marvel Super Heroes poderia muito bem ser o resultado da imaginação desta criança. Os personagens do universo Marvel são transformados em bonequinhos desmontáveis em mais um jogo da Traveller's Tales.

Assim como em outros games da franquia, LEGO Marvel é acessível a crianças. O visual do game, as piadinhas infames e as vidas infinitas tornam a obra mais atraente aos pequenos. Mas o apelo aos adultos continua grande, com um imenso mapa para explorar, centenas de pequenos objetivos e algumas tarefas mais complexas.

Se a criança ou o adulto forem fãs da Marvel, a recomendação é certa. Além de reunir mais de uma centena de personagens jogáveis, há constantes acenos aos aficionados. Em todas as fases, algum canto esconde Stan Lee à espera de um resgate. Quando o jogador atinge uma quantidade considerável de dinheiro (studs) coletado, a tela exibe os dizeres "True Believer", acompanhado do grito "Excelsior!".

Avante, heróis e vilões!

Estas sacadas vão tirar sorrisos de quem é apaixonado pelos quadrinhos. No entanto, não é preciso ser especialista ou mesmo ter conhecimento prévio sobre o assunto. Sempre que um mocinho ou vilão é apresentado, seu nome é destacado na tela. Quem não conhecia antes pode passar a conhecer - e amar - este universo.

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O enredo é suficiente para justificar um gigante crossover. A S.H.I.E.L.D. tenta impedir Dr. Destino de juntar os cosmic bricks. O jogador começa controlando Homem de Ferro e Hulk, mas logo ganha acesso a Sr. Fantástico, Homem-Aranha, Capitão América, Wolverine, Tocha Humana e muitos outros. Ao mesmo tempo, enfrenta Homem-Areia, Duende Verde, Abominável, Mandarim... a lista de vilões também é extensa.

Mesmo com tantos personagens jogáveis, LEGO Marvel reverteu algo em que outros títulos da Traveller's Tales pecaram. Até no recente LEGO The Lord of the Rings, poucas opções da ampla gama de personagens eram realmente úteis. Para que usar um arqueiro medíocre, se Legolas tem outras habilidades importantes? Isto acontece bem menos em LEGO Marvel. Por mais que vários poderes se repitam entre os heróis, cada um tem uma combinação diferente.

Um extenso exemplo: o Homem de Ferro voa e explode objetos com canhões. Alguns destes objetos podem ser destruídos pelo Tocha Humana (que também voa), outros pelas flechas do Gavião Arqueiro. Este, por sua vez, se prende a ganchos, assim como o Homem-Aranha, que usa as teias para se locomover e atacar. O aracnídeo pode escalar paredes facilmente, habilidade que no game é compartilhada por Wolverine, cujas garras podem ser usadas para ativar alavancas especiais. A lista poderia continuar por parágrafos.

Cada personagem é útil à sua maneira. Alternar entre vários deles é necessário para desbravar Nova York, transformada em mundo aberto pelo game. É possível escolher missões paralelas no superlativo mapa, conseguir dinheiro e itens secretos, destravar personagens, escolher veículos clássicos dos quadrinhos e participar de corridas.

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Nova York, uma caixa de brinquedos

É um quê de Grand Theft Auto - ainda mais porque dá para pilotar qualquer carro da cidade. Em vez de expulsar o proprietário aos socos, no entanto, você ouve dele: "Pode usar. Assunto de super-herói, certo?". Assim como no game da Rockstar North, dá para fazer o que quiser pelas ruas - até mandar Hulk destruir um monte de carros só porque sentiu vontade.

As fases do modo história não brilham tanto quanto a possibilidade de explorar o vasto mapa. Isto é por causa da estrutura repetitiva: enfrentar uma horda de inimigos fracos, resolver enigmas simples, enfrentar mais inimigos e chegar ao chefe de cada segmento. As batalhas contra vilões costumam ser mais interessantes, já que é preciso usar estratégias diferentes para atingi-los.

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Alguns problemas são tradicionais dos jogos da Traveller's Tales. A inteligência artificial não é lá muito inteligente. Na campanha individual, é difícil prosseguir quando seus companheiros controlados por computador se jogam em abismos. Por este e outros motivos, o forte da franquia LEGO sempre foi o modo cooperativo.

Ângulos estranhos de câmera também são frequentes, mas empecilho maior são as frequentes falhas no jogo. É normal que haja pequenos engasgos no meio das cutscenes, são toleráveis os longos períodos necessários para carregar cada tela, mas é quase imperdoável ter que recomeçar de um save point porque um bug fez algum personagem da equipe desaparecer ou travou a tela.

Estes erros, no entanto, são o preço que se paga ao desenvolver um game tão amplo quanto LEGO Marvel Super Heroes. Pode-se dizer que, em relação ao resto da franquia, houve sinceros avanços. Os acertos superam de longe os erros. Mesmo com algumas interrupções na experiência, o jogo permite que crianças e adultos brinquem de imaginar histórias com seus bonecos de super-heróis.

LEGO Marvel Super Heroes está disponível nas plataformas PlayStation 3, Xbox 360, Wii U, Nintendo DS, Nintendo 3DS, PlayStation Vita e PC. Também haverá edições para Xbox One e PlayStation 4.

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