Entre as dezenas de desenvolvedoras presentes na PlayStation Experience, realizada em dezembro passado, duas falavam português. A Behold Studios, responsável pelo RPG de estratégia Chroma Squad, e a Pocket Trap com o jogo de ação Ninjin: Clash of Carrots. Ambas represetantes do Brasil. Eles, assim como outros grupos da América Latina, chegaram lá por meio de um programa de incubação da Sony. Para descobrir mais sobre isso, o Omelete entrevistou, exclusivamente, Mike Foster, gerente de contas responsável pelo programa.

O que é o programa de incubação?

Mike Foster: Basicamente, é um programa que ajuda desenvolvedoras menores que trabalham com PC ou mobile a vir para os consoles. Não é um programa de financiamento ou distribuição - os elementos de negócios ficam por parte dos próprios desenvolvedores - mas nós damos suporte técnico, kits de desenvolvimento e coisas assim.

Como tem sido o relacionamento entre a Sony e os desenvolvedores brasileiros?

Mike Foster: Muito boa. É interessante, porque todos eles se conhecem. Eu tenho viajado para o Brasil desde 2007 encontrando mais e mais desenvolvedores. Agora, nós temos mais de 50 desenvolvedores com os quais trabalhamos no Brasil. É o país com mais parceiros de incubação, já que na América Latina temos em torno de 150. Para o PlayStation Experience, queríamos ter o melhor que estamos vendo. 

Mais ou menos um ano atrás, na Brasil Game Show, Mark Venturelli, da Behold Studios, me apresentou ao pessoal da Pocket Trap e eles me mostraram Ninjin no iOS. Eu joguei e falei “quero ver esse jogo no Vita”, e eles ficaram animados. Nós progredimos, damos kits de desenvolvimento pro Vita pra eles e eu gostei tanto do projeto que ofereci trazê-lo para o PlayStation 4. Nós fizemos uma expansão da ideia deles, adicionamos um modo de exploração. E aí começamos a planejar para o PS Experience, e eles foram um dos times que nós tivemos vontade de trazer. 



Quantos estúdios vocês trouxeram da América Latina para Las Vegas?

Mike Foster: Trouxemos seis desenvolvedoras da América Latina, mas nós temos 10 jogos de lá no showfloor. Um dos jogos é de uma desenvolvedora no Chile que está trabalhando com o Sony Worldwide Studios, três são distribuidos por publishers third-party, e os últimos seis estão distribuindo seus jogos de forma independente, incluindo os brasileiros Behold Studios e Pocket Trap.

Como desenvolvedores podem entrar em contato com vocês?

Mike Foster: Nós temos um website mas nós usamos mais o nosso e-mail: developer_incubation@playstation.sony.com. É a forma mais fácil de falar conosco, checamos o e-mail regularmente e respondemos assim que possível. Ultimamente, muitos desenvolvedores que trabalham comigo têm indicado outros desenvolvedores e eu viajo pra eventos como o Brasil Game Show.

Vocês trabalham com universidades?

Mike Foster: Sim, mas no momento não temos os recursos para expandir esse programa da forma que gostaríamos. Temos muitas universidades que querem participar e o que nós gostaríamos era fazer um programa no qual os estudantes pudessem aprender sobre o hardware, aprender a programar, e ter um canal para levá-los da graduação direto para uma carreira numa empresa local. 

Nosso maior sucesso nessa área é uma universidade no Equador, a ESPOL. Eles criaram uma equipe chamada Freaky Creation, que está aqui demonstrando um jogo chamado To Leave. 

Além de ceder ferramentas de desenvolvimento, como vocês ajudam os desenvolvedores?

Mike Foster: Nós os damos acesso ao nosso site de desenvolvedores, onde há suporte técnico de graça caso eles encontrem algum problema na programação. E nós procuramos oportunidades de promover os jogos, especialmente aqueles que se destacam como algo único ou diferente. Então nós focamos em jogos que fogem do comum e estão fazendo algo bem legal.

Por exemplo, na Brasil Game Show tivemos três desenvolvedoras no nosso estande, e a Pocket Trap e Behold subiram no palco para mostrar seus jogos. Mesma coisa com a PlayStation Experience, e os blogs PlayStation nos EUA, América Latina e Brasil. Tentamos
usar todos os nossos canais, incluindo redes sociais, para tentar promover os jogos, sem custo nenhum para os desenvolvedores.