O trabalho do desenvolvedor de games, ao menos dos que têm intenções narrativas, é criar um universo que seja real ao jogador, mesmo que em um mundo fictício. O usuário deve se sentir parte do local, deve querer trilhar o caminho junto com os personagens. Ao mesmo tempo, este caminho deve ser bem desenhado, desafiador e criar familiaridade. Isto é, depois de algumas horas, você deve sentir-se parte dele. Quando isso funciona, temos games como Far Cry 3.

Far Cry 3

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A mistura de elementos variados de gameplay do jogo da Ubisoft é refinada e apresentada de um modo coeso e balanceado, de modo que qualquer um que resolva empunhar o controle vá se divertir. Tudo o que você precisa é deixar-se levar, perder um pouco da sua sanidade, em meio a vilões convincentes, destruição, caos e tubarões. Na vida real, a loucura pode ser um problema, neste game, é o único caminho a escolher. Assim, o jogo evoca dois sentimentos paralelos: acompanhamos o deslize das faculdades mentais dos seus personagens e aprendemos a nos divertir em meio ao caos.

Os vilões da selva

Se por um lado a experiência narrativa e as missões tendem à linearidade, as possibilidades de jogo são múltiplas. Mesmo que seja possível passear livremente pela ilha, as demandas têm uma regularidade que serve à história. Ou seja, a linearidade é bem aplicada e não deve incomodar ou atrapalhar a gama de possibilidades dentro da jogabilidade.

Em termos de história, não acredite que o personagem principal do jogo é o turista, Jason Brody, que o jogador controla. Na verdade, os verdadeiros protagonistas de Far Cry 3 são os seus vilões, ao estilo daqueles que você ama odiar. Vaas, principalmente, é o fio condutor do roteiro, já que o próprio herói pode soar arrogante e um tanto mimado. A inteligência e o carisma dos protagonistas está direcionada as antagonistas e personagens secundários.

Far Cry 3 exige que o jogador esteja sempre alerta, já que os oponentes surpreendem e trazem elementos de imprevisibilidade. Contudo, as missões secundárias e a coleta de relíquias em meio à ilha não são tão brilhantes quanto a trama principal, mesmo que a inteligência artificial dos inimigos seja sempre satisfatória e acima de muitos títulos do mesmo gênero.

A vida selvagem

Há um propósito para o mundo aberto, além do simples e puro entretenimento (o que já seria válido). Para aumentar sua capacidade de armazenamento e carregar mais itens, por exemplo, é necessário adquirir peles de animais, que são convertidas em coldres, cintos e mochilas, por exemplo. Assim, espere por momentos a la Red Dead Redemption, em que você cria uma pilha de animais mortos.

A Rook Island é enorme e cheia de segredos, incluindo cartas da Segunda Guerra Mundial e tubarões prontos para atacar quem ousar atravessar os mares a nado – sua fauna a torna realmente viva, e cuidado ao encontrar certas criaturas como o Tigre Dourado ou a Pantera Negra. E claro, para navegá-la, o jogador poderá utilizar uma gama de veículos, que inclui carros, jet skis, e barcos. Há muito o que explorar, de tribos a ruínas subterrâneas. Também vale notar que os belos gráficos auxiliam a impressão de imersão, não somente na construção de cenários, mas pela expressão dos personagens que os habitam. O game foi testado no PlayStation 3 e apresentou problemas pontuais de frame rate, mas nada que tirasse os méritos da produção.

"War is in your blood"

Talvez os jogadores que se apaixonaram por Far Cry 2 possam descreditar alguns ajustes que deixaram o título mais simples de ser jogado, como o sistema de cura via seringas (criadas com o uso da flora nativa) e o fato das armas não emperrarem. Na verdade, isso contribui para a fluidez de jogo. Porém, uma grande perda foi o sistema de dormir – no game antigo, era possível acionar um botão que transformava o dia em noite, como se o avatar estivesse dormindo ou esperando –, que deixa saudades nas pessoas que apreciam furtividade.

O combate, por outro lado, mantém sua estrutura variável: é possível encontrar soluções diferentes, dependendo do estilo do jogador. E quem não quer ser Rambo enfrentando seus adversários na selva com um arco? Talvez o mais divertido de Far Cry 3 seja criar confusão, queimar inimigos com molotovs, aterrissar em um acampamento e distribuir matança, ou ficar quietinho de um ponto alto exterminando vilões com uma sniper. Também vale testar o modo cooperativo e angariar novas armas no multiplayer. A versão brasileira do jogo ainda vem com legendas bem cuidadas, que não tentam diminuir a atuação dos atores, nem apresentam problemas de revisão.

Para quem curte o estilo sandbox, Far Cry 3 é um dos jogos que deve constar na coleção, já que atualiza as mecânicas dos jogos anteriores com elementos variados e mais sofisticados que fazem a diferença. Amarre uma faixinha vermelha na cabeça, explore essa ilha insana e apaixone-se por seus habitantes (quanto mais loucos, melhor). É um título para agradar a fãs de jogos de tiro e de exploração, que passa longe das obviedades dos gêneros.

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Nota do crítico