O tao do Jeet Kune Do

Bruce Lee

5 ovos

O pensamento e a técnica do mais famoso lutador de todos os tempos

Se atualmente nomes como Jackie Chan, Michelle Yeoh e Jet Li são conhecidos no mundo inteiro como astros de filmes repletos de coreografias de artes marciais, isso se deve ao trabalho do cultuado Bruce Lee.

Com uma carreira meteórica entre o final dos anos 60 e início dos anos 70, o eterno rei dos filmes de kung fu nasceu como Lee Jun Fan nos Estados Unidos, em 1940. Ainda criança, mudou-se para Hong Kong, voltando ao seu país de origem com 19 anos para estudar filosofia e acabou promovendo o kung fu. Tendo trabalhado em produções modestas em Hong Kong, Bruce Lee co-estrelou a série americana Besouro Verde (como o ajudante do herói, Kato) e atuou em poucos filmes de alcance internacional, sendo os últimos produzidos em Hollywood.

Morto por edema cerebral em 1973 aos 32 anos, Lee mantém até hoje uma imagem intocada e venerada, como acontece com grandes ídolos que morrem jovens. Assim como seu falecimento, cercado de lendas apesar de ter uma explicação natural, sua vida já suscitou grandes equívocos. Muitos se referem a ele como o maior lutador de todos os tempos, como se misturando o ator com as personagens que interpretou. Em contrapartida, alguns consideram-no apenas um excelente coreógrafo. No entanto, Lee foi mesmo um atleta de alto nível, abriu academias nos Estados Unidos e ensinou kung fu para celebridades de Hollywood, como o ator James Coburn. Com isso, era reconhecido como uma grande autoridade em artes marciais em seu tempo.

FILOSOFIA E AÇÃO

Em meados da década de 1960, Bruce Lee foi indagado em uma entrevista sobre qual a diferença entre kung fu e karatê. Sem pensar muito, explicou que um golpe de karatê é direto e mortífero como uma pancada com uma barra de ferro. Já o kung fu seria como uma corrente que, ao atingir, se molda ao adversário e machuca em vários pontos. E depois disso sorriu, como que percebendo o brilhantismo do que acabara de dizer.

Seu interesse pela estrutura maleável do kung fu o levaria a criar um modelo próprio de movimentos acompanhados de uma intensa base filosófica. Fazendo uma analogia entre uma luta e a vida como um todo, Lee acreditava ser importante conhecer a si próprio, conhecer seus limites e se moldar ao adversário e às situações adversas da existência. É uma abordagem que, de certa forma, vai contra a rigidez implacável, tão marcante no pensamento dos samurais japoneses e sintetizada no título Hagakure - o livro do samurai.

Permanecendo em repouso por vários meses depois de uma lesão na coluna em 1970, dedicou seu tempo a tecer teorias sobre artes marciais, anotando citações de autores que admirava e codificando movimentos que faziam parte de suas empolgantes coreografias de ação.

Após sua morte, suas anotações foram habilmente compiladas no livro Tao of Jeet Kune Do, sendo que tao significa caminho. Já essa modalidade marcial que Lee criou, o Jeet Kune Do, cuja tradução é modo para interceptar um punho, apresenta-se como uma luta sem forma exata estabelecida. Distante dos rígidos movimentos presentes nas artes marciais tradicionais, Lee organizou e mesclou diferentes estilos com muita sabedoria e coerência.

UMA LUTA SEM FORMALIDADES

Utilizando conhecimentos de kung fu (arte que estudou desde criança), boxe ocidental e outras formas de combate, simplificou modos eficientes de ataque e defesa. E além de centenas de posições que podem ser copiadas por alguém que esteja em boa forma física (lembrando que todo esporte necessita de acompanhamento), há muita teoria que ajuda o praticante a se desenvolver mentalmente.

Porém, ele nunca se preocupou em reunir as anotações em livro, pois tinha receio de que as pessoas comprassem achando que seria algo como Aprenda kung fu em 10 lições, o que seria uma picaretagem. E sabia que não se aprende esporte ou artes marciais com uma publicação, sendo necessária disciplina intensa, acompanhada por treinador ou mestre capacitado, bem como de orientação médica.

O livro foi ilustrado pelo próprio astro, com traços simples e eficientes. Sem treinamento formal em desenho, Lee certamente se valia de referências para traçar as figuras. Todavia, o que surpreende, mesmo nos esboços mais canhestros, é a sensação de movimento que suas imagens transmitem. É surpreendente ver como conseguia representar idéias de movimento com esboços simples e dinâmicos. E simplicidade é um conceito que permeia toda a obra, sem que se confunda com superficialidade. Ao contrário, suas páginas destacam a importância do questionamento e capacidade de adaptação para se chegar à sabedoria e ao autoconhecimento.

Em várias passagens, Lee cita a importância de se livrar de rótulos, formalidades, títulos e convenções que podem prender o indivíduo, mesmo quando se referia à sua própria criação. Ou, nas palavras dele mesmo:

Antes de estudar a arte, um soco para mim era apenas um soco, um chute era apenas um chute. Após ter estudado a arte, um soco não era mais um soco, um chute não era mais um chute. Agora que entendo a arte, um soco é apenas um soco, um chute é apenas um chute.

O tao do Jeet kune do
Autor: Bruce Lee
Formato: 21 x 29,5 (240 páginas)
Preço: R$ 37,00
Lançamento: Conrad Editora