O escritor Mickey Spillane, autor de dezenas de livros policiais do estilo "hard boiled", morreu na semana passada aos 88 anos em Murrels Inlet, Carolina do Sul.
 
Spillane foi um dos autores mais vendidos nos EUA do século XX (mais de 130 milhões de livros), sendo a principal figura do gênero policial violento - daqueles livrinhos escritos em três semanas, publicados direto em paperback e recheados de sangue, sexo e sadismo.
 
Seu personagem recorrente, Mike Hammer, é o arquétipo do detetive durão. Ao contrário dos personagens que formaram a literatura policial norte-america da primeira metade do século XX, nos livros de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, Hammer é misógino, brutal e segue a lei à risca. Saia da risca, tome balas.
 
Mike Hammer virou referência para o Dirty Harry de Clint Eastwood e para os heróis deturpados de Frank Miller em Sin City. Miller inclusive já homenageou Spillane ilustrando capas do gibi Mickey Spillane’s Mike Danger (Tekno Comix), uma adaptação futurística dos trabalhos do romancista.
 
Seus livros foram adaptados para o cinema e para a TV diversas vezes. Seu primeiro romance, I, The Jury - a introdução de Mike Hammer - teve duas versões, em 1953 e 1982. Houve vários outros filmes baseados em histórias de Hammer - inclusive The Girl Hunters, de 1963, no qual o próprio Spillane interpreta seu personagem, uma rara ocasião na história da literatura e do cinema na qual um romancista atuou como sua própria criação.
 
Duramente atacado pela crítica, mas sempre sucesso de vendas, Spillane adotava a filosofia Mike Hammer para rebater os detratores: "Se o público gosta de você, quer dizer que você é bom." É ele também o autor da seguinte frase: "Esses grandes escritores nunca aceitam que se consome mais amendoim salgado do que caviar."