Não é de hoje que os fãs da Nintendo pedem grandes títulos para o Wii U. Desde o lançamento do console, a empresa tropeça nos multiplataformas e demora a trazer títulos de qualidade da própria autoria - no entanto, quando o faz, comprova quão acima está das demais desenvolvedoras.

Super Mario 3D World não revoluciona a franquia, sequer muda os padrões estabelecidos por ela mesma no gênero plataforma. Ainda assim, o jogo é construído com um cuidado exemplar, onde cada bloco, câmera, habilidade e caminho é pensado de maneira meticulosa. Com beleza gráfica única e retoques nas novidades apresentadas em outros títulos Mario, 3D World é um dos melhores jogos de 2013.

Bonito sem ser novo ou realista

Talvez Mario nunca mude o estilo gráfico. A opção da Nintendo por uma abordagem mais infantil não se vende à estética mais realista da atualidade; felizmente. Tal escolha não deixa de aproveitar a evolução do processamento dos consoles. Uma prova disso são os estonteantes mundos de Super Mario 3D World. Assim como boa parte de sua aventura principal, a sensação é de estar dentro de um planeta conhecido, mas remodelado por detalhes que fazem total diferença.

O mapa principal tem áreas com diferentes climas, inimigos e modelo de navegação - há uma mistura dos planetas de Mario Galaxy, os quadros de Mario 64 e o caminho quadrado de Super Mario Bros.. A interatividade não se limita às fases selecionadas, pois existem inimigos, blocos de bônus, roletas e itens escondidos - muitos deles são encontrados com o uso da movimentação da câmera, que dá ênfase ao "3D" do título. O colorido dos castelos e personagens saltam aos olhos sem parecer abusivo ou exagerado. O mundo do game, aliado à construção das fases, parece se renovar mesmo após várias incursões.

Ao avançar na história, que continua um mero pano de fundo, alguns padrões são notados. Em boa parte deles, a velocidade e a precisão são a regra primordial para o êxito - marca registrada dos jogos de Mario. A diferença aqui fica por conta da fusão entre a plataforma 2D e 3D, que é feita sem atrapalhar a visão do jogador ou o progresso das fases. Em determinado momento, a exploração se torna essencial, pois é preciso quebrar a quarta parede para conseguir descobrir novos itens e habilidades. Em um mundo cheio de sombras e fantasmas, por exemplo, o jogo brinca com a própria profundidade sem precisar de óculos ou qualquer artifício que potencialize a terceira dimensão.

Acima de tudo, diversão e desafio

Historicamente, Mario consegue incluir novatos e experientes sem restrições. Para isso, a harmonia e a evolução progressiva da dificuldade em fases e nos controles sempre foram executadas perfeitamente. Mario 3D World faz isso da maneira mais econômica e opcional possível - não é preciso evoluir junto com o game, caso o desejo seja apenas finalizar a campanha. Há um aumento gradativo no desafio dos mundos, mas nada que impeça o jogador mais leigo a acabar o jogo com algum esforço.

No entanto, mesmo sem explorar os controles ao máximo, no fim da aventura será automático procurar novas fases. É isso que torna o jogo fascinante, a capacidade de incentivar a melhorar naturalmente, sem precisar destacar números e inimigos a serem superados. Não importa com qual personagem se joga, os tutoriais intutivos fazem a diferenciação ser estética, apesar de cada um ter uma habilidade própria - e essenciais para completar o game. O multiplayer segue a mesma tendência, adicionando os momentos caóticos tão familiares aos fãs de New Super Mario Bros.Wii.

A Nintendo ainda faz outras mudanças leves que melhoram a experiência, sem desviar dos padrões sugeridos na jogabilidade inicial. Soprar o Gamepad do Wii U, por exemplo, para avançar em determinado estágio soa banal, mas é colocado de maneira tão sutil que se torna genial. O mesmo acontece com o poder de gato de Mario, que agora é mais rápido e agressivo - um enfeite usado a favor da diversificação nos controles.

O melhor da Nintendo

Super Mario 3D World comprova, mais uma vez, a genialidade da Nintendo. Sem segmentar dificuldades ou discriminar a experiência dos jogadores, a desenvolvedora consegue ensinar e divertir ao mesmo tempo. Tudo isso com modelos de controles e gráficos estabelecidos há cerca de 20 anos; hoje tão novos quanto os games lançados no mês passado.

Além de ser um dos melhores do ano, o game supera a inevitável nostalgia inerente aos sons e figuras da franquia. Tudo que se ouve desde a criação do personagem está ali, com poucas modificações, mas não superam as sensíveis novidades aplicadas aqui. Jogar 3D World é sobre se desafiar e, sem sentir, estar em um mundo já conhecido e se divertindo como se fosse a primeira vez.