David Cage não é unanimidade e nem por isso deixa de ser destaque. Único na maneira de apresentar e desenvolver seus produtos, o designer se mostrou para o mundo no final dos anos 1990, com o lançamento de Omikron: The Nomad Soul. Desde então, a indústria se divide ao interpretar a forma que ele pensa e produz - uma mistura de cinema e interatividade.

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Com o lançamento de Beyond: Two Souls, novo projeto de Cage, o Omelete preparou um especial sobre a carreira deste desenvolvedor. Conheça seus primeiros trabalhos, a concepção de narrativa que o diferencia dos demais e os títulos que o consagraram:

Começo com música, cinema e drama

A força da trilha sonora nos games de David Cage não são por acaso. Antes de criar títulos como Farenheit e Heavy Rain, o francês compôs músicas para programas de televisão e filmes. A primeira formação dele é em música - fator que o fez abrir sua primeira empresa, a Totem Interactive, em 1993.

O gosto pela indústria de games começou quando trabalhou na trilha de jogos como Super Dany, Cheese Cat-Astrophe starring Speedy Gonzales e Timecop. Logo depois ele se uniu ao amigo Guillaume de Fondaumière e abriu a Quantic Dream, empresa que tornaria seu nome conhecido mundialmente.

Com a companhia, Cage instalou com propriedade um gênero pouco explorado. O "drama interativo", como o próprio define, está no âmago de todos os jogos que produziu até aqui. A narrativa da Quantic dá prioridade ao enredo, atuações e estilo cinematográfico; os controles e botões são delegados a funções secundárias, como meros dispositivos de escolha.

Essa mistura divide jogadores e imprensa. Nenhum game de Cage é unanimidade, nenhum se torna sucesso arrebatador de vendas e nenhum é o fracasso da geração. Na lista abaixo, saiba mais sobre os jogos da Quantic Dream e, consequentemente, as características inerentes ao trabalho de David Cage.

Omikron: The Nomad Soul

O primeiro projeto da Quantic Dream é o mais fantasioso de seu catálogo. A história se passa na cidade fictícia de Omikron, situada em Phaenon, um planeta do sistema Rad'an, e conta a história de uma série de assassinatos no local. O jogador entra na investigação após ser contatado por um policial, que o mostra pistas e apresenta a possibilidade de transferir a mente para outros corpos.

Por meio desta possessão, o jogo se desenrola e começa a revelar mistérios acerca dos crimes - 'encarnar' em pessoas que aparecem é uma forma essencial de descobrir os mistérios apresentados. Além das missões principais, a jornada possibilita objetivos secundários, que não só tomam tempo e aumentam o fator replay, como melhoram a imersão no universo de Omikron.

Todo o sistema político da cidade, assim como seus problemas sociais e culturais são explorados por meio da transferência de corpos. O avanço gráfico e a predileção por animações de primeira qualidade podem ser vistas neste título, que saiu primeiro para PC e Dreamcast. Outro fator interessante é o autor da trilha sonora é ninguém menos que David Bowie, compositor de boa parte das músicas ao lado de Reeves Gabrels.

Indigo Prophecy/ Farenheit

Após uma empreitada de sucesso relativo era chegada a hora de um jogo com pompa. No PlayStation 2, Indigo Prophecy fez esse papel. Com uma história profunda, narrativa intensa e um nível de envolvimento pouco visto em outros games, o título destacou de uma vez por todas a Quantic Dream no mercado.

A trama gira em torno de Lucas Kane, um sujeito que é possuído por uma força desconhecida e acaba assassinando um rapaz dentro de um banheiro. Aos poucos, o jogador descobre que Kane tem visões desde pequeno e os meandros da trama começam a ser desvendados. Toda a investigação segue entre a realidade e o sobrenatural, sempre acompanhado pelos dramas pessoais dos personagens envolvidos.

Depois de Prophecy (ou Farenheit, como foi lançado na Europa), a imprensa questionou a jogabilidade e a real qualificação dos games de David Cage. Mesmo que abusasse dos Quick Time Events - ato de apertar botões pré-determinados na tela para uma ação qualquer -, o jogo oferecia uma narrativa diferente de muitos título daquela época. E mesmo no quesito jogabilidade, muitos defendiam que os controles do game eram tão profundos quanto um jogo de plataforma, pois o jogador participava da ação mais simples até a mais complexa. Clássico ou não, o jogo marcou a geração dos 128 bits.

Heavy Rain

Após uma história fantástica e outra sobrenatural, a Quantic Dream pisou no chão e desenvolveu um thriller noir sobre assassinatos em série. Heavy Rain foi lançado em 2010 e logo classificado como um dos jogos mais belos de todos os tempos - rostos, cenários e efeitos de clima com aquela qualidade eram inéditos.

Cage e seus companheiros também foram além na parte narrativa. Heavy Rain não tem um protagonista, mas quatro, que revezam entre si e mostram diversas maneiras de seguir na história. Dessa forma, o jogo chega ao final com escolhas e desfechos diferentes. A trama mostra vários personagens envolvidos em uma série de assassinatos cometidos pelo Origami Killer, um criminoso que mata e deixa uma escultura de papel perto da vítima.

A empolgação da crítica foi imediata. Mesmo com algumas impressões não tão positivas, Heavy Rain foi o maior sucesso da história da Quantic Dream e um dos jogos mais aclamados do PlayStation 3 - leia a nossa crítica. Tal recepção fez do recém-lançado Beyond: Two Souls um dos títulos mais aguardados do final desta geração. Dentro de alguns dias o Omelete publica a análise deste novo game. Fique atento!