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Green Day | 20 anos de Dookie

O legado e a importância de um dos grandes álbuns dos últimos anos

13.02.2014, às 11H55.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H38

Vinte anos atrás, o Green Day lançava o disco que se tornaria um marco na história do punk rock... e da pop music. Com Dookie, produzido por Rob Cavallo – ainda em começo de carreira – e mixado pelo estreante Jerry Finn, que viria a se tornar um mestre dos hits, o Green Day foi oficialmente declarado um grupo de punk rockers entusiastas do pop.

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Dookie e o cenário punk

O movimento e gênero musical punk rock foi criado pelos Ramones na década de 70. O nome veio da música "Judy is a punk", faixa de um minuto e meio lançada pela banda nova-iorquina em fevereiro de 1976. Os Ramones abriram caminho para grupos como Fugazi, The Replacements e The Descendents, que tinham em comum o repertório com músicas curtas e intensas, e tratavam de temas políticos e revolucionários. Apesar de os Ramones terem sido um sucesso de público na década de 70, nos anos 80 o punk se consolidou como um movimento isolado, restrito a redutos específicos, como a costa leste da Califórnia (Estados Unidos) e cena underground de Londres, na Inglaterra. Não se ouvia punk nas rádios e nem se compravam seus discos em grandes lojas de LPs. Só tinha acesso ao punk rock quem era punk de carteirinha.

Billie Joe Armstrong Mike Dirnt se juntaram em 1987 para formar o Green Day - nos anos 1990 Tre Cool entraria pro grupo. O trio (guitarra/vocais, baixo/vocais e bateria) encontrou seu espaço na costa leste da Califórnia, onde despontava uma vertente da cena punk. A banda se destacou por, diferentemente dos outros integrantes do movimento, apresentar canções com refrãos românticos e melosos. Em vez de contribuir com o discurso anarquista, o Green Day falava sobre garotas, tédio, sexo e drogas.

Em 1992, Rob Cavallo, em início de carreira como produtor na gravadora Reprise Records, descobriu a banda depois de ouvir seu segundo álbum, Kerplunk. Logo ele tratou de convencer o trio a produzir um terceiro disco, cuja mixagem ficaria a cargo de Jerry Finn, um entusiasta do pop. Dois anos mais tarde, estava nas lojas o mais autêntico disco de pop-punk – um novo e vibrante gênero musical. Na época do lançamento, o álbum foi considerado uma ofensa aos integrantes da cena punk da Califórnia. Além do discurso do Green Day não se alinhar às convicções do movimento, era considerada uma traição assinar contrato com uma grande gravadora. Mas o trio não se abalou com as provocações. Afinal, Dookie era um sucesso de público e crítica. Colocando o disco para tocar nas rádios, o Green Day abandonou o ativismo para se dedicar ao showbizz, abrindo caminho para bandas como The Offspring, Blink 182 e Sum 41, que rechearam os anos 90 de hits. Aliado ao pop, o punk finalmente saía do underground e chegava aos ouvidos das massas.

A importância de Dookie

Ainda hoje, Dookie é o mais importante álbum da categoria. Ao longo desses vinte anos, foi fundamental para a construção do gênero pop-punk, que se sustenta com nomes como Yellowcard, New Found Glory e Paramore. Dookie só perde para Nevermind, de Nirvana (peça-chave da inauguração do grunge), o posto de álbum que mais influenciou o rock dos anos 90. Isso porque sua contribuição transcende as barreiras do pop-punk. Antes de Dookie, guitarra era sinônimo de rock; depois de Dookie, ela invadiu o pop. Bandas como The Wallflowers, Weezer e Coldplay, que nem de longe podem ser classificadas como pop-punk, pegaram carona no desbravamento do Green Day para adaptar o som da guitarra às canções melosas, movimento essencial para analisar a evolução da música da segunda metade dos anos 90 à primeira dos 2000.

Um dos maiores sucessos da história do punk, e um importante marco na trajetória do pop, este ábum fez cinco singles de sucesso ("Longview", "Welcome To Paradise", "Basket Case", When I Come Around" e "She"), levou o prêmio Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa em 1995 e vendeu mais de 20 milhões de cópias ao redor do mundo. Quanto ao Green Day, a banda abriu ainda alguns caminhos ao longo de sua trajetória. Dez anos depois de Dookie, lançou American Idiot, álbum considerado a primeira punk opera rock da história. E no ano passado, o vocalista Billie Joe Armstrong surpreendeu público e crítica ao deixar de lado o punk para se aventurar no folk, ao gravar um álbum de regravações dos The Everly Brothers em parceria com a cantora Norah Jones. Inusitado, mas alguém duvidou que funcionaria?

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