Música

Crítica

Arcade Fire, Soundgarden e Jake Bugg no Lollapalooza Brasil 2014 | Crítica

New Order também esteve entre as bandas que fecharam a terceira edição do festival

07.04.2014, às 11H39.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H41

O último dia do Lollapalooza Brasil 2014 explanou todo o conceito do festival. O evento criado por Perry Farrell se baseia em uma experiência musical, cenográfica - e isso consiste em misturar estilos, tendências e experimentações. A presença de Arcade Fire, Soundgarden, Axwell e Jake Bugg, por exemplo, exemplificam essa direção. Mais do que um lugar feito para unir fãs de determinada banda, o Lollapalooza é sobre arte.

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Arcade Fire

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Soundgarden

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Jake Bugg

A principal atração do domingo foi o Arcade Fire. Não foi a primeira vez do grupo esteve no país, mas o que eles apresentaram no Autódromo de Interlagos não tem nada em comum com o mostrado há alguns anos. A banda de Win Butler está longe do estereótipo indie. Hoje eles são um grupo cheio de vida, no limite entre o brega e o estiloso. Do colorido das roupas até as misturas sonoras vindas do último álbum, Reflektor, a apresentação é um espetáculo feito para qualquer pessoa aproveitar.

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E nisso consiste na força do Arcade Fire ao vivo - não é preciso gostar da banda, conhecer as músicas ou admirar a carreira para curtir o show. Essa faceta torna o grupo o símbolo ideal para o Lollapalooza, um festival que traz o conceito de experimentação ao extremo. Em um país onde o costume é curtir nomes iguais durante anos, aprender a experiementar a partir de um show como esse é um grande (e ótimo) passo.

Os canadenses entraram em cena com trechos do filme Orfeu Negro e Butler vestindo uma máscara. A homenagem a Vinícuis de Moraes (autor de Orfeu) foi a primeira das lembranças da banda canadense ao povo brasileiro. Mais pra frente, Régine Chassange cantou "O Morro Não Tem Vez" e uma introdução de "Nine Out of Ten", de Caetano Veloso, apresentou "Here Comes The Night" - o hino carnavalesco do último e ousado disco do grupo.

O grunge do Soundgarden

Os veteranos do Soundgarden encerraram as apresentações do palco Onix no Lollapalooza 2014 sem decepcionar. Chris Cornell não tem mais a mesma voz de outrora, mais especificamente no período grunge dos anos 1990, mas isso não atrapalhou o show.

A performance de Cornell exaltou muitas moças encostadas na grade. Além das caras e bocas, o vocalista aproveitou alguns momentos no palco para gravar vídeos e tirar fotografias de seu celular. O som, que foi um problema no dia anterior com Imagine Dragons, melhorou bastante e foi essencial para o decorrer do setlist, que continha 16 músicas.

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Destaque para as clássicas "Black hole sun" e "Outshined", responsáveis por momentos de empolgação geral do público presente, formado por inúmeros jovens adultos. No meio de "Black hole sun", Chris deu um jeito de colocar o nome da cidade de São Paulo na letra da nação que diz "Você é tudo para mim".

No fim do show, já com uma manga da camisa rasgada, Chris agradeceu a plateia e encerrou a apresentação com "Beyond the wheel". Ao lado do Pixies e New Order, o Soundgarden representou o revival noventista no Lollapalooza - uma forma de agregar um tipo diferente de fã, que à época do sucesso desse trio poderia dificuldade de assistí-lo ao vivo.

O prodígio Jake Bugg e a homenagem a Neil Young

Assim como Lorde no dia anterior, a plateia de Jake Bugg era formada majoritariamente por adolescentes. O prodígio inglês, porém, não tem o estilo popstar da diva teen da Nova Zelândia. Bugg é pura marra, sequer conversou com a plateia. No máximo um agradecimento sem sorrisos. O negócio do garoto é cantar e tocar; e no Lollapalooza ele fez isso com excelência, tornando-se um dos melhores shows do evento.

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Em uma hora de apresentação ele mostrou um repertório de composições próprias e uma homenagem a Neil Young com "Hey Hey My My". Estavam lá os sucessos "Lightning Bolt", "Two Fingers" e "I've Seen It All", além dos novos "Slumville Sunrise" e "What Doesn'' Kill You", do novo álbum Shangri La. O cantor passeia entre o folk, country e rock com uma facilidade de impressionar.

Seja com a guitarra ou violão, Bugg mostra um domínio completo do palco e dos ritmos que arrisca apresentar. E mesmo parado em frente ao microfone na maior parte do tempo, segura o show com uma voz marcante. As comparações com Bob Dylan, Jimi Hendrix e tantos outros ficam menos exageradas ao vê-lo no palco, porém ainda há muito chão para ele percorrer. Nesse caminho, talento certamente é uma coisa que não faltará.

Omelete Hyperdrive especial do Lollapalooza

Nota do Crítico
Bom

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