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A melhor banda de todos os tempos...

A melhor banda de todos os tempos...

19.10.2001, às 01H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 21H04

Depois de muita espera, saiu no início de outubro o mais recente trabalho da banda paulista Titãs. Desde o álbum Domingo, de 1996, os Titãs não lançavam um CD só com músicas inéditas. Depois do porre de um acústico (Acústico MTV, 1997) e dois meio-acústicos (Volume 2, de 1998, e As Dez Mais, de 99), o grupo se lançou a um trabalho totalmente inédito, sem covers e sem regravações. O resultado é A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana. O título do CD, que é também o da primeira música distribuída nas rádios, é uma visão bem-humorada sobre a efemeridade da fama e a badalação da mídia. Gravado logo após a trágica morte do guitarrista e compositor Marcelo Fromer, o CD não passa tristeza em nenhum momento. O repertório e os arranjos já estavam definidos quando Fromer morreu no dia 13 de junho, por conseqüência de um atropelamento. Passado o luto, os seis remanescentes se atiraram ao trabalho tentando resgatar o espírito despojado do início da carreira. Paulo Miklos (voz e gaita), Sergio Britto (voz e teclados), Nando Reis (voz e baixo), Tony Belloto (guitarra e violão), Branco Mello (voz) e Charles Gavin (bateria) realizaram um trabalho leve e despretensioso, bem longe do clima sofisticado e erudito dos acústicos.

Jack Endino, produtor vindo de Seattle que já havia produzido o vigoroso Titanomaquia (1993), Domingo e o belíssimo e injustiçado As Dez Mais, está de volta na produção. Em quase todas as faixas, uma guitarra adicional foi tocada ora por Emerson Villani, ora pelo próprio Jack Endino para tentar suprir a ausência de Fromer. De resto, poucos músicos convidados dão um toque aqui e ali. Nada de orquestra desta vez, o que estava começando a virar uma muleta para o grupo. Também nem sinal de DJ, o que chegou a ser anunciado para inaugurar uma suposta nova fase mais eletrônica (ainda bem que a idéia não vingou). O que se vê em termos de arranjo é um pop-rock básico e enxuto, valorizando a combinação de guitarra, baixo e bateria. O resultado em vários momentos lembra o grupo em início de carreira, na época de Sonífera Ilha.

A canção que abre o álbum, “Vamos ao Trabalho”, de Paulo Miklos, lembra a fase Cabeça Dinossauro. Já a música “O Mundo é Bão, Sebastião!” (de Nando Reis) é uma abobrinha inacreditável e ao mesmo tempo de uma simpatia contagiante. “Isso” (composição de Tony Belloto cantada por Paulo Miklos), é uma balada vigorosa que faz companhia a “Mesmo Sozinho” (de Nando Reis) na ala das canções românticas. No total, são 16 faixas que mostram um grupo que já se levou a sério demais e que agora tenta retomar o caminho da simplicidade.

As letras e melodias passeiam do rock ao brega com uma tranqüilidade que vai enfurecer os críticos radicais que vivem dizendo que os Titãs não são mais os mesmos ou que aquilo que fazem é pop descartável e comercial e não rock puro. Com certeza, os Titãs não ligam a mínima pra isso. E nem deveriam. Afinal, fica difícil imaginar um grupo com quase 20 anos de carreira querer fazer sempre as mesmas coisas, ou inovar com sacadas geniais a todo momento. Eles fazem boas músicas e pronto. E com certeza não estão interessados em ser apenas a melhor banda de todos os tempos da última semana.

Titãs – A melhor banda de todos os tempos da última semana
Lançamento: Abril Music
Produção: Jack Endino
Destaques: Vamos ao Trabalho, Epitáfio, Daqui pra lá, Isso, Alma Lavada, Cuidado com Você


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