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Dogview

Dogview

12.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 11H03

Mal ae, galera!

E não é que tem gente de todos os cantos dos Estados Unidos se desculpando pela vitória de George W. Bush? No hilário www.sorryeverybody.com, há uma galeria de americanos (de lá e de fora) pedindo desculpas pela reeleição do maluco. Será que a gente devia fazer um site se desculpando pela apresentação equivocada dos Picassos Falsos no Tim?

Isso é que é mulher

Show bom é assim mesmo: não sai da cabeça da gente nem uma semana depois. No caso da enigmática PJ Harvey, que se apresentou por aqui na segunda noite do TIM, esperamos mesmo que não saia nunca. E ela nem precisou cantar A Place Called Home, do Stories From the City... (2000), pra que a platéia entrasse em transe. Oferecendo um panorama de toda a sua carreira, passando por faixas de Rid of Me, cheio de areia, e To Bring You My Love, uma homenagem rasgada ao público, a inglesa - vestidinho vermelho, botas e franja no rosto - hipnotizou com sua beleza estranha. Ela não quer agradar, mas agradou. Menina má, fez o que teve vontade. Tímida, não conseguiu esconder a satisfação. Nem a gente.

Under Construction

O Blog Dogview já está no ar (http://visaodecachorro.blogspot.com). Feito para melhorar a comunicação entre colunistas e leitores, o site trará novidades sobre alguns assuntos que julgamos interessantes e/ou curiosos, além de datas de shows e complementos aos assuntos tratados aqui na coluna. Disco novo do Manu Chao em MP3? Datas dos shows do Nada Surf no Brasil? Impressões dos colunistas sobre os shows do Tim Festival? Ta lá no Blog! A atualização é praticamente diária. Bom para um momento de ócio.

Vendendo a Alma

Discos essenciais que um ouvinte de gosto apurado não pode deixar de ter na versão original. Vale até vender a alma ao diabo pra fazer uma aquisição com capinha, encarte e tudo o mais a que se tem direito.

  • Roberta Flack - Feel Like Makin Love



    Esse é "sexploitation" de primeira. Já deu pra perceber pelo título, certo? Engana-se, porém, quem pensa que o trabalho dessa diva black se resume a "fuck music". (Engana-se, também, quem pensa que Killing Me Softly é dos Fugees. Algum palpite?) Pois a cantora teve um início parecido com o de muitos outros artistas negros criados entre os anos 40 e 50. Seu pai era organista de igreja, o que facilitou o contato com a música e fez com que Roberta estivesse totalmente apta, em plena adolescência, a tocar piano profissionalmente.

    Em vez de seguir carreira e se aprimorar no instrumento, ela preferiu apostar na voz. Seu primeiro álbum, First Take (1969), não chegou a fazer sucesso quando foi lançado, assim como Chapter Two, de um ano depois, e Quiet Fire, de 1971. A notoriedade veio mesmo em 1972, quando a faixa The First Time Ever I Saw Your Face foi incluída na trilha de Perversa Paixão, longa estrelado por Clint Eastwood. A doçura sofisticada da artista, então, foi direto para a primeira posição das paradas americanas.

    É dessa época o início da parceria com Donny Hathaway, um amigo dos tempos de colégio. O trabalho conjunto rendeu, de cara, o álbum Roberta Flack & Donny Hathaway. A grande obra da dupla, entretanto, veio em 1973: o hit Killing Me Softly With His Song, que gerou um disco com o mesmo nome e levou a cantora novamente para a primeira posição dos rankings musicais dos EUA.







    Feel Like Makin Love é o trabalho seguinte. Dedicado a Quincy Jones, o disco é recheado de baladas sensuais envolvidas em arranjos finos, com direito a guitarras elétricas e acústicas, tecladinho safado, percussão e força, também, nos backing vocals. Esse aspecto torna ainda mais clara a influência feminina no processo. Composto por treze vozes, de homens e mulheres, conta com a participação de Rubina Flake - que assina a produção do disco e é responsável, ainda, pela ilustração sugestiva que estampa a capa.
  • Janes Addiction - Nothings Shocking



    O Janes Addiction é daquelas bandas que aparecem, mudam o rock e terminam em questão de meia década. Nothings Shocking é o segundo álbum do quarteto da Califórnia surgido em 1986, o primeiro completamente de estúdio e também o primeiro a sair por uma grande gravadora, a Warner.

    Lançado em 1988 e trazendo um som que mesclava Led Zeppelin com Funkadelic, Nothings Shocking é fundamental por manter a sonoridade alternativa que entraria em evidência três anos depois. Foi o ponto inicial da tomada do mainstream pelo underground. Apesar da estranheza de Perry Farrell e suas letras, a inventividade dos arranjos e as influências tradicionais tornaram-no um álbum acessível.





    Seguindo a proposta do Bad Brains e do FishBone, foi o Janes que fez com que o Red Hot Chili Peppers adicionasse mais metal ao seu funk, resultando no som que influenciou a geração de Faith no More e Mr. Bungle.



    Além disso, a sonoridade "chocante", as guitarras firmes mas cheias de wah-wah de Dave Navarro, a qualidade rara e a simplicidade das linhas de baixo de Eric A., as levadas Tony Allen do baterista Stephen Perkins ou os agudos psíquicos de Perry Farrell também foram motivos para muita molecada aprender alguns acordes e juntar os amigos em um estúdio. É possível citar artistas como Filter e Sunny Day Real Estate que, cada um ao seu modo, absorveram influências desse quarteto, acima de tudo formado por excelentes músicos.



    Prepare-se para o clima psicodélico da introdução On the Beach, a energia dos riffs de Ocean Size e Montain Song, a levada dub de Ted, just admit it, os climas P-funk de Standing in the shower...thinking e Pigs in Zen, a sutileza instrumental de Summertime Rolls, a viagem "Led Zeppelin III" da simples Jane Says, a piração incidental de Thank you boys e o funk-metal literal de Idiots Rule (que conta com os instrumentos de sopro de Christopher Dowd, Angelo Moore e Flea). Está tudo ali, uma atrás da outra.



    Destacar uma música apenas pode parecer injustiça com as demais, afinal, elas compõem o disco antecessor do consagrado Ritual de lo Habitual, de 1990, e não deixam nada a desejar. Em 1992 a banda encerrou suas atividades e cada um foi para o seu canto no universo musical. Kettle Whistle, álbum ao vivo e contendo quatro novas canções, com Flea tocando baixo, saiu em 1997. Em 2003, foi lançado Strays, inédito de cabo a rabo e que mantinha a sonoridade dos trabalhos antigos. Mas os tempos são outros e, apesar das boas composições, as músicas não surpreenderam nem mesmo os fãs mais devotos, que continuaram optando por manter o vício ouvindo os primórdios da banda.

Farejando o novo

Seção dedicada aos álbuns recém-lançados no país. Abra um espaço na prateleira para...

  • Antibalas Afrobeat Orchestra - Who is this America



    O nome é proveniente da palavra espanhola para colete à prova de balas. A orquestra conta com 14 músicos e mostra um som fortemente influenciado pelo gênio nigeriano Fela Kuti. A isso, acrescentam-se pitadas de Tito Puente, James Brown e do funk americano. Você está diante da Antibalas Afrobeat Orchestra.



    Em seu terceiro e mais aclamado álbum, Who is this America, o grupo se aventura por mais de 70 minutos (generosamente distribuídos em sete músicas) de beats africanos, grooves americanos, texturas interessantes e arranjos inventivos. A múltipla percussão, a guitarra e o teclado suingados e a suavidade dos instrumentos de sopro engrossam o caldo criativo apresentado no disco.



    Apesar dessa mistura contagiante de ritmos afro, latinos e norte-americanos remeter o ouvinte a um ambiente festivo, a Orchestra tem como ponto forte agregar temas políticos às suas canções. Pay Back Africa é um exemplo disso.



    Quem já viu ao vivo diz que o pessoal parece ter uma energia interminável. A performance pode ser conferida no segundo disco da banda, Liberation Afro Beat, vol.1, que conta com jams do grupo tanto em estúdio quanto no palco. O legal é que não fica naquela mesmice que tem sido proposta por um grande número de bandas que fazem esse "novo jazz". Who is this America surpreende e instiga a cada momento. É daqueles achados que duram meses no CD player. Quem gosta da coleção Ninja Tunes pode ir sem medo. Quem não conhece deve se preparar para o novo. Sofisticação sem firulas. E devidamente protegida.
  • The Dissociatives - The Dissociatives


    Felicidade, tristeza, loucura, depressão. De Brian Wilson a Mr. Bungle, passando por Foo Fighters e até Beatles, a música do The Dissociatives é um verdadeiro passeio por caminhos desconhecidos. Esqueça épocas, estilos, fronteiras. Algumas faixas são capazes de provocar efeitos muito reconfortantes. Outras causam sensações nem sempre muito agradáveis. Resultado dos últimos acontecimentos da vida de um de seus criadores, talvez? Quem sabe.

    Afastado do Silverchair, banda formada na Austrália alçada ao sucesso imediato após ser nomeada a sucessora do Nirvana e outros grunges, Daniel Johns passou por períodos bastante conturbados. Sofreu de anorexia, ficou um bom tempo longe da guitarra por causa de problemas nos tendões, com suspeita de uma doença degenerativa, casou, foi morar em Londres.

    Se a sonoridade da banda é uma experiência interessante para quem ouve, as dez faixas do disco homônimo lançado em abril deste ano levam a crer que deve ter sido também para quem as produziu. Durante a pausa do Silverchair, Johns montou um projeto conjunto com o DJ Paul Mac, seu amigo de infância. A dupla lançou um EP de cinco faixas por um selo próprio, o Eleven.

    Segundo entrevistas recentes com os músicos, era pra ser só um passatempo. O disquinho ­- intitulado I cant believe its not rock - foi escrito e gravado pela dupla em estúdios caseiros ao longo de um ano, mas acabou saindo quase acidentalmente, pela internet. O fim dessa história não é difícil de imaginar: o som ficou a contento e os dois acabaram fazendo um álbum de verdade, agora sob a alcunha de The Dissociatives - com direito, na seqüência, a shows com o público em polvorosa e até DVD.

    Agora, se a ligação com o Silverchair ainda te deixa na dúvida, relaxe. Baixe o disco na internet, aperte o play e pire com a batida eletrônica - porém nada óbvia - de Were Much Preferred Customers, que abre o disco. Depois é só se deixar conduzir, sem medo, por todos aqueles caminhos citados no início do texto. Não se espante se, lá pela faixa quatro (Lifting The Veil From The Braille), você se flagrar assobiando a melodia.








Procurando almas
Álbuns atemporais, que dificilmente chegarão às prateleiras em formato nacional, são tratados com toda a atenção e o carinho que merecem. Esses discos têm lugar de destaque em nossa lista do Soulseek (ou qualquer outro compartilhador de arquivos via internet). A idéia é essa: em vez de gastar R$ 80 na versão gringa, gaste R$ 2 em uma mídia gravável e monte uma trilha sonora de fazer inveja a Tarantino.

  • Jack Irons - Attention Dimension



    Jack Irons foi baterista de duas bandas cuja qualidade é incontestável: nos anos 80, ajudou a fundar o Red Hot Chili Peppers e lá ficou até o álbum Uplifit Mofo Party Plan. Nos 90, apresentou Eddie Vedder ao Pearl Jam e, após algum tempo, substituiu o baterista da banda, Dave Abruzzese, em 1995. Impossibilitado de continuar a tocar bateria regularmente, Jack Irons precisou largar o cotidiano do rock para se tratar dos problemas nos tendões, cada vez mais fortes ao longo de sua vida. No documentário Single Theory é mostrada a gravação do seu último trabalho com uma banda, em 1998. Ali, dá para ver seu sofrimento, mergulhando nos intervalos os punhos em um balde de gelo.



    Cinco anos se passaram e a música não saiu do sangue. Para satisfazer sua carência, Jack Irons adquiriu alguns aparelhos de produção e gravação, chamou alguns amigos e cometeu seu primeiro solo, Attention Dimension, uma viagem ao mundo percussivo que faz a rede para sons deitarem-se confortavelmente: estranhos sintetizadores, banjos, baixos distorcidos, saxofones, vibrafones, e outros instrumentos, prováveis ou improváveis.



    Tudo isso tocado por camaradas de responsa como os músicos de estúdio, Alain Johannes e Natasha Shneider; o senhor Primus, Les Claypool; o Chili Pepper, Flea, e o pessoal do Pearl Jam: Jeff Ament, Stone Gossard e Eddie Vedder, este cantando na insólita cover de Shine on you crazy diamond, do Pink Floyd, uma das três músicas do disco com vocal.



    O resultado é uma mistura de ritmos que remete ao jazz, à surf music instrumental dos anos 60, sons natalinos e à música tradicional oriental. Tudo isso, com exceção da última, Aquamans Eletric Band, que o baterista faz questão de ressaltar que foi gravado na raça, sem a presença de loops. A arte do álbum também é um diferencial e pode ser conferida no site oficial do músico. É daqueles discos-trilha-sonora-da-vida, que você põe no discman, sai à rua, e tudo parece se encaixar. Funciona também como relaxante: é ligar e viajar. Se persistirem os sintomas, ouça mais.



    Mais informações: www.jackirons.com

No quintal de Casa
O que há de interessante acontecendo em território nacional.

  • Durval Ferreira - Batida Diferente



    Suas composições foram gravadas pelo guitarrista Wes Montgomery, pela cantora Sarah Vaughan e pelo flautista Herbie Mann, entre outros. Na década de 50, músicos do naipe de João Donato, Tom Jobim, Eumir Deodato, Johnny Alf e Bebeto Castilho, do Tamba Trio, figuravam em sua roda de amizades. O gaitista Mauricio Einhorn, que se tornou seu parceiro, também costumava dar as caras para ouvir discos de jazz.

    Era a época da bossa, e a sonoridade que vinha daqueles vinis parecia pedir para se mesclar com o samba. A batida era, mesmo, diferente. E Sambop seria o nome da primeira composição assinada por Durval Ferreira e Mauricio Einhorn, que em 1958 foi incluída no disco Nova Geração em Ritmo de Samba, de Claudette Soares. Outra intérprete de destaque foi Leny Andrade, de cuja banda fazia parte no início dos anos 60, como guitarrista. Leny gravou várias de suas músicas, como Estamos Aí

    (com Einhorn e Regina Werneck), e Batida Diferente (com Einhorn), que mais tarde receberam dezenas de regravações.



    É justamente ela quem batiza o disco lançado em agosto deste ano, um apanhado de composições assinadas pelo violonista carioca. Todas as treze faixas são marcadas por uma deliciosa fusão de samba e jazz - tão boa que dá até pra sentir na orelha a brisa quente do Rio de Janeiro. No álbum, a cantora empresta sua voz a Nostalgia da Bossa, uma das canções mais significativas na obra do artista - que também atuou como produtor, arranjador e intérprete, sendo o quarto elemento do Tamba Trio em seus primeiros álbuns. O time de músicos que acompanha Durval Ferreira, no entanto, não pára por aí. O álbum conta com a participação inconfundível de Raul de Souza, considerado um dos maiores trombonistas do mundo.
  • Sinfonia de Cães



    Nos dias 27 e 28 de novembro acontece em São Paulo a segunda edição do festival Sinfonia de Cães. A coluna conversou com Renato Gimenez, um dos ativistas do grupo ("é uma verdadeira guerrilha cultural") que contou um pouco sobre as intenções, pensamentos e ideologias do pessoal organizador. Vale a pena conhecer!
  • Explica pra quem não entende: o que é a Sinfonia de Cães?

Inicialmente a Sinfonia de Cães era pra ser apenas um selo que agregasse novas bandas da cena independente. Mas a coisa foi crescendo e hoje somos uma massa de ativistas independentes, realizando eventos tanto nos bairros periféricos quanto no circuito alternativo paulistano, realizando festivais - como o que está pra acontecer dos dias 27 e 28 - além de lançar bandas e artistas como selo e distribuidor. É muita coisa, acho que nem a gente sabe mais, tomou vida própria...

Até agora, o que foi feito de concreto? Quem vocês lançaram? Quantos eventos já promoveram?

Estamos fazendo eventos sem parar desde que criamos a Sinfonia de Cães. Dezenas deles. Em julho deste ano realizamos o primeiro grande festival com 11 das mais conceituadas bandas da cena independente paulista. Tivemos um público de 500 pessoas e uma repercussão muito positiva em toda cena. Agora vamos realizar a segunda edição, com 22 bandas e dezenas de artistas e vídeos rolando. É uma produção grande, muita gente envolvida com arte marginal e principalmente com a música underground. É um trabalho duro, que fazemos em parceria com bandas e artistas sinceros que realmente acreditam no que fazem. Não é pela grana, é pela causa.

Quem comparecer nos dias 27 e 28 vai encontrar o quê?

Cara, são dois dias com as melhores bandas da cena atual de diversas cidades do Estado de São Paulo. Também haverá discotecagem nos dois dias, num galpão com capacidade para mil pessoas. Curtas e vídeos rolando no telão do salão, bar com lanches e drinques, dezenas de estandes vendendo os mais variados itens, performances das garotas da X-Plastic, do coletivo Radioatividade, e muita gente interessada em conhecer o que acontece no submundo artístico.

Você poderia falar um pouco sobre as bandas?

São 22 bandas das mais variadas vertentes do rock. Tem o Vain, uma guitar band de Taubaté; os mestres do La Carne de Osasco; Elegia, gothic-rock, já tocaram duas vezes em festivais na Alemanha; tem o Ludovic, grande banda paulista; o Correctivo, eletrônico experimental em português, alternativo com rock... sei lá! Tanta coisa louca experimental, inovadora. Tem rock simples também, terá um pouco de tudo do rock! Não gosto de rotular as bandas, sabe? Mas posso dizer que temos no cast desse festival as 22 bandas que mais se destacaram pela qualidade, criatividade e principalmente dedicação à causa! Você sente a alma de cada acorde, é sincero, bem diferente do que você encontra hoje na TV.

Como você vê o underground nacional hoje em dia?

A cena underground de São Paulo é engraçada. O que deveria ser uma banda underground na verdade é mais uma tentativa de entrar no mainstream, sabe? Ela não quer fazer o que quer, na verdade ela quer mais é tocar no Faustão e encostar a mão nos milhões. Como o Leela e a Pitty (risos). Sabe, a cena underground abrange muita gente em São Paulo, mas são poucas as pessoas que estão realmente produzindo coisas novas e não repetindo fórmulas já consagradas. Fora o público, que na maioria das vezes presta mais atenção nas roupas, tatuagens e atitude rocker, do que na real essência de tudo aquilo. Existem muitas farsas andando por aí. E a MTV e as rádios, que deveriam apoiar a verdadeira produção jovem nacional, na verdade aparecem mais como veículos de manipulação comercial adolescente, fazendo parecer que as bandas que não estão lá não possuem qualidade. Não temos a menor pretensão de mudar nosso modo de conduta pra nada. Lutamos por artistas com alma. É guerrilha cultural. É uma vitória cada nova pessoa que vai aos eventos.

Quem quiser se juntar ao pessoal da Sinfonia de Cães é bem-vindo? O que é preciso fazer?

Sempre por onde passamos fazemos amigos, gente que se identifica com a nossa maneira de conduzir as coisas, saca? Somos profissionais, mas também somos muito loucos. Tem gente que não acredita que aqueles caras estranhos de jaqueta de couro organizam eventos grandes e legais ou tocam em bandas boas, têm uma cultura, são politizados, sabem bem o que estão fazendo. Tem gente que acha que somos punks, headbangers, ou sei lá. Gostamos de muitas vertentes da música. Se você é sincero, curte rock e está a fim de participar, venha como você é, não faça média!

E quais são os projetos futuros?

Continuar a crescer e levar a Sinfonia de Cães para todos os lugares possíveis como uma peste infectando as cenas locais!

Recomende umas bandas pra galera aí.

Bom, sinceramente, recomendo todas as vinte duas bandas do Festival Sinfonia de Cães. Foram escolhidas a dedo! Cada uma no seu estilo, mas todas com grande talento.

É isso que você tem ouvido em casa?

Tenho ouvido muita coisa boa underground! Que ninguém dá valor, nenhum selo lança. Bandas muito boas com dez anos de estrada e nunca conseguiram atingir uma galera maior. É muito duro você fazer tudo sempre só do seu bolso. Cara, pra prensar um CDzinho num formato pobre aqui no Brasil, você gasta R$ 2.500 com burocracias e a prensa de 1000 cópias, e depois vai ter que se matar pra vender a R$ 12 cada e não tomar um prejuízo completo. Vender 1000 cópias no underground é mérito pra poucos.

Quem quiser saber mais sobre vocês, os eventos e as bandas, vai aonde?

O site do festival está no ar. É o www.post.com.br/sinfonia. Também temos um fotolog, www.fotolog.net/sinfoniadecaes2. Contatos podem ser por e-mail em sinfoniadecaes@gmail.com.

Alguma consideração final?

Faça você mesmo, pois a única coisa que cai do céu é napalm.

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Confira os destaques desta última semana

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