Música

Crítica

Bruce Springsteen em São Paulo | Crítica

Artista prova por que teve escolhido o melhor show do mundo

19.09.2013, às 20H19.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H06

Em agosto de 2013, a edição americana da revista Rolling Stone elegeu o show de Bruce Springsteen como o melhor espetáculo do mundo. Nesta quarta-feira (18), a cidade de São Paulo recebeu a primeira apresentação de Springsteen no país desde 1988. Logo após os primeiros acordes soarem no Espaço das Américas, ficou claro que a noite seria histórica.

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"The Boss", como ele é conhecido, costuma lotar grandes estádios ao redor do mundo, porém no Brasil a história é diferente; Springsteen é conhecido do grande público por aqui mais por "Streets of Philadelphia", da trilha sonora de Philadelphia, do que por seus sucessos particularmente. Antes do começo do show era possível observar uma quantidade anormal de estrangeiros no espaço - sinal da peregrinação de fãs que acompanham The Boss por onde ele passa. Na própria fila havia um aviso de que seria possível pegar uma senha, deixar a fila, e voltar para o mesmo ponto depois - uma cortesia da produção reproduzida show a show e que os fãs já conhecem e respeitam.

A apresentação começou pouco depois das 21h. Parceira de Springsteen desde a década de 1970, a E Street Band subiu ao palco primeiro. O ícone veio em seguida e, após cumprimentar a plateia, começou uma música que de nada lembrava um de seus hits: "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas.

Cantando em português, The Boss levou ao delírio os fãs que ocupavam com folga o local para oito mil pessoas. Na sequência veio "We Take Care Of Our Own", single de Wrecking Ball, 17º disco da carreira e que também dá nome à turnê. O primeiro grande sucesso apareceu em seguida com "Badlands", quando Springsteen desceu do palco e abraçou algumas senhoras que estavam na grade.

Em "Spirit In The Night", Springsteen surpreendeu a todos, sumindo pela lateral da casa e surgindo em uma plataforma entre a pista premium e a pista normal. Depois de dar um mosh no público alucinado, pegou alguns cartazes da plateia com sugestões para o setlist. As escolhidas foram: "Prove It All Night", "No Surrender", "Bobby Jean" e "Hungry Heart".

Nesta última, The Boss voltou a interagir com o público, pegando um copo de cerveja da plateia e bebendo de uma só vez. Em "She's The One" veio o momento mais inusitado na noite. Colado na grade, um jovem mostrava um cartaz em que implorava a Springsteen que lhe deixasse pedir sua namorada em casamento no palco. Desejo prontamente atendido pelo Chefe.

Springsteen ainda traria outras pessoas para participar do espetáculo. Em "Waiting On A Sunny Day", o cantor pediu a uma garotinha que lhe ajudasse no refrão. Já em "Dancing In The Dark", The Boss recriou a icônica cena do videoclipe em que dança com uma jovem Courteney Cox, chamando seis meninas e um garoto para dividir o tablado com ele.

Apesar dos 63 anos de idade, Springsteen impressiona pelo vigor físico. O astro e sua E Street Band emendavam as músicas sem tempo para descanso. Em um desses momentos, Springsteen levou o Espaço das Américas à loucura com a dobradinha "Born In The USA" e "Born To Run".

Após a clássica "Tenth Avenue Freeze-Out", o cantor iniciou outro cover muito bem recebido por todos; "Shout", do Isley Brothers, fez a noite parecer um verdadeiro baile ao estilo anos 1970. Com "This Little Light Of Mine", a E Street Band se despediu e deixou Springsteen sozinho. Tocando um violão e uma gaita, o astro cantou "This Hard Land" e deixou o palco emocionado.

Após cerca de três horas de show - os shows do Chefe costumam variar entre três e quatro horas - o comentário geral na casa era de que todos ali haviam presenciado um momento único, inesquecível. O carisma de Springsteen faz com que o público presente se sinta como parte ativa do show e não apenas meros espectadores. Maior nome do sábado (21) no Rock In Rio, The Boss deverá fazer um dos grandes shows da história do festival.

Em 2009, Bruce Springsteen foi homenageado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A introdução foi feita pelo comediante Jon Stewart, que afirmou: "Bruce não canta, ele testemunha". Para quem esteve no Espaço das Américas, certamente não resta dúvida.

Nota do Crítico
Bom

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