Música

Crítica

Cansei de Ser Sexy - La Liberación | Crítica

Banda demonstra amadurecimento ao combinar o melhor de seus trabalhos anteriores

31.08.2011, às 00H00.
Atualizada em 06.12.2016, ÀS 06H09

Ao ouvir pela primeira vez o novo álbum do Cansei de Ser Sexy, La Liberación, tem-se logo uma sensação de ânimo. A primeira faixa já estabelece o tom para as demais, e não há dúvida que este é um disco leve e dançante. É fácil mergulhar nele e se deixar levar, seja nos fones de ouvido ou na pista da balada.

Quase nove anos se passaram desde os primeiros shows em inferninhos paulistanos, a fama adquirida nos Fotologs, a EP tosca liberada para download no Trama Virtual e a constatação nítida de que ninguém ali, com a exceção do multi-instrumentista Adriano Cintra, sabia direito o que estava fazendo no palco. Já nos idos de 2004 a banda entregava um show memorável, com performances enérgicas, espontaneidade e os  figurinos estranhos de Lovefoxxx. Agora, em seu terceiro álbum, o grupo demonstra seu amadurecimento musical.

Apesar de nunca terem lançado um álbum conceitual, a temática das músicas sempre refletiu um momento específico dos integrantes. O primeiro disco, auto-intitulado, era quase um comentário social da cena underground em que estavam inseridos - as letras de "Art Bitch", "Superafim" e "Alala" são os melhores exemplos -, mas despretencioso, debochado e musicalmente cru. Donkey, de 2008, é sintomático. Já sob a alcunha de CSS e com um contrato com a Sub Pop, a banda contava sua vida em turnê - as ótimas "Left Behind" e "Beautiful Song" não mentem -, mas às vezes pesando a mão nos efeitos de produção e replicando muito obviamente suas influências.

Em La Liberación, a banda parece ter encontrado a chave para unir o que havia de melhor em cada um de seus trabalhos anteriores. Com instrumentação mais rica que em Donkey, o álbum parece combinar de maneira equilibrada a sonoridade dos artistas que lhe serviram de referência ao DNA descompromissado e divertido do Cansei de Ser Sexy.

As letras das canções passaram a ser mais reveladoras, como as histórias de amor de "I Love You" e "Hits Me Like a Rock", que abrem o disco. A terceira faixa, "City Grrrl", fala sobre os desejos e anseios que eventualmente levariam ao sucesso atual do grupo. Já o rock em espanhol de "La Liberación" é um retorno ao escracho do primeiro disco, mas agora com um pouco mais de refinamento musical.

Com menos de 40 minutos de duração, a sequência de 11 faixas roda com fluidez em uma ótima montagem do track list. La Liberación começa leve e animado em "I Love You", e segue com um pop eletrônico perfeito para as pistas. Na sétima faixa, engata um rock mais intenso, com "Partners in Crime", "Ruby Eyes" e "Rhythm to the Rebels", adiciona um refrão sexy em "Red Alert" e chuta tudo para o alto em "Fuck Everything", finalizando.

Em seu terceiro trabalho, os brasileiros do CSS demonstram que conseguiram deglutir, ao melhor estilo do movimento antropófago, todas as referências vivenciadas lá fora para criar sua própria identidade artística, mas ainda deixando espaço para muito crescimento. Que venham os próximos discos!

Ouça na íntegra o novo álbum do CSS - La Liberación

Nota do Crítico
Bom

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