Música

Crítica

Bruno Mars - Unorthodox Jukebox | Crítica

Cantor busca inspiração nos anos 80 para fazer o melhor álbum pop do ano

11.12.2012, às 12H07.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H50

A ascenção da música eletrônica e do hip-hop fez com que o pop clássico fosse sublimado da cena musical. Com o intuito de agradar o maior número de pessoas possível, os cantores apelam para samples, quase sempre com a participação de algum rapper ou DJ. Este ano, ao menos, este estilo tem um representante digno de seus melhores tempos. Inspirado nos grandes nomes da década de 80, Bruno Mars consegue resgatar a essência do gênero em seu novo disco, Unorthodox Jukebox.

A colaboração de Mark Ronson, ex-produtor de Amy Winehouse, foi um dos grandes trunfos de Mars para poder acertar na escolha das dez faixas. Com um senso retrô afiado, o empresário soube focar o talento do cantor em músicas que exaltam sua voz quase sempre em falsete. Além disso, boa parte das composições têm um som com uma pegada mais analógica, longe das batidas eletrônicas e super limpas, tão comuns nos discos pops atuais.

A inspiração em nomes como Michael Jackson, The Police e Prince não são apenas uma referência que o cantor faz desde a produção do álbum. Ao escutar "Locked Out of Heaven", é como se estivesse ouvindo uma grande homenagem ao pop rock de Sting e Cia - e melhor, de uma maneira atual e muito bem feita. Em "Moonshine", um dos melhores exemplares do disco, Mars abusa da modificação na voz - como fez Lionel Richie, por exemplo - e mistura uma bateria seca com leves sintetizadores, que de imediato lembram alguns hits de Prince.

Ainda assim, o grande acerto de Jukebox não está nestas homenagens indiretas. Ao resgatar um som clássico e incluir breves e suaves toques de hip-hop, Mars faz um pop contemporâneo sem se entregar a outros estilos. "Natalie" é um R&B remodelado em alto nível, cheio de frases cortantes ditas por uma voz inspirada e contagiante. Algo parecido acontece em "Treasure", ainda que seja mais voltado para o soul e o dance dos anos 70. Ambas as faixas mostram a melodia que o cantor já havia revelado em Doo - Wops & Hooligans, seu primeiro disco, mas levam isso a um novo patamar, em que a afinação se une a um ritmo perfeito para o estilo de voz do havaiano.

Tal qual um bom exemplar pop, Unorthodox Jukebox traz baladas interessantes. Ao lado de "Young Girls", "When I Was Your Man" é uma das poucas músicas lentas do álbum. As duas seguem o padrão de qualidade das música supracitadas, mas denotam um caráter mais biográfico de Mars, que ao tocar o piano de "When I Was...", faz uma das melhores performances vocais do disco - sem economizar nos suspiros e trejeitos na voz. Mesmo que não atrapalhe o desenvolvimento do álbum, faixas como "Gorilla" e "Money Mokes Her Smile" fazem o nível cair ao dar preferência a combinação de batidas aceleradas com letras fracas. E diferente do que fez na estreia, Mars erra ao enveredar para o reggae em "Show Me", música que não tem metade da simpatia do pseudo reggae "The Lazy Song".

A segunda investida da carreira de Bruno Mars é uma das melhores surpresas do ano. Unorthodox Jukebox é uma clara e ótima homenagem ao pop oitentista. E ainda que faça referência a ritmos que um dia dominaram o mundo, seu maior desafio pode estar em agradar à nova geração, que preza por um hip-hop eletrônico e frenético sem que, necessariamente, isso tenha alguma qualidade.

Nota do Crítico
Bom

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