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Erasure em São Paulo 2011

Andy Bell e Vince Clarke levam fãs ao passado em show cheio de hits

10.08.2011, às 16H24.
Atualizada em 19.11.2016, ÀS 06H08

Quase 15 anos depois de sua última visita ao Brasil, em 1997, com a Cowboy Tour, o Erasure volta ao país com a Total Pop Tour, celebrando seus 24 anos de sucessos. O duo formado por Andy Bell e Vince Clarke se apresentou no Credicard Hall nesta terça-feira, 9 de agosto, e estava nítido que quem compareceu ao show tinha um objetivo em mente: relembrar os bons momentos de suas vidas, que tiveram como trilha sonora o som dos britânicos.

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Por volta de 22h, Bell e Clarke subiram ao palco, com figurinos que estampavam suas personalidades. Enquanto Vince ficou em segundo plano durante todo o show, vestindo um terno vermelho mais discreto, a “tia” Andy começou a noite com um extravagante blazer de brilhos vermelhos e óculos dourados, que só alguém como ele teria compostura para sustentar. E assim a dupla tocou a primeira música da noite, “Hideaway”.

O blazer, no entanto, foi só para uma entrada triunfal, Bell tirou o casaco logo na segunda música e, ao tentar dizer algumas palavras (provavelmente em português) que ninguém entendeu, seguiram com dois singles do começo da década de 1990, “Breath of Life” e “Fingers & Thumbs”. Em seguida, o vocalista agradece a presença dos brasileiros e diminui o ritmo em “Heavenly Action”, que foi a segunda música de trabalho na carreira do Erasure, em 1985, com seu refrão simples, mas que não me saiu da cabeça até agora.

Se alguém duvidava da capacidade dos cinquentões, “Always” provou que Andy Bell ainda segura facilmente notas longas, sejam agudas ou graves, em uma afinação de dar inveja na grande maioria dos artistas de 20 e poucos anos, e em “Push Me Shove Me” mostrou que não lhe falta vigor. Outro destaque foram os passinhos de dança, divertidos e enérgicos, que acompanharam toda a carreira de Bell - e foram tão repetidos nas pistas do todo o mundo, durante décadas - executados por seu criador original, ali diante dos nossos olhos.

Depois de uma pausa para um chá, como todo bom britânico (sério!) veio a primeira música que realmente fez o público delirar. Quando a baladinha “Ship of Fools” ecoou pelo Credicard Hall, milhares de vozes cantaram em uníssono o refrão “Ooohh oohh do we not sail on a ship of fools?”.

Mostrando que já tem muito tempo de estrada, o Erasure vai e volta no tempo em um piscar de olhos durante o setlist. De 1987 veio “Victim of Love”, na sequência pularam quase 20 anos na sua discografia e foram parar em 2005, em um momento intimista do show, com “Breathe”. E antes que conseguíssemos respirar, estávamos novamente em 1988, amarrados em “Chains of Love”. E foi lá da década de 80 que veio outro ápice do show, quando o vocalista anunciou: “a próxima música vem de muito tempo atrás”. Ele estava falando especificamente de “Sometimes”, o primeiro hit de expressão do Erasure, que os colocou no mapa musical britânico e, consequentemente, mundial. Será que nessa época Vince Clarke já imaginava que os synths de seu teclado se tornariam a marca registrada de uma década e continuariam sendo celebrados no século seguinte?

O show toma um ar mais sério por alguns minutos com “Drama!” e a nova balada “Save Me”, que será lançada no próximo álbum da dupla, chamado Tomorrow’s World, que sai em outubro desse ano. Em seguida, Bell vai para o fundo do palco pela primeira vez e divide a atenção na música com suas duas backing vocals - duas cantoras negras lindas e afinadíssimas -, que não decepcionaram em momento nenhum do show e que só complementaram a voz do astro da noite.

Não demora para o clima leve voltar a tomar conta do palco, e só se ouvia a letra da música "Love To Hate You", sendo repetida como um hino pelo exército de fãs, empolgação que continuou em “Blue Savannah”.

Graças à escolha muito inteligente do setlist, só percebemos como o synth pop do teclado de Clarke pode ser alucinante quando ouvimos em sequência “Knocking On Your Door”, “Who Needs Love Like That” e “Chorus”, estrategicamente alinhadas para aumentar a adrenalida para as duas últimas músicas da noite, aquelas que qualquer fã de Erasure espera ouvir em um show.

Primeiro veio a balada das baladas,“Oh L’amour”. Neste momento, ficou claro o potencial de "portal para o passado" que a turnê Total Pop tem, fazendo os fãs relembrar alguns de seus melhores momentos, que ficaram na memória. Enquanto Andy Bell cantava “mon amour, what’s a boy in love supposed to do”, só com um foco de luz em si e o resto do palco apagado, olhei em volta e vi casais e mais casais celebrando a música com um beijo ou um abraço apertado - provavelmente muitos daqueles casais foram formados ao som daquela música no (hoje extinto) toca-fitas do carro.

Terminando a noite, qual música do Erasure poderia encerrar um show de hits se não “A Little Respect”? Da mensagem à melodia, a faixa foi a escolha perfeita para resumir uma noite que celebrou os bons momentos que os anos 80 e 90 ofereceram.

Andy Bell e Vince Clarke saíram por uns poucos minutos, mas rapidamente voltaram para o bis com “Stop!”. Os dois músicos e as backing vocals agraderam a plateia, depois de 21 músicas, e se retiraram do palco. Durante 90 minutos, algumas milhares de pessoas esqueceram do presente, pararam de pensar no futuro e reviveram alguma boa lembrança do passado ouvindo alguns dos mais de 30 hits das quase três décadas de carreira do Erasure.

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