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Guns N Roses em BH

E quem comandou a noite foi Sebastian Bach

16.03.2010, às 21H01.
Atualizada em 29.11.2016, ÀS 18H03

Há cerca de três anos, Belo Horizonte entrou de vez no circuito das grandes turnês que, nas décadas passadas, era restrito apenas a São Paulo e Rio de Janeiro. Depois da passagem do Iron Maiden pela capital mineira em 2009, nada mais natural que a nova formação do Guns N Roses – ou deveria dizer a banda solo de Axl Rose? – viesse à capital mineira em sua nova turnê pelo país. A noite prometia muito, não só pela possibilidade dos fãs locais conferirem, pela primeira vez, um dos maiores ícones do hard rock da década de 1980, como também pelo fato de o show de abertura ter ficado por conta de Sebastian Bach, ex-vocalista do Skid Row, outra das grandes bandas de hard dessa mesma década.

A noite, no entanto, começou com a banda mineira Uberro. Confesso que não tenho muito o que dizer a respeito deles já que, quando cheguei ao Mineirinho, a apresentação já estava pela metade. Pelo que pude ver, no entanto, a banda foi uma escolha equivocada, já que faz um pop rock cantado em português cheio de clichês e músicas com frases feitas, ou seja, nada digno de nota.

Guns N Roses

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Cerca de meia hora depois, Sebastian Bach e sua banda entraram no palco com dois objetivos em mente: deixar o público em “ponto de bala” para o GNR e – pode nem parecer, dado o setlist – divulgar seu segundo álbum, o bom Angel Down, de 2007. Sebastian Bach ainda é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes frontmen do rock. O cara sabe exatamente o que seu público quer e não se importa nem um pouco de lhe dar exatamente isso. Se as quase 15 mil pessoas presentes no Mineirinho queriam escutar muito mais os sucessos de sua ex-banda do que seu trabalho atual, então é isso que eles receberam. Bach subiu no palco botando fogo no público, executando a pesada “Slave to the Grind”, faixa título do segundo álbum do Skid Row. Nem precisou terminar a primeira música de seu show para todos verem que o cantor e sua nova banda haviam ganhado o público e dali em diante a coisa só tenderia a melhorar.

Carismático e espontâneo como poucos Bach mostra uma alegria legítima de estar em cima do palco fazendo o que mais gosta. Durante os 60 e poucos minutos da sua apresentação, ele teve o público na palma da mão, incentivando-o, animando-o e mesmo interagindo com ele arriscando algumas frases em português, o que sempre conta pontos. Sua banda, também competente, executou um setlist bastante equilibrado, ainda que, das 14 músicas 9 fossem do catálogo do Skid Row. Desnecessário dizer que músicas como “I Remember You” e “18 and Life” foram cantadas em uníssono pelo público ali presente, assim como a surpresa “In a Darkened Room”, que não havia sido tocada em Brasília, cidade na qual a turnê conjunta foi aberta. “Youth Gone Wild” encerrou uma apresentação praticamente perfeita do ex-Skid Row e, sinceramente, acabou mostrando-se um show mais energético, natural e, como dito acima, espontâneo do que a atração principal, que viria a seguir.

A montagem do palco foi rápida e cerca de meia hora depois do show anterior, o novo Guns N Roses estava pronto. Apesar da resistência da maioria da mídia com a banda, especialmente com seu “dono”, o fato é que, em cima do palco, por mais que queiramos dizer o contrário, o grupo é extremamente competente. Eles não são muito espontâneos, seus membros pouco se comunicam com o público e Axl parece mais preocupado em trocar de roupa do que extrair alguma reação da multidão que o assiste. Apesar disso e do excesso de pirotecnia, a banda sabe como agradar a sua platéia, no que diz respeito ao setlist escolhido. Pode se dizer, então, que, assim como no show de Sebastian Bach, o GNR também soube equilibrar seu setlist, variando canções do Chinese Democracy com seus grandes clássicos.

A apresentação foi aberta com “Chinese Democracy” que, assim como o álbum ao qual dá nome, foi recebida de maneira, no mínimo, morna pelo público. “Welcome to the Jungle”, “It’s so Easy” e “Mr. Brownstone” foi o primeiro trio de clássicos tocados naquela noite e, aí sim, o público realmente entrou no clima do show, cujo ápice, como não podia deixar de ser, foi “Sweet Child O’ Mine”, cantada em uníssono pelo público de maneira a abafar a voz de Axl que, ao contrário do que muitos dizem, não está tão ruim assim. Não é a mesma voz de vinte anos atrás, mas poucos são os vocalistas que conseguem manter – ou mesmo melhorar – sua performance após tanto tempo de estrada.

Além das pirotecnias, o excesso de solos também marcou o show do GNR. Foram nada menos do que cinco solos, que variaram dos agradáveis aos sonolentos. Os números dos guitarristas DJ Ashba, Richard Fortus e Bumblefoot foram mais músicas instrumentais com a presença de toda a banda tocando no palco, do que solos propriamente ditos.

Foram quase duas horas de um show que variou momentos bons com ruins. Mas, no frigir dos ovos, a apresentação do GNR em Belo Horizonte foi, dentro de todas as restrições e desconfianças relacionadas a essa formação da banda, aquilo que a maioria dos fãs queria e esperava. No entanto, não há dúvidas de que o que tornou a noite memorável foi Sebastian Bach.

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