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"Música eletrônica é o novo rock", diz DJ brasileiro

Profissionais da área não se surpreendem com sucesso do gênero no país e apontam crescimento exponencial nos próximos anos

17.09.2014, às 18H57.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 21H00

Apesar de surpreender alguns, a venda dos 180 mil ingressos do Tomorrowland em menos de três horas não impressionou os profissionais da música eletrônica no país. Visto como o maior nome brasileiro do gênero lá fora, o DJ e produtor FTampa compara o fênomeno desse tipo de som ao rock. "Antes as pessoas queriam ir aos festivais de rock e hoje as pessoas querem ir pros festivais de música eletrônica. A cena sempre é feita por jovens, e os jovens de agora escolheram o estilo como opção principal", analisa o DJ que tem músicas lançadas pelo selo do número 1 do mundo, o holandês Hardwell.

Um dos organizadores do maior encontro de música eletrônica da América Latina, o Rio Music Conference, Leo Janeiro, acha que o país é um fator priomordial para o sucesso do gênero nos últimos anos. "O Brasil está há algum tempo nesta rota de grandes eventos. Creio que o fato de sermos um país de dimensões continentais acaba despertando esta vocação natural", afirma o também DJ e produtor musical.

A chegada da Tomorrowland é apenas mais um grande evento que o país recebe há algum tempo como a Sensation, o Ultra Music Festival, Creamfields, entre outros. Para o DJ, Viktor Mora, não é de hoje que as turnês dos maiores nomes da cena estão por aqui. "Pelo menos uma ou duas vezes por ano, todos os grandes nomes da música eletrônica estão vindo para o nosso país. Eles adoram a vibe que tem o povo brasileiro. É unica", diz Mora.

Para reforçar a tese da popularidade, o DJ Bruno Barudi acredita que a música pop ajudou, consideravelmente, a ascensão da e-music no mundo e, por consequência, no Brasil. "Na minha opinião ela [música pop] é a entrada para o público na música eletrônica. Conforme o tempo passa, eles vão aprimorando seus gostos e encontrando a vertente da e-music que mais lhe agradam", opina Barudi.

Os festivais brasileiros

Até que ponto a chegada do Tomorrowland ajuda ou atrapalha na construção da cena nacional? Qual seria o impacto sobre os grandes festivais brasileiros como, por exemplo, Dream Valley e XXXperience? Para os especialistas, a novidade é mais do que bem-vinda.

"Tenho certeza que não (atrapalha), acredito que devem ganhar mais espaço. Principalmente pela elevação de nível dos festivais (nacionais)", ressalta Barudi. "Quanto maiores os festivais, melhor. São em épocas diferentes do ano. A cena cresceu e a tendência é trazer cada vez mais novos seguidores", comemora FTampa. "Nos últimos anos temos visto a preocupação dos organizadores em prestar um serviço à altura do que o público quer, a demanda faz a qualidade subir e não cair", acrescenta Leo Janeiro.

E engana-se quem pensa que apenas o lado "mainstream" da música eletrônica tem marcado crescimento no Brasil. Os adeptos da cena "undergroud" também tem obtido resultados grandiosos. "No Warung Day Festival, por exemplo, não foi escalado nenhum dos artistas que são grandes conhecidos do público do Tomorrowland, e nem por isto ele deixou de levar quase 10 mil pessoas para sua primeira edição em Maio, em Curitiba", lembra Janeiro.

O Rock in Rio e a música eletrônica

Recentemente, o maior festival de música brasileiro, o Rock in Rio, teve 50% do controle vendido para a empresa americana SFX Entertainment. Os 150 milhões de reais investidos deram frutos ao evento de Roberto Medina. Afinal, foi anunciado uma edição em Las Vegas do evento em 2015. Mas o que isso tem a ver com a música eletrônica?

Robert FX Sillerman, empresário americano bilionário e CEO da SFX Entertainment, é um declarado admirador do gênero. A empresa dele  adquiriu os maiores eventos de e-music dos Estados Unidos e do mundo. A ID&T, empresa responsável por Tomorrowland, Sensation, Mysteryland, entre outros, teve 75% da fatia comprada por ele.

E não para por aí. Eventos como o Electric Zoo, um dos maiores da América do Norte, e Stereosonic, sediado na Austrália, também estão na carteira da empresa norte-americana. O Beatport, maior loja virtual de música eletrônica, foi comprada em 2013 por mais de 50 milhões de dólares. O empresário deixou claro que, além do investimento na internacionalização do RiR, quer abrir as portas para a EDM no festival brasileiro. Não seria surpresa a próxima edição dar mais atenção ao estilo ou, quem sabe, um dia dedicado a ele.

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