Michael Bublé em São Paulo | Crítica

Ao olhar o setlist de Michael Bublé, é de se espantar a quantidade de covers. O cantor canadense é famoso por ser um bom intérprete dos clássicos standards americanos, mas no palco ele estende essa habilidade para hits pop como "Get Lucky" e "Happy". Seria comum achar um show com essa configuração pobre artisticamente, porém Bublé compensa a falta de músicas próprias com uma presença de palco incomum, impulsionada por uma voz potente, que passeia por qualquer gênero musical sem problemas.

Entre as versões mais famosas estão "Fever" (tocada na abertura), "I Got The World On A String", "Feeling Good" e "Cry Me A River"- todas gravadas por Bublé em seus discos e cantadas em alto e bom som pelo público presente. As canções mais esperadas, porém, eram as do próprio Bublé. Quando entoou "Haven't Met You Yet", "Everything" e a que encerra a apresentação antes do bis, "Beautiful Day", ficou claro quais as mais queridas da plateia. E não soava como surpresa, pois bastava uma introdução mais pop e o público se levantava. A preferência do gênero musical estava clara.

A mistura no show de Bublé não se atém apenas a esses dois estilos. A banda que o acompanha se divide em três grupos, sempre excelentes. Destaque para a parte de metal, que surpreende com arranjos inovadores para faixas clássicas como "Cry Me A River". O palco também conversa bem com a essa proposta de diversidade, pois os telões em alta definição exibiam imagens que traziam elegância à momentos mais íntimos; em outras oportunidades ele levantava Bublé a quase 10 metros, tal qual um astro pop faria em um mega show.

Bublé conversa com o público como se estivesse falando com uma pretendente. Entre uma música e outra conta piadas e faz agrados às fãs mais histéricas. Essa simpatia pode soar exagerada e artificial aos menos afeitos ao estilo de som do cantor, mas, no fim das contas, não há por quê isso. Além de cumprir o papel de galanteador, ele entrega uma performance musical de primeira qualidade. O belo encerramento, quando dispensa todos os instrumentos e até o microfone para cantar "Song For You", parece até uma resposta aos que possam pensar dessa maneira.