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Miley Cyrus agita show mesmo sem cenário da turnê

A cantora se apresentou em São Paulo com uma estrutura mais simples que de costume e agradou os fãs

27.09.2014, às 15H58.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 02H04

Nessa sexta-feira, 26 de setembro, Miley Cyrus se apresentou na Arena Anhembi, em São Paulo. Com capacidade para 35 mil pessoas, o show recebeu apenas cerca de 20 mil. Bangerz, a atual turnê da cantora, chegou ao Brasil incompleta. A produção não trouxe o famoso escorregador de língua, o cachorro quente voador e outros adereços extravagantes.

Miley Cyrus

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Como a arena não estava lotada, mesmo quem chegou em cima da hora conseguiu um bom lugar. Ainda assim, teve quem quis garantir lugar esperando na fila desde cedo. Uma caravana de fãs de 13 a 15 anos contou que estavam em frente à arena desde as 10h da manhã.

Gabrielle Fuster, 21, demonstra certa preocupação pelo show não ter a estrutura completa da turnê: "é um desafio. A gente vai ver se ela consegue manter um show sem todos os artifícios que ela tem normalmente". Fã de Miley há bastante tempo, ela conta que preferia a cantora antes da sua mudança radical. Miley causa polêmica e mesmo seus fãs de longa data tem críticas sobre seu comportamento. Felipe Fernandes, 23, diz que "ela está passando uma imagem muito cansativa, é muito do mesmo" e Lais Castro, 21, complementa: "ela está no efeito Lady Gaga. Ela está tão pedante que as pessoas enjoam dela e ficam com preconceito".

Mesmo com opiniões diferentes acerca do comportamento da cantora, os amigos não perdem a oportunidade de ir a um show. Quem resume essa questão é Mariana Angerami, 13, dizendo "o amor continua o mesmo". Já outros fãs, assim como Victor Batista, 21, contam que gostam muito mais dela agora, mais ousada.

Antes de começar o show, a cada pausa da playlist do DJ, os fãs gritavam acreditando que seria a tão esperada entrada da cantora. Dentro do horário previsto, se acende o grande telão por detrás do palco (único luxo do show) e entra uma cortina de papel celofane de trás de qual sai Miley Cyrus.  De costas para o público, ela entra fazendo seu twerk para a felicidade da galera.

O Show

Na abertura, Miley chega com suas roupas cavada, casaquinhos muito felpudos e de ombros largos, barriga de fora, gliter, dançarinos fantasiados de bichos de pelúcia imensos e um telão com desenhos atrás. Por um momento, aquela imagem me remeteu aos domingos da minha infância assistindo Planeta Xuxa. Essa impressão logo passa. Ao invés das paquitas, entram sua trupe de dançarinas que incluem Amazon Ashley, um mulherão imenso de dois metros de altura e Little Britney, a dançarina anã de Miley.

Se ainda havia dúvidas, ficou claro que Miley Cyrus segura bem o público sem seu cachorro quente voador. Com um palco não muito grande e uma estrutura simples, ela prova que é mais do que uma artista que entretêm porque choca e diverte com suas maluquices. Ela canta sem playback, sem autotune e com uma ótima banda por trás.

Ao conversar com o público, Miley não tenta fazer o clichê de cumprimentar o público em português e nem declara amor eterno ao fãs. Usando no mínimo três "fucks" por frase, ela agradece ao público e introduz suas músicas. A cantora atende um garoto que pede a ela para dedicar uma canção ao seu falecido cachorro. Com toda sua irreverência ela pergunta o nome do cão e fala: "não estou escutando porra nenhuma, mas vamos cantar pra ele".

Miley sendo Miley

Em uma outra interação bastante simbólica com o público, Miley toma um bom gole de água e cospe a nos enlouquecidos fãs da grade, que se sentem privilegiados pela bênção de uma gota da saliva da Santa Cyrus.

O telão é uma atração a parte. As imagens psicodélicas misturadas com o estilo pop art não param de se formar e transformar. Se vê uma Miley Cirus ao estilo Vênus de Milo, só que com suas partes íntimas cobertas por imagens de feijão. Os vídeos misturam comidas e brinquedos com loucuras e referências a sexo e, por vezes, a drogas.

As trocas de roupas foram comedidas e não atrapalharam a fluência da setlist. Miley pegava os presentes jogados ao palco pelos fãs e já os vestia sem parar de cantar. Eram camisetas, óculos em formato de seios, pênis, colares e etc.

Na música "Drive", Miley faz uma versão mais melancólica e, durante a performance, pega um pênis de pelúcia atirado dado por um fã e canta as lamentações do coração enquanto segura o falo em frente ao quadril.

Os pais que acompanham suas crianças de 12, 13 anos, passam boa parte do show tentando disfarçar a cara de choque diante das performances que incluem tapas na bunda, simulações de masturbação, puxadas na calcinha do maiô, reboladas e lambidas.

Músicas e Covers

Fechando os olhos, é possível escutar a cantora fazendo uma versão da música de Etta Jame, "I'll Take Care of You" e, ainda que não seja a melhor versão, não é de causar desgosto aos ouvidos de ninguém. Ao abrir de novo os olhos, você se lembra de que está num show da polêmica Miley Cyrus, e que até as mais profundas letras podem ser interpretadas com um consolo mole de sexshop.

A ex-Hanna Montanna honra suas raízes country herdadas do pai Billy Ray Cyrus quando faz um cover muito bem feito de "Jolene", canção de Dolly Parton, que inclusive foi madrinha de Miley no começo de sua carreira. A canção "23" de Mike Will Made-It é um dos pontos altos do show. Ao estilo jazz, Miley mostra o melhor de sua voz e a qualidade da banda se destaca.

O público vai à loucura no final do show quando ela finalmente canta os grandes sucessos esperados: "We Can’t Stop" e "Wrecking Ball". Depois de se despedir, a cantora volta pra dar o gostinho de mais uma música ao público com "Party in the USA".

Renan Costa, 17, conta que curtiu muito o show, elogiou os covers, sua performance em "On My Own" e toda a excentricidade de Miley. Ele apenas se lamenta que o show passou muito rápido.

Referências e Influências

Miley já é uma das maiores referências pop da atualidade e, sem dúvida, influencia crianças e adolescentes por todo o mundo. De certa maneira, os fãs separam a pessoa que ela é da pessoa que eles querem ser.

Quase todo o público se veste com alguma referência a cantora. Uma camiseta, o cabelo enroladinho em coques, a cintura alta e a barriga de fora, camiseta do Chicago Bulls com o Cyrus estampado atrás e etc. Mas muitas meninas relataram que gostam da Miley de hoje, no entanto se identificavam mais com a de antes.

Ficou claro que as fãs no geral não estão dispostas a fazer de tudo pra ser como ela. Em frente a arena, um caminhão preparado como um salão de cabeleireiro estava a disposição de quem quisesse fazer o corte de cabelo da Miley gratuitamente. Das garotas mais novas às mais velhas, quase todas disseram não ter coragem de fazê-lo. "Nem se minha mãe deixasse", fala Mariana. Só uma se manifestou dizendo "eu cortaria! Mas só se eu fosse branquela e loira que nem ela".

A cantora pode chocar e trazer elementos um tanto quanto questionáveis. Antes de começar o show, Marcela Morrone, 13, que fora ao show acompanhada pela prima, contou que queria ver a anã dançarina da Miley. Sobre esse assunto, fica a dúvida: será que a dançarina Little Britney está lá pra representar a diversidade ou simplesmente pra ser mais um dos "acessórios bizarros"?

Polêmicas e questionamentos a parte, de certa forma, Miley Cyrus subverte o padrão de garota ideal em todos os sentidos. Apesar de chocar os pais, talvez, essa postura despreocupada e rebelde dê um pouco mais de liberdade as garotas. Elas, que sempre viram rappers e cantores ostentarem suas bolas dentro das calças, agora veem que uma garota também possam se orgulhar daquilo que tem no meio das pernas e segurar um pinto de borracha sem muitos tabus enquanto canta letras sobre amor.

Quase no final do show, a cantora deixa um recado para o público: "eu costumo zoar muito por aí, mas no final, o que realmente importa é o amor". Claro, na versão original falada por Miley, havia alguns palavrões a mais no meio da mensagem.

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