Ao contrário dos trabalhos anteriores de Björk - Medulla, de 2004, e Vespertine, de 2001 - Volta, seu lançamento mais recente, é um disco extrovertido, cheio de metais, fortes batidas, canções obscuras e vocais profundamente emocionais.
Um dos motivos desta mudança é a presença do produtor Timbaland. Não é preciso muito esforço para reconhecer seus toques nas duas faixas mais animadas e dançantes do álbum - "Earth Intruders", que abre o disco e é também o primeiro single, e "Innocence". O lado positivo desta parceria é a iminente transformação das faixas em hits radiofônicos, algo difícil de se ver na carreira da cantora islandesa. Por outro lado, a influência do produtor é tão forte que se tivéssemos os vocais de uma Nelly Furtado em vez da Björk, o resultado seria quase o mesmo.
Quem também dá um toque especial ao disco são os metais. "Vertebrae by Vertebrae" e "Pneumonia" são bons exemplos. A primeira remete a trilhas sonoras dos filmes dos anos 50 enquanto a segunda lembra "Isobel", do disco Post.
Já a faixa "Dull Flame of Desire" marca a colaboração de Björk com o cantor inglês Antony Hegarty, do grupo nova-iorquino Antony and the Johnsons. Uma linda canção, cuja letra foi tirada de uma tradução do poema de Fyodor Tyutchev. Uma sensacional declaração de amor.
O clima étnico impera nas faixas "I See Who You Are" e "Hope", graças a instrumentos característicos como o pípá (um instrumento de cordas muito utilizado no Japão, China e Coréia) e o kora (um instrumento de cordas africano).
E não poderia ficar de fora a Björk contestadora, que incita a independência e clama por justiça no manifesto "Declare Independence", a canção mais pesada do disco.
Apesar da pasteurização na produção de Timbaland, Volta é um disco que ainda deixa muito claro que Björk faz o que quer em seus trabalhos, experimenta muito e ainda consegue deixar sua marca. Um bom disco. Uma boa "volta".