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Notícia

Black Eyed Peas em São Paulo 2010

Um exagero pop

05.11.2010, às 10H44.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H10

"Tocamos no Brasil pela última vez em 2005 e desde então este país cresceu muito, vocês vão sediar a Copa do Mundo. É o meu país favorito, ano que vem vou comprar uma casa no Rio de Janeiro e um apartamento em São Paulo", declarou Will.i.am ao público que esteve ontem à noite no Estádio do Murumbi, em São Paulo, para conferir o show de sua banda, o Black Eyed Peas. Dá para levar a sério as palavras do vocalista, não só por que ele já se declarou fã de Jorge Ben Jor e Tom Jobim em outras ocasiões, mas principalmente porque eles encerraram em São Paulo uma turnê brasileira que incluiu outras oito cidades (Salvador, Fortaleza, Recife, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Florianópolis e Belo Horizonte), algo raro de acontecer até com bandas internacionais menos prestigiadas. A The E.N.D. Tour, que promove o quinto álbum do quarteto liderado pelo próprio Will.i.am e pela cantora e atriz Fergie, tem números impressionantes: são mais de 50 toneladas de equipamentos, um time de mais de 120 pessoas trabalhando, 300 mil watts de potência de som e 260 mil watts de iluminação.

O que os californianos mostraram aos paulistas foi que sabem fazer um bom espetáculo pop e provaram por que são hoje uma das bandas mais importantes dentro deste estilo. O show começou com a faixa "Let's Get Started", fazendo o público presente de 60 mil pessoas pular empolgado. Literalmente nenhum hit da carreira da banda foi esquecido, dentre eles faixas que tocaram exaustivamente como "Pump It", "Don't Phunk With My Heart", "Don't Lie", "Where's The Love" e a nova "Imma Be", do álbum The E.N.D.. Durante a música "Hey Mama", um grupo de passistas de escola de samba entrou no palco enquanto a faixa era mixada com "Mas Que Nada" (faixa do disco "Elephunk" que conta com a participação do brasileiro Sergio Mendes). Mas nenhuma passista ofuscou a rebolativa Fergie, que pode gritar mais do que cantar, mas soube explorar seus atributos físicos usando figurinos brilhosos e colantes, para delírio dos (muitos) marmanjos. E, por sua vez, Fergie não ofusca nenhum integrante da banda e isto é um ponto positivo que o Black Eyed Peas tem e mostrou ao vivo. Mesmo que ela e Will.i.am sejam bem sucedidos em seus projetos paralelos, quando os quatro se apresentam juntos, brilham da mesma forma e agradam os fãs.

Black Eyed Peas

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Isto fica evidente quando cada integrante entra sozinho no palco para uma performance. Apl.de.Ap canta "Bebop/Mare" acompanhado de um grupo de dançarinas, Taboo anima a platéia ao fazer um dueto virtual com o cantor colombiano Juanes (que é mostrado apenas no telão), Fergie canta três músicas de sua carreira solo (incluindo o sucesso "Big Girls Don't Cry") e Will.i.am força a barra ao explorar seu lado DJ vestido de robô e mixando músicas produzidas por ele como, pasmem, "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, "Otherside", do Red Hot Chili Peppers e até "Thriller", de Michael Jackson. Mas não é apenas neste confuso mix que Will.i.am, um dos produtores mais reconhecidos da música pop atual, exagera. A intenção de demonstrar tanto amor pelo Brasil ficou over depois das incontáveis vezes em que ele trocou versos de músicas para encaixar as palavras "São Paulo", "menina" e "linda". Outras pérolas ditas por ele foram "toda gente aqui é sangue bom" e "falo verdade, não mentira". Simpático, até demais.

O espetáculo de luzes, telões gigantes com imagens cuidadosamente pensadas e coreografias ensaiadas terminou depois de duas horas com uma das faixas que mais tocou em 2010: "I Gotta Feeling", com direito a chuva de papel picado. O show não traz novidades artísticas: o conceito foi claramente inspirado na banda alemã de música eletrônica Kraftwerk (e isso já foi comprovado no videoclipe de "Boom Boom Pow", que é uma cópia de "Boing Boom Tschak"), assim como Madonna já usou em suas turnês o artifício de explorar os telões entre blocos de músicas (aquele momento "troca de roupa") e até os Backstreet Boys tinham momentos individuais no palco. O saldo final pode não ser inovador e até um pouco brega, mas é divertido e muto bem executado. E não é isto que vale na música pop?

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