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Foo Fighters em São Paulo | Crítica

Banda faz show completo e comprova maturidade musical

24.01.2015, às 17H51.

Minutos após subir no palco do Morumbi, Dave Grohl parou para conversar com a plateia e perguntou quem havia assistido a um show do Foo Fighters ao vivo. Muita gritaria. Em seguida, perguntou quem estava ali pela primeira vez e viu muitas pessoas levantarem as mãos. Imediatamente o cantor escolheu alguém encostado na grade para fazer uma promessa em tom jocoso: "garanto que faremos um bom show. Só para você, tudo bem?", disse.

Ao final das quase três horas de apresentação, ele voltou a chamar o fã escolhido e perguntou se aquilo estava bom para ele. Não há como saber quem era o sujeito, nem se ele existia, claro. Ainda assim, é improvável qualquer uma das 55 mil pessoas ter saído insatisfeita. O Foo Fighters comprovou que é uma das maiores bandas de rock da atualidade com um show que faz até os caríssimos ingressos valerem a pena.

Por que o rock precisa do Foo Fighters

O início não foi dos melhores. Além de cair no palco de bunda no chão, Grohl e Cia optaram por abrir com "Something From Nohing". Não é a pior das músicas do disco que dá nome à atual turnê, Sonic Highways, mas não é a ideal para empolgar. O som também estava baixo, tanto os intrumentos quanto o vocal - e se dava para perceber isso da pista premium, que é grudada ao palco, o que dizer da arquibancada. Para melhorar a situação, "The Pretender" veio em seguida e colocou o público nas rédeas da banda até o encerramento.

Muito do magnetismo do Foo Fighters se deve a Dave Grohl. Carismático como poucos rockstars, o americano controla a plateia sem abusar dos gritos de "eu te amo, Brasil" ou "obrigado". A simpatia e a conversa quase íntima com os presentes, aliados aos sucessos de vários anos de carreira, tornam o espetáculo algo além de um concerto musical. A identificação entre público e banda é natural a ponto de um desconsiderar o que o outro exige ("hoje vamos fazer o que nós queremos", disse Grohl), mas mesmo assim os dois se divertirem.

10 músicas indispensáveis do Foo Fighters

Um exemplo são os exageros do grupo ao prolongar certas músicas ("Best of You") e solos ("Monkey Wrench"). Esses momentos, talvez os dois pontos baixos da performance musical da noite, se tornaram memoráveis por atitudes do público - ninguém parou de cantar "Best of You" mesmo quando a música acabou ("parem já acabou a música", brincou o vocalista); todos os celulares do estádio se acenderam na pausa de "Monkey Wrench". "Esse dia ficará na minha memória", confessou Grohl, que também chamou um rapaz para pedir a namorada em casamento em cima do palco. "Então fica aí a dica, se você quer pedir alguém em casamento, venha ao show do Foo Fighters", brincou.

A segunda parte do show é quase toda feita em uma plataforma montada no meio da passarela que se estende ao palco principal. Lá no meio das pessoas, a banda inteira tocou "Times Like These" e depois foi para uma série de covers que atestam o apreço de Grohl pelos seus mestres. "Não fosse por essa música, nenhum de nós estaria aqui", falou antes de tocar "Under Pressure", do Queen. Ainda houve espaço para versões de faixas do Kiss ("Detroit Rock City") e do Faces ("Stay With Me"). "Tie Your Mother Down", também do Queen, foi cantada pelo baterista Taylor Hawkins, que trocou de posição com Dave Grohl.

O Rush também foi lembrado no momento de apresentação dos integrantes, mas não passou de uma introdução de "Tom Sawyer". "Nós não conseguimos tocar isso, essa música é muito difícil", brincou Grohl. Passada a bem escolhida sessão de homenagens, chegara o último ato, reservando as esperadas "Best of You", "These Days" e "Everlong" - tocada na versão original, sem a introdução acústica.

Assistir a shows no Morumbi não é uma experiência agradável. O acesso é difícil, os ingressos são caros, a distância do palco é enorme e a estrutura física do estádio não ajuda - com a chuva que caiu na saída tudo piorou. Esses são defeitos inegáveis, mas que foram superados pela apresentação do Foo Fighters. Após 20 anos de carreira, o grupo consegue se manter relevante não só pelos discos e trabalhos realizados nesse período, mas também por se mostrar ávido e entregue sempre que sobe ao palco.

Setlist

1. Something from Nothing
2. The Pretender
3. Learn to Fly
4. Breakout
5. Arlandria
6. My Hero
7. Congregation
8. Walk
9. Cold Day in the Sun
10. I'll Stick Around
11. Monkey Wrench
12. Skin and Bones
13. Wheels
14. Times Like These
15. Detroit Rock City (Kiss)
16. Stay With Me (Faces)
17. Tie Your Mother Down (Queen)
18. Under Pressure (Queen)
19. All My Life
20. These Days
21. Outside
22. Best of You
23. Everlong

Crédito imagem: UOL

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