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DragonForce, Chickenfoot, Moby e a coletânea War Child - Heroes

11.08.2009, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 04H10

DragonForce - Ultrabeatdown

O primeiro álbum do DragonForce, Valley of the Damned, passou bastante despercebido não só pelo público em geral, como também pela maioria daqueles apreciadores de bandas de metal mais obscuras. Afinal, esperava-se que uma banda com o nome DragonForce não trouxesse nada muito diferente ao já saturado mundo do heavy metal: power metal genérico, seguindo à risca a fórmula criada por bandas como Helloween, Gamma Ray e Blind Guardian no fim dos anos de 1980. E, vale dizer, que salvo um destaque aqui, outro ali, era isso o que Valley of the Damned apresentava.

Parece que a repercussão fria do álbum foi sentida pelos membros da banda. Afinal, para seu segundo lançamento, Sonic Firestrom, o DragonForce resolveu investir em algo que poderia trazer à banda um diferencial em relação às demais: velocidade absurda aliada à técnica, especialmente por parte de seus guitarristas, o chinês Herman Li e o neo-zelandês Sam Tothman, ambos egressos do Demoniac, um dos mais importantes nomes do black metal da Nova Zelândia. Para isso, ainda contaram com a adição de Dave Mckintosh, baterista também vindo de uma banda de black metal. No caso, o Bal-Sagoth da Inglaterra. Completavam o time o vocalista ZP Theart e o tecladista Vadim Pruzhanov. Investindo em guitarras e bateria a velocidades quase inumanas - a ponto de muitos desconfiarem que tudo aquilo não passava de efeitos especiais - Sonic Firestorm ergueu algumas sobrancelhas, chamou alguma atenção mas, ainda assim, nada demais.

Aí a Activision entrou em cena e descobriu que nerds e geeks gostam de rock e metal e desenvolveram sua famosa série Guitar Hero, que dispensa apresentações. Quando a febre do GH começou a atingir seu ápice, o DragonForce lançou seu terceiro álbum, Inhuman Rampage, cuja faixa de abertura, "Through the Fire and the Flames" entrou direto nos níveis mais difícieis do jogo, fazendo jogadores quebrar recordes (e, acredito, controles em forma de guitarras) tentando acertá-la sem erros e chamando a atenção de todo um novo público para a banda que, finalmente, se tornou "grande", pelo menos dentro do mundinho do heavy metal, dos videogames e no YouTube, claro.

Embalado por essa visibilidade, o DragonForce lançou no ano passado seu quarto álbum, Ultrabeatdown, que só agora chegou por aqui, via Universal Music, com quase um ano de atraso. A exemplo do lançamento anterior, a faixa de abertura desse novo álbum, "Heroes of our Time" logo se tornou um dos hits de Guitar Hero. Mas a fórmula dos dois últimos lançamentos está um pouco alterada.

Não se engane, Ultrabeatdown - apesar da capa horrível, que parece mais adequada para um jogo eletrônico ou mesmo um álbum de techno - traz o mesmo DragonForce ultra-rápido totalmente apoiado nos solos insanos de Li e Tothman. No entanto, ao contrário dos álbuns anteriores, há mais momentos em que há uma "pisada no freio", com mais espaços para o teclado de Vadim, que aqui aparece bastante, não só servindo como plano de fundo, mas tendo seu devido destaque e encaixando aqui e ali sons típicos de jogos de videogame que, vez por outra, causam estranheza, mas, na maioria das vezes estão bem colocados.

Há também mais atenção à mudanças de tempo e mesmo na forma como as faixas foram ordenadas no álbum. Diferentemente de seus lançamentos anteriores, em Ultrabeatdown o DragonForce investe mais em suas baladas. "Reasons to live", a primeira delas, traz sintetizadores bem colocados e mesmo algo que lembra o tango pouco antes de um de seus solos; "Heartbreak Armageddon" tem um ar meio psicodélico em alguns momentos e "The Warrior Inside" tem orquestrações um tanto quanto progressivas. Talvez essa mudança se deva ao fato da banda ter adicionado o baixista Frédéric Leclercq à sua formação, mesmo que seu instrumento seja totalmente abafado pela dupla de guitarristas em todo o álbum.

No frigir dos ovos, Ultrabeatdown não traz muitas novidades à discografia do DragonForce. No entanto, é seu álbum mais sólido e diversificado, valendo a pena ser conferido. Nem que seja para ver - e duvidar - dos guitarristas em faixas como "Heroes of our Time", "Last Journey Home" e "The Fire Still Burns".

Chickenfoot - Chickenfoot

A expressão "supergrupo" tem sido muito usada no mundo da música ultimamente, a ponto de chegar a perder o sentido. No entanto, em sua definição mais pura, ela se encaixa perfeitamente no Chickenfoot. Afinal, que outra definição poderia ser dada a um grupo formado por quatro lendas do rock como Joe Satriani (guitarra), Chad Smith (bateria, Red Hot Chilli Peppers), Sammy Hagar e Michael Anthony (respectivamente ex-vocalista e ex-baixista do Van Halen)?

Chickenfoot, o primeiro álbum do grupo pode surpreender muita gente. Afinal, com essas quatro pessoas trabalhando juntas, seria inevitáel que houvesse uma guerra de egos para que cada um tivesse o maior destaque no álbum. No entanto, o que se vê aqui é o contrário. Chickenfoot soa redondinho, com cada instrumento - incluindo aí a voz de Sammy Hagar - tendo seu devido destaque, sem enrolações ou firulas.

A prevista "guerra de egos" aqui soa mais como uma batalha para ver quem colabora mais para que o álbum soe homogêneo, absorva todas as influências que o quarteto traz e, ainda assim, pareça coeso como se não fosse o primeiro lançamento de uma banda recém-formada, mas sim um trabalho de um grupo que toca junto há anos. Afinal, dentre as 11 faixas que compõem o álbum, há de tudo um pouco: o AOR que Hagar fazia em alguns momentos de sua carreira solo; o hard rock que marcou a carreira de Hagar e Anthony no Van Halen; o groove e a batida funkeada características de Smith no RHCP e a versatilidade e competência de Satriani na guitarra, que sabe exatamente onde pode ser o virtuoso de sempre e onde deve trabalhar de maneira mais discreta, em prol da música como um todo.

É difícil nomear um destaque individual desse álbum de estréia do Chickenfoot que, como um todo, soa bastante acima da média do que se vê no mercado atualmente. No entanto, as faixas "Soap on a Rope", "Sexy Little Thing", "Oh Yeah" e "Future in the Past" são talvez as que mais dêem uma idéia do potencial da banda. Não que esses caras precisassem provar mais alguma coisa, exceto, talvez, o fato de que podem trabalhar juntos de maneira coesa, sem que um atropele o outro na tentativa de querer aparecer mais.

Indispensável não só para fãs de cada um dos envolvidos, mas também de qualquer pessoa que goste de um rock and roll cheio de suíngue e sem frescuras.

Moby - Wait for Me

Duas características se destacam no sétimo álbum de inéditas do produtor Moby, Wait for Me. A primeira, é que, assim como o próprio DJ confessou em entrevistas recentes, não houve preocupação com a recepção que o disco teria, e sim com o que ele estava a fim de produzir. Confessadamente inspirado no cineasta David Lynch, o produtor criou faixas soturnas, melancólicas e que remetem à própria atmosfera dos filmes do diretor, deixando de lado beats mais dançantes, que, mesmo quando raros, sempre marcaram presença na discografia de Moby. Desta série, merece uma ouvida mais atenta "Shot in the Back of the Head", instrumental que ganhou videoclipe de animação com direção de Lynch.

O segundo elemento que chama a atenção é a ótima escolha de vocalistas para cantar em algumas faixas, adicionando mais vivacidade ao trabalho e promovendo equilíbrio ao todo. Leela James capricha no vozeirão rouco em "Walk with Me", enquanto Amelia Zirin Brown arremata o segundo single do álbum, "Pale Horses", sem acrescentar memoráveis nuances de voz, mas fazendo uma combinação perfeita com os outros instrumentos.

Moby reserva para "Mistake" o momento mais rock ´n´roll do álbum, trazendo distorção, batidas secas e um vocal elegante que lembra pós-punk e David Bowie. Mas não se engane: ao contrário da melodia, a letra mantém o tom dark que permeia todo o trabalho.

De modo geral, Wait for Me não chega a surpreender, mas é uma volta interessante às fases mais criativas de Moby.

Vários - War Child - Heroes

A ideia por si só já é boa: convidar artistas consagrados para escolher uma faixa de seu repertório de que mais gostam e indicar um nome atual para fazer uma versão da música. O propósito é melhor ainda: com a renda arrecadada com a venda do CD ajudar crianças que vivem em zonas de conflito. Como guerra é o que não falta, a organização britânica War Child chega à quinta edição do projeto, que, desta vez, ganhou o subtítulo Heroes.

Tanto a seleção de faixas quanto a de artistas é impecável. Evidentemente, há uma escorregadela aqui e ali, mas o resultado final depois de ouvir o álbum é, definitivamente, positivo.

Algumas opções são quase óbvias, como o Yeah Yeah Yeahs interpretando "Sheena Is a Punk Rocker", do Ramones, e a cantora Peaches dando sua versão para o clássico de Iggy & The Stooges "Search and Destroy", mas a satisfação continua a mesma, seja pelo fato do Yeah Yeah Yeahs conseguir manter o peso da original e matar a curiosidade do que seria um Ramones liderado por uma mulher, ou pela capacidade da canadense Peaches de permanecer distante o suficiente para produzir uma versão mais modernosa e não menos rasgada da faixa do Stooges, mantendo o risco sob controle. O mesmo não se pode dizer da cover de "Live and Let Die", de Paul McCartney, feita pela cantora Duffy, que parece mais preocupada em exibir seus dotes vocais, de "Take This Waltz", cantada - em espanhol - por Adam Cohen, filho do compositor da faixa, Leonard Cohen, e de "Heroes", do David Bowie, nas mãos do excelente TV On The Radio. Em defesa dos nova-iorquinos, o fato de a música já ter uma infinidade tão grande de versões, que provavelmente o grupo pecou por tentar fazer algo diferente. Não funcionou: a banda arriscou demais e produziu algo simplesmente esquecível.

Agora, surpresa boa mesmo é a comovente versão de "Straight to Hell", do Clash, feita por Lily Allen. Tão boa que são do próprio Mick Jones, guitarrista e vocalista do Clash, os backing vocals e o acompanhamento na guitarra. Também merecem destaque a pesadona "Call Me", dos escoceses do Franz Ferdinand, que conseguiram deixar a música do Blondie mais interessante, e a londrina Estelle cantando "Superstition" com tanta propriedade, que parece ter ela mesma composto a música, originalmente de Stevie Wonder.

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