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Novidades Musicais do Metal - 18 de agosto

Os novos do Iron Maiden e Blind Guardian

18.08.2010, às 23H08.
Atualizada em 19.12.2016, ÀS 03H04

Iron Maiden – The Final Frontier

Desde que o vocalista Bruce Dickinson retornou ao Iron Maiden, há uma década, a banda tem optado por uma sonoridade bastante diferente daquela que a consagrou nos anos 1980. Um dos motivos para tal mudança pode ser o atual trio de guitarristas – Dave Murray, Janick Gers e o filho pródigo Adrian Smith – e a necessidade de dar espaço para cada um deles; outra possível alternativa é o fato de que seus integrantes – especialmente o baterista Nicko McBrain – estarem batendo na casa dos 50 anos e não terem tanto pique para as pancadarias que tocavam no início da carreira; ou pode ser simplesmente porque o chefão Steve Harris (baixo) assim o quis. Suposições à parte, é fato que desde A Brave New World, de 2000, mas principalmente a partir de Dance of the Death, o Iron Maiden tem investido muito em composições mais longas e progressivas, absorvendo influências do hard rock mas, ainda assim, mantendo o peso característico que tornou o grupo o maior nome da história do heavy metal.

The Final Frontier é o 15º álbum da carreira do Iron Maiden e mostra novamente que essa tentativa da banda em se adequar à sua nova mecânica continua sendo realizada de maneira bastante competente.

“Satellite 15... The Final Frontier” traz a introdução mais distinta da carreira da banda. Começa com uma bateria quase tribal e guitarras discretas, ainda que marcantes e assim continua por mais de dois minutos. A sensação de estranheza só diminui quando se ouve a voz marcante de Bruce Dickinson. Quando a faixa começa para valer, no entanto, o que se vê é um típico produto do Iron Maiden com um trabalho vocal absurdo, riffs e solos marcantes e um refrão de grudento. Um belo cartão de apresentação de 8min40s.

“El Dorado” foi a música escolhida para ser o primeiro single do álbum e é quase a extensão natural de “Satellite 15... The Final Frontier”. Ao contrário de muitas músicas recentes do Maiden, que começam lentas, a faixa já começa à toda velocidade, o que deve empolgar bastante ao vivo.

As introduções lentas não demoram a aparecer. “Mother of Mercy” é uma quase balada em que o Iron Maiden mantém o freio de mão puxado. Destaque novamente para o refrão e o bom trabalho de guitarras além, claro, do baixo “cavalgante” de Steve Harris. Já “Coming Home” assume completamente o papel de power ballad do disco e é um bom exemplo de como os guitarristas da banda estão entrosados, com destaque especial para o belo solo.

O “velho” Iron Maiden reaparece em “The Alchemist”, uma música bastante direta, que aposta tudo no peso e na rapidez. O que se tem aqui é um heavy metal clássico puro e simples. Talvez por isso seja a música mais curta do álbum, com pouco mais de quatro minutos de duração.

Finalmente o lado mais progressivo do Iron Maiden dá as caras em “Isle of Avalon”. Introdução lenta, vocais contidos, instrumental longo e o peso característico do Maiden, tudo equilibrado de maneira bastante competente. Mas não se engane, “Isle of Avalon” é candidata a se tornar uma das grandes músicas da nova fase do Iron Maiden e deve soar muito bem ao vivo.

Essa mesma fórmula – introdução lenta, vocais equilibrados, instrumental longo e refrão monstro – é usada em “Starblind”, cuja função é simplesmente manter a qualidade e a homogeneidade do disco. Não surpreeendentemente, “The Talisman” começa nos mesmos moldes das anteriores, até que uma explosão instrumental da banda demonstra todo o peso que o Iron Maiden ainda pode produzir.

“The Man Who Would Be King” tem um título muito similar ao penúltimo álbum de Blaze Bayley, ex-vocalista do Maiden (no caso, “The Man Who Would Not Die”). Pela terceira vez em seqüência tem-se uma introdução lenta e um Bruce contido até que a música ganha velocidade. Essa é, de longe, a faixa mais progressiva do álbum, com variações de ritmo marcantes e Nicko McBrain demonstrando que, quando lhe dão espaço, pode ser um baterista acima da média.

A veia progressiva do Iron Maiden se mostra novamente em “When the Wild Wind Blows”, faixa que fecha o álbum de forma magistral. Aqui o Maiden mostra mudanças de ritmo e variações como poucas vezes se viu ao longo de toda a sua carreira.

Com The Final Frontier, o Iron Maiden mostra mais uma vez ser uma banda que não se contenta em viver do passado e procura, mesmo depois de 30 anos de carreira, arriscar-se em seus novos trabalhos. Ao invés de tentar regravar “Powerslave” de novo e de novo, a banda procura trazer novidades ao seu som e isso, claro, pode desagradar a alguns da mesma maneira que agrada a outros. No entanto, um fato é inegável: apesar de tudo, o Iron Maiden ainda mostra-se uma banda inspirada, criativa e, por isso, bastante relevante.

Blind Guardian – At the Edge of Time

Desde 1998, data do lançamento de Nightfall in Middle-Earth, considerado o melhor álbum do Blind Guardian, os bardos alemães estabeleceram um intervalo mínimo de 4 anos entre um trabalho e outro. Foi assim com A Night at the Opera (2002), A Twist in the Myth (2006) e agora com esse At the Edge of Time. E ao contrário de obras como Chinese Democracy, do Guns ‘N Roses, no entanto, o Blind Guardian sempre faz a espera valer a pena. E dessa vez não foi diferente.

O álbum já começa mostrando a que veio com “Sacred Worlds”, maior faixa do disco  - ultrapassa os nove minutos - e traz um pouco de tudo o que se pode esperar no novo trabalho da banda. Orquestrações bem encaixadas (valendo dizer que é a primeira vez em mais de duas décadas que o Blind Guardian usa uma orquestra de verdade em suas gravações), solos inspirados da dupla André Olbrich e Marcus Siepen (guitarras), quebras de ritmos e variações bastante progressivas, um refrão monstruoso e o vocal sempre competente de Hansi Kürsch. Completam o Blind Guardian o baterista Frederik Ehmke e os músicos contratados Oliver Holzwarth (baixo, que acompanha a banda desde 1998) e Martin G. Meyer (teclados, com a banda desde 2002).

No álbum Somewhere Far Beyond, o Blind Guardian compôs uma musica intitulada “Quest For Tanelorn”, que, como indica o título, mostrava a busca pela terra encantada do título. Em 2010 o tema é revisitado em “Tanelorn (Into the Void)”, que já começa com um bom trabalho na bateria de Ehmke e atinge seu ápice no refrão o que, aliás, será uma característica de At The Edge of Time. Diferente de “Sacred Worlds”, no entanto, “Tanelorn...” aposta em uma sonoridade mais reta, investindo mais no peso e menos nas orquestrações.

“Road of No Release” dá uma pisada no freio e também segue uma fórmula mais direta. Novamente há menos variações de ritmos, mas o bom trabalho nos vocais e, principalmente, no refrão, se mantém; “Ride into Obsession”, a música mais curta do álbum, vem a seguir, apostando novamente em uma sonoridade mais direta, investindo bastante no peso e na rapidez típicos do Blind Guardian, especialmente característicos da primeira fase da banda.

A influência da sonoridade céltico-medieval, tão caracteristicamente presente na carreira do Blind Guardian reaparece em “Curse My Name”. Aqui o destaque são as flautas e os instrumentos acústicos que levam a um crescendo absurdo na parte final da música; “Valkyries” vem a seguir e não faz nada mais do que manter a qualidade geral do álbum lá em cima; o mesmo pode ser dito de “Control the Divine”, a bela balada “War of the Thrones”, baseada na obra de George R.R. Martin e a pesadíssima “A Voice in the Dark”, primeiro single do álbum. “The Weel of Time” fecha o álbum da mesma forma que “Sacred Worlds” abriu, investindo pesado nas mudanças de ritmo, orquestrações e refrão.

At the Edge of Time é o nono álbum de estúdio do Blind Guardian e mostra que a banda, ainda que não se reinvente a cada álbum, procura nunca se repetir, o que a torna, por isso, uma das mais respeitadas e cultuadas do meio.

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