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Crítica

No Olho do Tornado | Crítica

Ao se levar a sério, filme sabota as próprias qualidades

27.08.2014, às 23H24.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Em 1996, Twister funcionou, principalmente, por dois motivos: roteiro e efeitos visuais. A escrita de Michael Chricton se pautava em fenômenos e dados reais, sem esquecer do entretenimento. Era um filme pipoca feito para exaltar sequências de ação e furacões construídos por computação gráfica. A receita não é misteriosa, mas parece difícil de ser compreendida. No Olho do Tornado, por exemplo, insiste em se levar a sério, mistura referências ao Katrina com uma história familiar e quase se esquece de entreter.

O drama do filme é dividido em dois núcleos: o de Richard Armitage (O Hobbit) e o de Sarah Wayne Callies (The Walking Dead). Um é pai de dois adolescentes diretamente afetados pelos furacões e a outra é uma estudiosa desses fenômenos avassaladores, que se pune por deixar sua filha pequena em segundo plano. Figuras simplórias, mas com enredo suficiente para gerar empatia com o espectador - algo que não acontece. Os diálogos escritos por John Swetnam simplificam a atuação do elenco, tornando todos os personagens unilaterais e estereotipados.

Por outro lado, se há algum talento em Swetnam, ele está em escrever cenas de ação. O ponto alto de No Olho do Tornado são as sequências com os furacões. Além de construir esses fenômenos de uma maneira rápida e tensa, o filme consegue usar o ambiente para aumentar a intensidade dos desastres que estão ocorrendo. Seja numa escola, numa fábrica, num aeroporto ou em um buraco de esgoto, há um senso de perigo iminente. Ainda que ninguém se importe com as pessoas na tela, é evidente o perigo daquela força da natureza.

Boa parte disso também se deve aos enquadramentos do diretor Steven Quale, que deixa a desnecessária visão em primeira pessoa de lado e opta pela fotografia tradicional nos momentos cruciais do filme. Os efeitos visuais, tão importantes em um longa como esse, não comprometem, mas não enchem os olhos - a habilidade do cineasta em conduzir a ação se sobrepõe à computação. Por outro lado, Quale falha em dar peso aos momentos íntimos e dramático. Na verdade, ele potencializa a mediocridade do roteiro com zooms e trocas de câmeras constantes.

No Olho do Tornado não é um desastre. Há bons momentos, alguma diversão e qualidade técnica de alto nível. No entanto, ele erra feio quando tenta se diferenciar de Twister, sua principal inspiração. Ninguém precisa de um drama de família para gostar de um personagem ou se identificar com ele. Muito menos de um enredo sério. É necessário apenas uma boa história, e a partir daí desenvolve-se o resto. Nesse filme parece que o investimento principal foi para os tornados e não para as pessoas que os enfrentam.

Nota do Crítico
Regular
No Olho do Tornado
Into the Storm
No Olho do Tornado
Into the Storm

Ano: 2014

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 89 min

Direção: Steven Quale

Roteiro: John Swetnam

Elenco: Richard Armitage, Sarah Wayne Callies, Matt Walsh, Nathan Kress, Alycia Debnam Carey, Jeremy Sumpter, Kyle Davis, Brandon Ruiter

Onde assistir:
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