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Aqui Dentro e Lá Fora - Metropolis e X-Force

Um Osamu Tezuka e uma minissérie mutante

30.09.2010, às 00H23.
Atualizada em 12.02.2017, ÀS 15H05

As colunas AQUI DENTRO e LÁ FORA se fundiram e ganharam uma periodicidade semanal, dando mais vazão para as coisas que saem no Brasil e manter você também atualizado sobre o que está acontecendo longe das nossas bancas.

Veja os destaques da semana:

AQUI DENTRO: METROPOLIS

METROPOLIS

O QUÊ/QUEM: Um dos primeiros trabalhos da extensa carreira de Osamu Tezuka, considerado deus na indústria de mangás. O lançamento é da editora NewPop.

POR QUÊ: Ao longo das cinco décadas que dedicou aos quadrinhos (divididas, em parte, com a animação), diz-se que Osamu Tezuka teve mais de 150 mil páginas de quadrinhos publicadas. Mesmo pelos parâmetros dos mangás - em que as histórias têm uma extensão monstruosa e os artistas trabalhem com vários assistentes -, é um número absurdo. Mas nem metade disso, porém, chegou a ser publicado fora do Japão.

No Brasil, a balança começou a melhorar com a publicação de A Princesa e o Cavaleiro pela JBC e Buda e Adolf pela Conrad (editora que também publicou a biografia em quadrinhos do mestre). Mas faltava alguém começar a vasculhar a parte mais funda da biblioteca de Tezuka. É aí que entra a NewPop com Metrópolis.

Metrópolis vem de 1949, quando Tezuka estava começando a fazer nome no nascente mercado de quadrinhos do Japão pós-guerra. Ao invés dos livrinhos simples, editoras começavam a investir em mangás que pareciam livros de verdade, com grandes sagas completas. Como conta no posfácio da edição brasileira, Tezuka foi contratado para produzir 160 páginas em poucos meses - e teve que se virar.

O resultado demonstra por que o autor virou deus dos mangás. Com 21 anos, Tezuka misturou cinema, literatura fantástica, literatura clássica, quadrinhos de super-heróis americanos, personagens de outros mangás que ele mesmo já fizera e inspiração que diz ter vindo do cartaz do Metrópolis de Fritz Lang (Tezuka alega não ter assistido ao filme, só visto o cartaz) para inventar uma louca história futurista em que manchas solares prenunciam o fim do mundo, um cientista que inventa um androide andrógino, sociedades secretas de assassinos e rebeliões de robôs.

Michi, o androide, é um precursor de Astro Boy, que Tezuka inventaria alguns anos mais tarde. Entre seus poderes, está o de mudar de sexo quando apertam o botão na sua garganta. As manchas solares acabam causando estranhas transformações na fauna e na flora. A aventura se estende por grandes salões, centros urbanos engarrafados de gente, aviões e metrôs, laboratórios secretos, selvas, mares, batalhas aéreas. Começa contando a extinção dos dinossauros e termina com um questionamento sobre os limites da ciência. No meio da aventura, um personagem vestido como Mickey Mouse (chamem os advogados!) é protagonista de uma longa cena.

Essa mistureba representa a criatividade que inventou a indústria de mangás. O valor de Metrópolis não é apenas histórico, mas está nesta lição que Tezuka deixa de como conquistou o público da mídia nascente: energia. Energia irrefreável de encher as páginas de ação, sustos, comédia, tensão, cultura pop e que não desse espaço para o leitor respirar. Certamente é uma energia voltada para a época em que foi publicado - mas que podia ser adaptada para os dias de hoje por quem quer construir ou manter o mercado de quadrinhos.

ONDE E QUANTO: Nas lojas especializadas e livrarias. O gibi tem 170 páginas e preço sugerido de R$ 24,90.

LÁ FORA: X-FORCE: SEX AND VIOLENCE #3

O QUÊ: Minissérie mutante da Marvel estrelando a mercenária Dominó e Wolverine, com alguma participação da X-Force.

QUEM: Os roteiristas Craig Kyle e Christopher Yost (X-Force), com arte de Gabrielle Dell'Otto (Guerra Secreta).

POR QUÊ: Quem está acompanhando a série da X-Force lançada em 2008 nos EUA, sabe que o objetivo da Marvel é ter uma versão mais dark, sangrenta e violenta dos X-Men. É a ordem que Ciclope deu a Wolverine: montar uma equipe para fazer o trabalho sujo e por baixo dos panos para manter a raça mutante viva.

Enquanto a série passa por uma reinvenção lá fora - foi cancelada e volta como Uncanny X-Force em outubro -, ficou sobrando este último capítulo da velha fase. Estava programado para o ano passado, mas acabou demorando porque o artista italiano Gabrielle Dell'Otto não é bom em cumprir prazos.

Sex & Violence é divertida porque, desde o título, não se leva a sério. A história se move em ritmo de videogame: Dominó se meteu onde não devia na sua ocupação de mercenária, pede ajuda da X-Force, Wolverine vai salvá-la e all hell breaks loose.

A promessa do título se cumpre: fora os litros de sangue que escorrem pelas páginas, sobra uma pausa para Dominó e Wolverine darem "umazinha". Por baixo das cobertas, claro, senão você já teria ouvido falar bem mais dessa HQ.

No meio de tanto lançamento da linha X-Men, conturbada por anos de cronologia confusa e autores de terceira categoria, é bom ver uma história que consegue de desvencilhar dos problemas da linha X para, curta e grosseiramente, contar uma história violenta com todo sangue que Wolverine merece.

ONDE/QUANTO: A coletânea em capa dura da minissérie sai em dezembro nos EUA e vai custar US$ 19,99 (R$ 35).

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Confira os destaques desta última semana

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