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Histórias em Quadrinhos de Aventura | Introdução às HQs

Tintim, Asterix, Tio Patinhas, Bone, Hellboy e mais recomendações para os iniciantes na Nona Arte

24.01.2012, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

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Tintim

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Com o lançamento de As Aventuras de Tintim nos cinemas, um ótimo ponto de partida para começar a ler quadrinhos para qualquer um que goste das aventuras cheias de ação, humor e mistério de Steven Spielberg é a leitura da obra do belga Hergé. Todos os álbuns do repórter aventureiro Tintim estão disponíveis no Brasil, mas o ideal é evitar os primeiros, em que o quadrinista ainda explorava o potencial de seu universo (e flertava com estereótipos desagradáveis, comuns à sua época). Busque, portanto, os álbuns posteriores, como Rumo à Lua/Explorando a Lua ou O Templo do Sol, e os álbuns que inspiraram o filme, O Caranguejo das Pinças de OuroO Segredo do Licorne (sua sequência direta, O Tesouro de Rackham, o Terrível, deve ser adaptada na continuação do filme).

Na mesma linha europeia, em que a clareza dos traços e a elegância da arte favorecem o entendimento para qualquer um que nunca tenha lido uma HQ antes, valem a pena os álbuns de Asterix, o Gaulês. Todos também são facilmente encontrados aqui, ainda que os melhores sejam os realizados enquanto René Goscinny ainda estava vivo e fazia dupla com o ilustrador Albert Uderzo. Asterix e os Bretões pode ser um incrível - e viciante - ponto de partida.

Asterix

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Outra sugestão indispensável para quem gosta de uma boa aventura nesse estilo, que mistura humor e ação, são as histórias de Carl Barks com os patos da Disney. Barks desenvolveu todo o universo do Pato Donald, incluindo aí sua família e o Tio Patinhas, e os colocou em uma série de missões ao redor do mundo, em busca de tesouros perdidos e civilizações misteriosas. A cena da rocha rolante de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, por exemplo, foi extraída de uma dessas histórias - que renderam também o divertido desenho animado Duck Tales - Os Caçadores de Aventuras (cujos episódios estão disponíveis no Brasil no serviço de vídeo on demand Netflix).

Merecem ser lidas também as histórias do discípulo mais conceituado do mestre, Keno Don Rosa, autor da Saga do Tio Patinhas, na qual retoma fatos narrados por Barks em suas histórias para contar a trajetória de seu personagem mais importante, o sovina Tio Patinhas. A excelente série História e Glória da Dinastia Pato, produzida na Itália, é outra fase indispensável. A Editora Abril, que publica no Brasil as revistas da Disney, relançou em volumes especiais na última década todas as histórias aqui citadas. É possível encontrá-las em sebos ou ainda em bancas que estoquem esse material mais antigo.

Carl Barks

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Outra das maiores aventuras épicas já escritas e desenhadas - e também uma das mais engraçadas - é Bone, de Jeff Smith. Ainda que inacabada no Brasil, a obra pode ser facilmente encontrada em sites estrangeiros em duas versões que reúnem toda a saga (em preto e branco, como originalmente publicada, ou colorida). São 1.300 páginas que começam como uma aventura despretensiosa, mas logo ganham uma escala que lembra clássicos da literatura fantástica, como O Senhor dos Anéis. Os diálogos são ótimos, as piadas funcionam e a ação empolga. A trama mostra os três primos Bone sendo banidos de sua cidade. Sem rumo, eles acabam perdidos e vão parar em um misterioso vale, onde envolvem-se em um confronto ancestral entre os locais e uma raça de criaturas-ratazanas. Sem falar em uma "grande corrida das vacas", que considero um dos melhores momentos das histórias em quadrinhos que já tive o prazer de ler em 30 anos como fã do formato.

Na mesma linha de aventura épica, Os Pequenos Guardiões (Mouse Guard), série criada e publicada independentemente por David Petersen, é recomendada pela qualidade da ilustração, que reproduz de maneira realista o mundo de ratinhos guerreiros às voltas com conspirações e a ameaça de animais maiores à sua sociedade. A história, ainda que não exatamente original, também é interessante o suficiente para empolgar especialmente o público infanto-juvenil, já que não se desvia da violência de situações (ainda que não seja graficamente pesada). A série está disponível em volumes encadernados nos EUA e teve edições lançadas em português pela Conrad.

Hellboy

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Usagi Yojimbo

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Gon

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Também com animais antropomórficos, Usagi Yojimbo - O Coelho Samurai, de Stan Sakai, narra as aventuras de Miyamoto Usagi no Japão do século 17, a época do Shogunato e da queda dos Daimios, os senhores feudais nipônicos. Na trama, o ronin vaga em busca de vingança pela morte de seu antigo mestre, encontrando outros personagens igualmente interessantes, como um rinoceronte caçador de recompensas e uma mercenária felina. O destaque aqui é o contraste: como Sakai emprega um traço à primeira vista meio infantil e inocente para contar uma história de vingança, retratando com fidelidade peculiaridades de um período já tão explorado em todas as mídas. Há edições de Usagi Yojimbo em português disponíveis em sebos e comic shops.

Seguindo na linha de bichos protagonistas, mas com uma proposta completamente diferente, Gon, de Masashi Tanaka, apresenta um tiranossauro e seus encontros - ora amistosos, ora violentos - com outros animais na pré-história. A genialidade da HQ é não empregar balões, usando só as imagens para contar esses encontros, demonstrando toda a qualidade da narrativa de Tanaka. O traço do quadrinista vai do cartunesco (Gon é desenhado mais fofinho que os demais animais e demonstra mais personalidade) ao fotorrealista (as paisagens são impressionantes).

Aventuras pulp

Ainda que tenha fortes elementos sobrenaturais e seja bastante centrada em lendas e mitologia, a história em quadrinhos Hellboy, de Mike Mignola é, em essência, uma grande homenagem à mesma fonte da literatura pulp de onde saíram as mesmas inspirações de filmes como Indiana Jones. A história acompanha o "garoto do inferno", Hellboy, o resultado de uma experiência ocultista nazista na Segunda Guerra Mundial. Trazido das profundezas para o nosso plano, o personagem, que seria o arauto do apocalipse e uma arma secreta do führer em seus planos de conquista, acaba nas mãos dos aliados e é criado do lado dos "mocinhos". Ele passa a integrar o Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal, uma espécia de FBI contra ameaças inumanas e de outros planos. A criação de Mignola mistura como poucas humor, mistério e ação, com seu inconfundível traço, hoje copiadíssimo. A Mythos Editora publicou no Brasil algumas edições de Hellboy em formatos diversos, facilmente encontrados, incluindo uma bela edição de luxo.

Hellboy se encontrou nos quadrinhos com outro herói que transita um universo parecido, ainda que mais escrachado, The Goon - O Casca Grossa. A HQ criada, roteirizada, desenhada e colorizada por Eric Powell é divertidíssima. Seu autor brinca a cada capítulo com traços e técnicas, por vezes com metalinguagem, sempre casando o visual com a temática da história. Ora ele homenageia Will Eisner, ora Kelley Jones, por exemplo, mas sempre mantendo sua própria identidade. Na trama, Goon, um valentão superforte e seu parceiro boca-suja, Franky, encaram monstros do mar tarados, lagartos gigantes que falam espanhol, hordas de zumbis famintos, cientistas loucos, mutantes e orangotangos que sofrem combustão espontânea, entre outras ameaças esquisitas. O lançamento também aconteceu pela Mythos aqui.

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