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Quadrinistas brasileiros reúnem-se na feira do livro de Frankfurt

Mauricio de Sousa, Lourenço Mutarelli, Gabriel Bá e Fábio Moon, Fernando Gonsales e Lelis, falaram sobre suas histórias e as dificuldades de se fazer quadrinhos no Brasil

13.10.2013, às 20H58.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 00H04

Sem Ziraldo, ainda em repouso por causa de um cateterismo, diferentes gerações de cartunistas brasileiros, mainstream e comerciais, se reuniram na feira do livro de Frankfurt neste domingo (13). Para uma sala cheia, Mauricio de Sousa, Lourenço Mutarelli, Gabriel Bá e Fábio Moon, Fernando Gonsales e Lelis, falaram sobre suas histórias e as dificuldades de se fazer quadrinhos no Brasil.

"Fazer um quadrinho é um trabalho braçal", disse Maurício. "Os quadrinhos dos artistas independentes são uma vitória pessoal de cada artista. Eu tenho que brigar para o meu negócio se pagar, para pagar 200 desenhistas. Depende também da gente não ser impedido de publicar. A gente foi boicotado na Alemanha porque não queríam que a gente crescesse. A gente descobriu que um grande grupo econômico escondia nossas revistas durante a década de 90 e ontem conheci um fã que tinha uma dessas revistas da Turma da Mônica publicadas em alemão. São as únicas que temos. Nunca falei sobre isso por que era muito polêmico."

Apesar das dificuldades, Maurício acredita que o cenário brasileiro está em sua melhor fase. "Hoje os desenhistas são muito conhecidos e respeitados como artistas, há um fortalecimento da história em quadrinhos, estamos com uma situação diferente do mundo nesse momento. As tiragens são interessantes, os editores interessados, aprendemos a nos desviar das pedras", disse o autor.

Mutarelli disse que no início de sua carreira "existia um movimento punk surgindo, então as coisas eram aceitas por um público pequeno, porém interessado. Eu não dava lucro, mas não dava prejuízo. Isso na época já era um lucro."

Bá e Moon disseram que a solução que encontraram foi buscar editoras americanas, o maior mercado. "A gente tem que encontrar maneiras de contar as histórias. Se o mercado americano dá dinheiro, a gente publica lá primeiro. Não importa por onde comece, desde que a gente não deixe de publicar histórias. Quem faz quadrinhos tem que ter paciência", comenta.

Questionado por uma professora sobre a qualidade do português nas histórias da Mônica, reduzida por causa de gírias e vocabulário de internet, Maurício disse que precisa acompanhar seu público, para não perder mercado. "Eu preciso falar com o público jovem. A gente tem uma equipe que monitora as redes sociais para manter o texto atual."

Mulheres nos quadrinhos

Questionados sobre a falta de mulheres no mercado, os autores disseram que a porcentagem feminina nas editoras já é maior, mas ainda bem menor do que homens. "Quando eu era jornalista, mulher na capa de revista vendia muito mais, 70% mais. As revistas com a Mônica na capa vendem muito mais", disse Sousa entre risos. "Mulher ainda não tem essa liberdade sem vergonha que homem tem, de trabalhar até tarde, tem que cuidar da casa, dos filhos, quadrinho exige muito tempo de dedicação", completou o autor infantil. "Ainda assim teve uma época na editora que tinha muita mulher, a maioria nissei."

"Elas ainda são minoria, mas aos poucos estão ganhando espaço, como ilustradoras, roteiristas ou coloristas, a gente tem muita leitora mulher", completou Bá. A conversa de uma hora e meia foi encerrada com distribuição de alguns autógrafos e ilustrações para fãs.

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