Depois de um arco de Wolverine em oito partes em 2008, fora da cronologia oficial, e de uma minissérie em 2015 ligada a Guerras Secretas, o Velho Logan entra oficialmente para o Universo Marvel em sua primeira HQ mensal, Old Man Logan - mas tanto estética quanto tematicamente sua série ainda parece deslocada, a julgar pela recém-lançada primeira edição.
Primeiro porque o visual arrojado dos desenhos de Andrea Sorrentino, pensados para dar um tom sujo e violento à HQ, complementados pelo uso de poucas e fortes cores do colorista brasileiro Marcelo Maiolo, mais parece saído de um dos títulos da finada linha Marvel MAX. Desde os fundos pintados com camadas pesadas até a ação que parece rápida e explosiva demais para caber num único quadro, tudo ali evoca a ideia que a Marvel faz de uma HQ voltada para adultos.
Tematicamente, Old Man Logan também mantém um pé no passado (ou mais especificamente no futuro alternativo da HQ de 2008), já que o roteirista Jeff Lemire estrutura a edição com um longo flashback para justificar as ações do Logan do futuro nos dias de hoje. É um recurso que parece inevitável: assim como o Wolverine normal vivia tendo flashes de memória do seu misterioso passado, o Velho Logan é assombrado pelo futuro. Não há Logan sem isso, sem esses acertos de contas.
Se Wolverine sempre será esse tipo unidimensal, movido pela vingança e pela urgência de expurgar seus traumas, a própria premissa da HQ - personagem do futuro vem ao presente tentar corrigir seu destino - também deixa a sensação de déja vù para quem já acompanhou viajantes do tempo em outras histórias dos X-Men, de Cable a Forge. O que Old Man Logan oferece a Lemire, então, é a oportunidade de expandir o futuro pós-apocalíptico do arco de 2008.
Porque uma das poucas coisas interessantes da HQ de Mark Millar que deu origem ao Velho Logan, que requentava Os Imperdoáveis e Lobo Solitário num monte de fan services, era justamente a curiosidade de imaginar como seria um mundo dominado por vilões. Por mais que Velho Logan agora esteja "entre nós" (inclusive integrando uma equipe de X-Men em Extraordinary X-Men) fazendo as vezes do finado Wolverine, seu futuro continua sendo não apenas seu diferencial, mas seu mundo de fato.
All-New Wolverine #1 | Crítica
