HQ/Livros

Crítica

As Diabruras de Quick e Flupke - Volume 1 | Crítica

Livro traz pela primeira vez ao Brasil as HQs da dupla endiabrada de Hergé, o criador de Tintim

13.12.2013, às 16H42.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 07H03

O cartunista belga Hergé (1907-1983) é conhecido pelos leitores brasileiros por Tintim, cujos álbuns podem ser encontrados facilmente em qualquer livraria, mas na Europa, e principalmente na Bélgica, é célebre por outras criações também bastante populares. Entre elas estão Quick e Flupke.

Com o lançamento de As Diabruras de Quick e Flupke - Volume 1, a Editora Globo traz pela primeira vez ao Brasil uma das obras mais famosas de Hergé, que ganhou uma adaptação para a TV na década de 1980 mas seguia pouco conhecida por aqui. Em 184 páginas, o álbum reúne aventuras dos personagens publicadas durante os anos 1930 e se baseia na coleção lançada entre 1949 e 1969, quando as HQs, originalmente lançadas em preto e branco, foram colorizadas.

Os dois menininhos endiabrados que causam confusão nas ruas de Bruxelas foram criados de maneira inesperada. Ao voltar de férias para seu cargo de editor no Le Petit Vingtième, o suplemento infantil do jornal católico Le Vingtième Siècle, Hergé descobriu que seus companheiros haviam feito uma brincadeira e anunciado publicamente que ele criaria uma nova série. Após o sucesso de Tintim no País dos Sovietes, primeira aventura do jornalista Tintim, publicada de forma seriada entre janeiro de 1929 e março de 1930, os leitores queriam mais. Com poucos dias para criar as histórias, Hergé foi prático: misturou lembranças de infância, referências dos cartuns americanos que havia lido e de filmes de Charlie Chaplin para criar Quick, Flupke e o policial que sempre acaba com as brincadeiras dos dois.

Responsável por desenvolver um estilo de desenho conhecido como "linha clara", com um traço fino, quase sem sombras e cheio de cores fortes, que serviu de inspiração para muitos autores que vieram depois, Hergé ficava limitado a apenas duas páginas para contar as histórias de Quick e Flupke no jornal. Ele acabou, então, desenvolvendo uma narrativa concisa, que apresenta uma ideia, explora seus desdobramentos e chega a uma conclusão em poucos quadros. A economia de espaço acabou casando bem com o estilo de "linha clara".

Quase 84 anos após seu lançamento original, o humor em Quick e Flupke pode parecer muito inocente, e traz a marca do conservadorismo do jornal em que o cartunista trabalhava. Mas as aventuras da dupla, que acaba sempre se metendo em confusões com os vizinhos, é um retrato de uma geração e de um tempo em que as brincadeiras eram muito mais simples.

Qualquer um que já tenha lido um álbum de Tintim e apreciado os traços de Hergé pode gostar deste livro. Seus desenhos são vibrantes e ganharam vida na versão colorizada. É interessante notar como Hergé aproveitava o espaço de que dispunha: em alguns casos, segue um padrão de seis quadros por página; em outros, cria quadros maiores ou faz desenhos que tomam uma página inteira.

A Globo promete um novo volume para 2014. Com capa dura, a edição é bem cuidada, mas peca apenas por não contar com um texto introdutório, explicando como as HQs foram criadas e a importância delas dentro da obra de Hergé. Se a ideia era apresentar Quick e Flupke aos brasileiros, o trabalho inevitavelmente parece feito pela metade.

Hergé e Tintim | Artigo

Nota do Crítico
Bom

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