O grupo cristão conservador Palmetto Family, do estado da Carolina do Sul, nos EUA, lançou campanha contra Fun Home, graphic novel autobiográfica de Alison Bechdel. Especificamente, a campanha é contra o College of Charleston, faculdade que está distribuindo a HQ gratuitamente a alunos ingressantes no próximo semestre.
Fun Home
Em entrevista à rede ABC, uma representante do grupo chama o livro de "pornográfico": "Avaliamos todos os livros sugeridos pelas faculdades da Carolina do Sul este ano. Haviam vários com temas provocantes. Este é pornográfico. Não é uma boa opção para gente de 18 anos que vai entrar numa faculdade financiada pelos nossos impostos".
O College of Charleston tradicionalmente sugere uma leitura de verão aos interessados em ingressar na faculdade. Os livros são dados gratuitamente - segundo o Charleston Post and Courier, a faculdade gastou US$ 52 mil em compras de exemplares e uma palestra de Bechdel -, mas ninguém é obrigado a ler.
Fun Home ganhou um prêmio Eisner, virou livro do ano do jornal The New York Times e foi recomendada como clássico moderno pelo jornal The Guardian e pela revista Entertainment Weekly. Na obra, Bechdel reconta sua infância e juventude e a relação problemática com o pai, homossexual não assumido, que foi vitimado pela epidemia de AIDS nos EUA no final dos anos 1970 e começo dos 1980.
Fun Home traz cenas de nu frontal, tanto de personagens masculinos quanto femininos, e uma cena de sexo entre personagens lésbicas. Gay assumida, Bechdel, em declaração, disse que não considera sua obra "pornográfica". A obra já teve problemas com bibliotecas nos EUA em 2006. O Comic Book Legal Defense Fund, organização que defende liberdade de expressão nos quadrinhos, já está envolvido no caso da Carolina do Sul.
Fun Home gerou uma continuação, Você é Minha Mãe?, na qual Bechdel trata da relação com a mãe, lançada no ano passado nos EUA e prevista para breve no Brasil pelo selo Quadrinhos na Cia., da Companhia das Letras. No Brasil, Fun Home foi publicada pela editora Conrad em 2007.
