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Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

15.09.2004, às 00H00.
Atualizada em 20.12.2016, ÀS 02H02

Na seção "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?

Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.

BONE 55 - Última edição

Já faz alguns meses que esse número final de Bone saiu. Mas ainda vale a resenha.

Primeiro, notam-se grandes diferenças entre a primeira e a última edição da série. Apesar de Jeff Smith ter escrito e desenhado todas elas com o mesmo estilo e a mesma narrativa, o que parecia um dos melhores desenhos jamais produzido pela Disney (lá pelas primeiras vinte edições) virou uma cópia de O Senhor dos Anéis.

Isso mesmo. Desde o número 30 e poucos, Smith esticou insuportavelmente uma longa história sobre reis, rainhas, princesas, poderes místicos e objetos mágicos que desembocou numa gigantesca batalha medieval. As personagenzinhas brancas viraram apenas coadjuvantes. E o humor da publicação simplesmente desapareceu.

Quer um ponto positivo? Jeff Smith é um dos melhores desenhistas e storytellers a surgir na última década. Se você gostava do seu estilo no pouco que saiu de Bone no Brasil, pode continuar confiante que continua assim até o final. E mesmo com alguma decepção quanto ao fim da sua (primeira) grande obra, estou esperando ansioso pelo seu próximo trabalho.

X-STATIX 26 - Última edição

Quando Peter Milligan e Mike Allred entraram em X-Force, sentiram o ódio de milhares de fãs do repetitivo gibi. Ganharam, porém, o apoio da crítica, que ficou maravilhada com a concepção revolucionária que a dupla trouxe para os mutantes.

A revista transformou-se em X-Statix, e desde então a boa relação com os críticos diminuiu. Os roteiros de Milligan realmente vinham caindo. Houve uma renovação com a controversa história da Princesa Diana (ok, a Marvel insiste que não era ela), que continuou por algumas edições. Agora, não se sabe se a série está acabando por falta de vendas ou porque não pode sobreviver no mesmo mundo da nova X-Force de Rob Liefeld.

A ironia e o cinismo das personagens faziam todos os outros super-heróis parecerem irreais. O humor pegava as piadas mais ácidas de South Park e às vezes chegava ao patamar de um Angeli. Na pior das edições, havia ainda aquela fina ironia sobre ser herói num mundo confuso. Mais uma grande perda para os quadrinhos.

CHOSEN 3

Lendo a primeira edição desta minissérie, você fica num estado tipo putz, cadê o filme disso aqui?. Quando chega no final, você sabe que, se a intenção de Mark Millar era vender os direitos de Chosen para Hollywood, é provável que não vá ter sucesso.

Porque a idéia é fantástica, bem conduzida, mas mal aproveitada. Você fica esperando que decole, mas nunca sai do chão. Que a história do menino que se diz Jesus Cristo evolua, que acompanhe seu crescimento (aliás, as capas dão a impressão que isso vai acontecer), que Millar mostre mais da sua verve brincando com a Igreja Católica.

Acontece que a história não é sobre isso, mas sim um pouco autobiográfica, sobre ser criança e de repente ter essa experiência mística que é a adolescência. Ou pelo menos essa é a hipótese que se forma no meio da mini. Aí vem o final que acaba tudo de maneira apressada, joga longe todas suas esperanças e faz a gente reconsiderar a idolatria pelo Mark Millar.

Boa leitura, se você esquecer o final.

HULK 75

Bruce Jones está deixando a publicação. Por um bom motivo: acabaram-se suas idéias.

Quem acompanha Hulk no Brasil vai ter que concordar: esta longa conspiração em torno do gigante verde pode até ter algumas coisas previsíveis (e decepcionantes), mas é extremamente empolgante. Seja qual for o desenhista, Jones consegue manter a narrativa com alta dose de suspense.

Mas com tanta preparação... dois longos anos..., as expectativas ficam lá em cima, e a resolução, aquém do esperado (e estou apenas supondo que as últimos números foram uma resolução). Reaparecem várias antigas personagens, algumas misturadas com histórias furadas de clones. O grande vilão é mesmo quem você acha. Quando se chega aqui nessa edição 75, suas expectativas já estão tão queimadas que o roteiro não se leva mais a sério.

Que venha o próximo escritor. Logo.

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