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Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

Lá fora: Os lançamentos norte-americanos

25.10.2003, às 00H00.
Atualizada em 13.02.2017, ÀS 09H03

Na seção "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?

Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.

THANOS 1

Depois do Rei do Crime, é a vez de mais um grande vilão Marvel ganhar sua série.

Thanos, vivendo no exílio ao lado de Adam Warlock, revê sua vida e decide pagar pelos seus crimes. Ele se entrega aos Colonizadores de Rigel, habitantes do planeta que destruiu em sua carnificina pelas galáxias.

É um primeiro número de apresentação. Thanos conta sua história rapidamente e inventa alguma coisa nova para fazer da vida (ou, no caso, da morte), dando motivo para existir sua revista.

Jim Starlin escreve e desenha como se estivesse nos anos 70. Vocabulário empolado, diagramação experimental geométrica e não muitas idéias além de seu trabalho clássico com Warlock vinte e tantos anos atrás.

Só deve agradar quem gosta dessas coisas espaciais.

NYX 1

Joe Quesada - editor-chefe da Marvel - escrevendo e Joshua Middleton - superastro com pouquíssimos trabalhos publicados - desenhando. Chama a atenção, né? E não é de todo mal.

Quesada não é tão criativo nos roteiros quanto em seus desenhos, mas tem ótima noção de estrutura e diálogos. Middleton faz um trabalho sensacional com pin-ups e é um bom desenhista, mas não sabe aproveitar a página de quadrinhos. A diagramação é muito estática.

A história? Kiden, 16 anos, garotinha rebelde nova-iorquina, festa toda noite, problemas em casa, dor-de-cabeça na escola, poderes mutantes. É um filminho de high school, do herói ou heroína se metendo com encrenqueiros e tendo que dar um jeito de sair na melhor. Entram poderes e efeitos especiais nas últimas páginas.

Só dá pra julgar melhor daqui a algumas edições. Por enquanto, nada de sensacional para destacar.

BORN 4

A minissérie (leia resenha do nº 1 aqui) apresentou os últimos dias de Frank Castle no Vietnã como uma versão censurada de Platoon. Soldados drogados, cérebros explodindo, pernas e braços voando e cenas que fazem você realmente estremecer durante a leitura. Ou seja, Garth Ennis fazendo o que sabe fazer.

Porém, como eu já disse antes, Ennis não se esforça em bolar um roteiro inteligente desde Preacher. Born tem bom texto em vários momentos, além das cenas de impacto (não só pela crueza) já mencionadas. Todavia, tem um desenvolvimento previsível. São cenas e cenas repetitivas para dizer os soldados eram maus, outras com aquela velha panfletagem por que os Estados Unidos tiveram que se meter aqui? e a caracterização monolítica de Castle. Falta algo novo.

Também faz falta um desenhista mais consistente. Darick Robertson mantém seu estilo por páginas e páginas e, de uma cena para outra, decide copiar fotografias de algum astro de cinema para montar os quadros. Perde-se o ritmo, a leveza e a clareza que deixariam seu trabalho mais interessante.

HULK: GRAY 1

Super-Homem: As Quatro Estações foi belíssima, Batman: O Longo Dia das Bruxas foi bom e Demolidor: Amarelo teve desenhos sensacionais sem roteiro. A dupla Jeph Loeb e Tim Sale é inconstante, mas seus trabalhos têm um ponto em comum: a oportunidade de parar e analisar com calma cada personagem e todos elementos que o compõe.

A primeira edição da nova minissérie do Hulk é o melhor exemplo dessa modalidade. Recontando a origem do personagem, as ênfases ficam em pequenos momentos, como Banner perdendo a paciência com Rick Jones no hospital, Hulk encontrando Betty pela primeira vez e o próprio momento da explosão da bomba gama. Tudo é analisado calmamente, com todas analogias possíveis. Depois de um tempo, o estilo cansa.

Tim Sale homenageia, desta vez, o trabalho de Jack Kirby. Está nos rostos mais angulares, atmosfera bem carregada de anos 60 e até alguns quadros que são, deliberadamente, cópias do trabalho original do mestre.

Para quem gosta de ver como o desenhista se desdobra e consegue puxar o que os artistas da velha guarda tinham de melhor, é uma maravilha para os olhos.

AVENGERS 71

As páginas que deixaram os leitores americanos eriçados estão logo no início: Hank Pym, nu, miniaturizado e molhado, subindo pela barriga e pelos seios de Janet Van Dyne - após alguns quadros dignos de Valentina na sutileza de explicar a cena.

Geoff Johns é que devia estar eriçado quando escreveu a edição.

Começa com o sexo super-poderoso, e algumas páginas depois você tem o inimigo Tufão passando mãos e língua pelo corpo de Vespa e declarando seu tesão pela vingadora. Vire a página e você tem Hank Pym, novamente nu mas desta vez gigante, sobre as ruas de Las Vegas atacando o vilão. É tensão sexual para todos os gostos.

Johns provavelmente está tentando chamar a atenção do público que diz Vingadores de verdade eu leio em Ultimates.

Seu último arco de histórias, Red zone, tentou seguir o estilo da linha Ultimate, mas não foi muito feliz. Se violência não dá certo, que se parta para o sexo. Ao menos, agora os leitores lembram que a série clássica ainda existe.

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