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Crítica

Magi - O Labirinto da Magia | Crítica

Volume 1 expõe as similaridades do mangá de aventura com outros sucessos do gênero

21.08.2014, às 13H34.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H24

No posfácio da primeira edição de Magi - O Labirinto da Magia, a autora Shinobu Ohtaka diz que ofereceu diversos mangás a editores e pensou em desistir de ser mangaká, antes de emplacar Magi na editora Shogakukan. Diante deste primeiro volume mensal, publicado em português agora no Brasil pela editora JBC, dá pra entender por quê: Magi segue à risca a fórmula de sucesso de aventuras como Dragon Ball e One Piece.

Como Goku ou Luffy, o protagonista de Magi, Aladdin, é um garoto puro e ingênuo que parte para aventuras e desafios, em boa medida, porque não tem muita noção dos perigos que enfrentará. Seu trunfo, um dom sobrehumano (Aladdin tem um gênio dentro de uma flauta) que de início parece tão raro quanto a força de Goku ou as frutas do diabo de One Piece. Suas jornadas também se dão em razão de uma caça ao tesouro e os capítulos, como os torneios de Dragon Ball e similares ou as ilhas de One Piece, formam fases de um grande jogo: dungeons que Aladdin e seus amigos atravessam.

O elemento dos dungeons, os castelos e calabouços dos RPGs (que Ohtaka cita literalmente, como numa referência a Dragon Quest), se mistura a cenários e personagens consagrados do folclore indiano, persa e árabe. É de compilações como As Mil e uma Noites que Ohtaka tira os gênios e personagens como Aladdin e Ali Babá, mas sua pesquisa não vai muito além disso; pelo seu caminho, o herói encontra os mesmos tipos de tantos outros mangás: bandos de ladrões, senhores de escravos, aventureiros, donzelas.

A imagem enganosamente fálica que estampa a capa do primeiro volume e o fato de ser um mangá escrito por uma mulher poderiam atrair interesse pelo enfoque dado ao sexo, mas nem nisso Magi se diferencia: o eventual conteúdo erótico é "filtrado" pelo olhar infantil (Alladin se interessa pelo corpo feminino sem malícia, tanto que confunde um gordo peitudo com uma mulher, neste volume) e isso serve de desculpa para o sexismo, como em tantos outros mangás.

O que pode atrair os leitores a acompanhar a série é o potencial de ação e aventura. Falta apelo ao gênio de Alladin (a ideia de um gigante musculoso não é muito original, e a ligação do seu corpo com a flauta não é bem resolvida, tanto no conceito quanto no desenho) mas o universo de dungeons, com suas criaturas e seus mistérios, oferece espaço sem restrições para a criação de Ohtaka.

Magi é o tipo de mangá que funciona pelo descompromisso e que pega leitores pela familiaridade com títulos similares. A julgar pelo sucesso no Japão - duas dúzias de volumes desde 2009, além de anime e HQ derivada - público não vai faltar.

Nota do Crítico
Bom

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