CCXP | Stephen King pode voltar a escrever Vampiro Americano

O primeiro painel sobre quadrinhos da CCXP - Comic Con Experience começou no meio da tarde de quinta-feira com os americanos Scott Snyder e Sean Gordon Murphy acompanhados do brasileiro Rafael Albuquerque. O trio estava lá para falar de Vampiro Americano.

Snyder e Albuquerque são os criadores da série da DC/Vertigo, que este ano começou seu segundo volume nos EUA após quatro anos. Murphy, colaborador frequente de Snyder, já escreveu uma das minisséries derivadas de Vampiro, chamada Seleção Natural.

A mesa foi mediada pelo músico Thedy Corrêa, que começou perguntando sobre o envolvimento do escritor Stephen King na gênese da série - King escreveu uma história que acompanhou os cinco primeiros números da revista, em 2010.

"A editora perguntou se eu conhecia alguém para screver uma recomendação, uma chamada na capa", disse Snyder, que conhecia King da colaboração em um livro de prosa. "Quando ele recebeu a HQ, disse que gostou tanto que disse que algum dia ia querer escrever uma história." King foi convidado para uma HQ curta, de aproximadamente cinco páginas. O escritor renomado acabou escrevendo tanto que Snyder teve que abrir espaço para ele lado a lado com todo o arco inicial de Vampiro.

E King volta? "Sim, claro, a gente já falou disso. Quando a gente chegar perto dos anos 1970, quem sabe a gente consegue ele de volta. Ele é muito fã dos anos 70", disse Snyder, que também levantou o porém de King ser "bastante ocupado".

Acompanhe a live da CCXP

A série começou nos anos 1920 e o arco atual se passa durante o início da Guerra Fria, nos anos 1950. A intenção dos autores é fazer todo o século de história norte-americana e chegar aos dias atuais. Questionado sobre o motivo para ter iniciado nos anos 1920, Snyder disse que é apaixonado pela época de grande otimismo na cultura norte-americana, que incluiu grandes invenções e crescimento econômico (que levaria ao crash de 1929). Mas não só isso: "Se eu tivesse que colocar numa cápsula tudo que me representa, daria Vampiro Americano".

Rafael Albuquerque elogiou o detalhismo nos roteiros de Snyder, que costumam trazer referências bem específicas. "Se ele quer aquela máquina de escrever, ele me manda a foto daquela máquina de escrever. Ele sabe o que quer, e isso é muito bom para o artista."

Já o visual particular dos vampiros americanos - uma raça específica e diferente dos vampiros tipicamente europeus da literatura e do cinema - foi criação conjunta de Snyder e Albuquerque. "A ideia era fazer algo que fose inédito", disse o desenhista brasileiro. "Era reinventar os vampiros para uma nova geração. Sei que é pretensioso falar assim, mas a gente queria uma coisa diferente. Até tem aqueles vampiros antigos, que viram morcego ou outros bichos. Mas a ideia principal era ter um visual impactante, que o leitor identificasse que aquele é o vampiro americano."

Os dois trocaram várias ideias por email, fechando em uma proposta que parecesse "biologicamente real". "Foi assim que a gente chegou no conceito da mandíbula, das unhas, da postura e do gestual", explicou Albuquerque. "Quando eu comecei a pensar na série, estavam saindo muitas coisas com vampiros, como Blade - e os vampiros eram todos cool, que se vestiam na moda, iam na balada", comentou Snyder. "A gente queria voltar ao básico, que eles metessem medo."

Sean Murphy foi questionado se ele inspirou-se nas criações visuais de Albuquerque quando desenhou os personagens. "Sim, ele é muito inspirador", brincou Murphy, que comentou que analisou e utilizou parte da técnica de Albuquerque, como as aguadas em nanquim. "Mas dei uns toques meus, pois acho que a série permite."

Murphy também disse que é apaixonado pela parte de pesquisa quando é convidado a fazer HQs com forte referência histórica. "Tinha uma cena em que o Scott pediu para se passar numa biblioteca, e eu decidi colocar ossadas, artefatos e outras coisas lá, mais do que ele pedia", comentou.

No final, um fã questionou Snyder sobre a diferença entre trabalhar em Batman - personagem que ele escreve desde 2010 - e Vampiro Americano. Para ele, há 180 graus de diferença: "Escrever Batman é empolgante, é atemorizante. Mas o fato é que todo mundo conhece o Batman. Vocês aqui conhecer o Batman melhor do que eu. Mas Vampiro Americano ninguém conhece melhor do que eu. A série tem tudo que eu e o Rafael mais adoramos. O desafio é criar histórias que vocês achem legais dentro das coisas que a gente gosta".