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Mark Millar declara-se contra lançamento simultâneo de HQs impressa e digital

E diz que os quadrinhos deveriam seguir modelo do cinema

05.12.2011, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Em meio à corrida para chegar primeiro ao formato e à dúvida quanto ao que representa o mercado digital para os quadrinhos, pelo menos uma voz está contra a maré. O escritor Mark Millar está divulgando para quem quiser ouvir que é contra o lançamento simultâneo de quadrinhos em versão impressa e digital - e vai espaçar cada vez mais os lançamentos em minissérie, coletânea e digital de seus quadrinhos.

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Millar inclusive divulgou um pôster all-type na semana passada, destacando que a edição de Kick-Ass 2 #5 só está à venda em comic shops. "Não compre digital. Compre gibi!", diz em maiúsculas.

Em entrevista ao Comic Book Resources, o escritor escocês diz que o digital pode acabar com o mercado. "Penso que o lançamento simultâneo é uma ideia desastrosa e não faz nenhum sentido economicamente para os quadrinhos enquanto negócio. Pode arruinar as comic shops, e a longo prazo também não vai ser bom para as editoras. Entendo por que parece atraente num nível superficial. Acham que estão cortando os intermediários e os caras que ficam com uma fatia do bruto, mas existe um número equivalente de custos embutidos no digital, e é esse pensamento a curto prazo que vai acabar com a energia vital da nossa mídia", escreve.

O principal argumento se dá em torno das comic shops, que deveriam ser tratadas com mais atenção e respeito pelas editoras. "Hoje em dia os lojistas são tão importantes para os quadrinhos quanto os personagens e os autores. Não é só uma loja. São comunidades cuidadosamente mantidas, com donos e funcionários de verdade com paixão genuína pelo que fazem de uma maneira que as 'recomendações da Amazon' não substitui."

A solução de Millar seria fazer algo equivalente ao modelo do cinema: o lançamento impresso, em comic shops, equivaleria ao lançamento no cinema para os fãs hardcore; o DVD equivale à coletânea, para os fãs meio termo; já o lançamento digital equivaleria a passar na televisão - a um preço bem menor que a versão inicial, "para os leitores mainstream mais casuais e bem mais barato que a primeira ou a segunda versão. O que é ótimo para atrair gente para o próximo produto que vai sair no cinema ou na comic shop, mas de forma alguma central ao mercado", diz.

"Lançar quadrinhos digitalmente no mesmo dia com preço mais alto é como sentenciar o último à morte. É como um estúdio passar Avatar 2 na TV no mesmo dia da estreia no cinema. Faz tempo que os estúdios falam de lançamento simultâneo, mas de vez em quando alguém pega a calculadora e percebe que se fizerem isso em poucos anos não vai mais conseguir fazer filmes. Destruiriam os cinemas, sua principal fonte de renda, da mesma forma que o lançamento simultâneo pode ser devastador para as comic shops", conclui Millar.

O escritor reforça que não é contra os quadrinhos digitais, mas apenas contra a estratégia atual das editoras de lançamento simultâneo. Quanto a seus próprios quadrinhos, diz que o exemplo está em Kick-Ass 2, que pretende concluir como minissérie em janeiro, lançar em capa dura em maio e fazer versão digital somente no final de 2012.

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