Joanne Siegel, viúva de Jerry Siegel (194-1996), um dos criadores
do Super-Homem, divulgou uma carta aberta à imprensa especializada
(leia)
contestando fatos sobre a vida de seu marido e de sua família que vieram à
tona recentemente. Siegel afirma que parte das histórias contadas por Gerard
Jones em Homens do Amanhã - livro publicado há pouco
no Brasil - são falsas e baseiam-se em deturpações feitas principalmente pela
primeira esposa de Jerry, Bella.
A viúva já havia contestado o livro de Jones, mas o assunto ressurgiu com
a divulgação da morte do primeiro filho de Jerry Siegel, Michael, em janeiro
deste ano. O falecimento de Michael, aos 61 anos, tinha passado despercebido
até ser noticiado este mês pelo jornalista Michael San Giacomo, colaborador
do site Newsarama.
Um pouco de história: Jerry Siegel e Joe Shuster, dois residentes de Cleveland,
criaram o Super-Homem em 1938. Apesar do sucesso e de algum retorno financeiro
inicial, os dois aos poucos foram sendo escorraçados da National Comics (futura
DC Comics) e passaram o resto da vida em más condições econômicas.
Jerry casou-se com Bella em 1939, e eles tiveram Michael em 1944. Eles divorciaram-se
em 1948, quando Jerry reencontrou Joanne - a qual, muitos anos antes, tivera
sido a modelo para Lois Lane. E é aí que começam as divergências.
Michael Siegel tinha sido procurado por Gerard Jones para depoimentos para
Homens do Amanhã, mas sempre recusou-se a falar. Após a primeira edição
do livro, porém, foi atrás de Siegel para corrigir alguns pontos da história.
Na segunda edição do livro, Jones resolveu adicionar algumas das novas informações:
Michael dizia que seu pai fora totalmente ausente após o divórcio, que não
pagava pensão e que nunca mencionava sua antiga família em entrevistas. Guiado
por sua mãe - com quem viveu até a morte desta, em 2002 -, falava ainda que
o pai gastava dinheiro com prostitutas e que só conhecera Joanne na década
de 40, apagando a história de modelo para Lois Lane.
Na recente carta à imprensa, Joanne Siegel ataca Gerard Jones e, principalmente,
Bella Siegel. Diz que Jones exagerou alguns depoimentos de Michael - e que
este possuía memórias manipuladas pela mãe, que viveu amargurada com Jerry
e com o divórcio até a morte. Joanne diz ter provas de que seu marido pagava
pensão alimentícia, de que ele visitava Michael (mas era impedido de contatos
prolongados porque Bella não os permitia) e de que, inclusive, Jerry comprara
uma casa para sua antiga família, fazendo de tudo para sustentá-la mesmo quando
estava perto da miséria total. A viúva ainda afirma que conheceu Jerry quando
posou para seu amigo Joe Shuster como modelo para Lois Lane,
em 1935 - e que esta e outras histórias serão contadas em seu próprio livro,
ainda sendo escrito.
De um terceiro ponto de vista, o jornalista Mike San Giacomo, de Cleveland,
afirma que não há coisa mais fácil do que achar uma senhora na cidade que
diga ter sido inspiração para Lois Lane...
O assunto fica mais complicado com outras partes entrando na história: Brad
Ricca, um professor universitário de Cleveland, está escrevendo um livro e
produzindo um documentário sobre os Siegel, Super-Homem e Cleveland. Veja
o trailer aqui.
Com Homens do Amanhã nas livrarias, um novo pesquisador vasculhando
a vida do criador do Super-Homem, um livro de Joanne Siegel prestes a sair
e uma batalha judicial pelos direitos sobre o herói em pleno curso, este ano
parece movimentado para os bastidores do homem-de-aço, não? Não é por acaso.
Superman: O Retorno vai reinaugurar a franquia cinematográfica do
herói quase septuagenário, o que significa muuuuuiiiiita grana circulando
em torno da propriedade da DC Comics. Agora é esperar pra ver se a discussão
vai chegar à grande mídia junto ao lançamento do filme.
