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Entrevista

Omelete entrevista: o quadrinhista português José Carlos Fernandes

Omelete entrevista: o quadrinhista português José Carlos Fernandes

24.01.2006, às 00H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 11H02

Mesmo com séculos de colonização portuguesa e com uma língua comum a Portugal, os brasileiros têm pouco contato com a cultura portuguesa. A literatura lusitana costuma chegar aqui com mais freqüência, mas o cinema - à exceção dos filmes de Manoel de Oliveira - e as histórias em quadrinhos são pouco divulgados no Brasil.

Um dos poucos artistas da Banda Desenhada - como a história em quadrinhos é chamada pelos portugueses - contemporânea de Portugal a ter seu trabalho distribuído nas livrarias brasileiras é José Carlos Fernandes. Nascido em 1964, formou-se engenheiro ambiental, mas tem se dedicado às narrativas seqüenciais impressas desde 1989, inicialmente para fanzines. Atualmente, seus álbuns, alguns deles premiados no Festival de BD de Amadora, também são conhecidos na Espanha. E, por meio da editora Devir, a série A Pior Banda do Mundo e o álbum com as aventuras do Barão Wrangel já chegaram aos leitores brasileiros.

Seus personagens quase caricaturais (cujos nomes, estranhos a princípio, como Teodoro Roszak e Ambrósia Zwart, poderiam constar de qualquer lista telefônica) estão envolvidos em questões absurdas (colecionar coincidências como cegos se chocando em uma determinada esquina ou verificar o aumento de peso durante o sono) e discussões sem sentido (sobre a métrica recomendada para poemas com rimas graves ou o aumento da entropia), seja nas ruas, nas casas ou em repartições públicas fora do comum (a exemplo do Laboratório Nacional de Histerese Social e Psicologia de Massas ou o Instituto Superior de Cronografia e Ciências Exatas). Embora as histórias pareçam bizarras, a semelhança com a realidade não é mera coincidência. Suas tramas se ambientam em espaços urbanos que poderiam se localizar em qualquer ponto do planeta - o que garante universalidade à obra.

A Pior Banda do Mundo exemplifica o mundo caótico criado - ou intuído - por José Carlos Fernandes: composta por quatro músicos bissextos que insistem em tocar em desarmonia, a banda ensaia 3 horas por dia há 29 anos, mas sem resultados positivos. Já as peripécias do Barão Wrangel exploram o território da intertextualidade com outras narrativas de aventuras, sendo seu protagonista a síntese do aventureiro que pode ser encontrado nas pulp-fictions das décadas de 1930 e 1940, nos seriados cinematográficos da mesma época ou nos quadrinhos da Era de Ouro. No papel de espião, detetive e aviador, o protagonista, que usa um tapa-olho, enfrenta perigos (tigres no meio da selva, bandidos armados, explosões e naufrágios) e freqüenta ambientes luxuosos (hotéis, transatlânticos), onde se envolve em casos misteriosos e crimes brutais, mas sem perder a fleuma de herói.

Nesta entrevista, o artista lusitano fala de sua obra, dá sua opinião a respeito dos quadrinhos europeu, americano e japonês (ele considera o mangá uma pandemia de origem oriental bem pior que a gripe das aves), mostra-se avesso à produção de quadrinhos para a Internet e anuncia os lançamentos de seus álbuns novos, que devem ser distribuídos no Brasil.

Quais são as influências literárias e cinematográficas que você tem em seu trabalho?

As influências literárias mais visíveis são Jorge Luis Borges, Ray Bradbury, Italo Calvino, Franz Kafka, Georges Perec. Mas tenho em igual apreço muitos outros autores, das mais diversas épocas, lugares e escolas literárias: Miguel de Cervantes, Douglas Coupland, António Lobo Antunes, Wislawa Szymborska, Fernando Pessoa, Sam Shepard, Roberto Juarroz, Camilo José Cela, Umberto Eco, Herberto Helder, Walt Whitman, Milan Kundera, E.B. White, Czeslaw Milosz, Andrea Camilleri, Robert Bringhurst, Marin Sorescu, Francisco de Quevedo, Rainer Maria Rilke... É melhor ficar por aqui, senão poderíamos preencher toda a entrevista só falando dos escritores de que gosto.

Quanto a cinema não sou tão abrangente, até porque abomino ou desprezo boa parte da produção atual. No cinema americano aprecio sobretudo o período entre o final dos anos 1930 e o início dos anos 1960 (Billy Wilder, Fritz Lang, Howard Hawks, John Ford, Frank Capra, Alfred Hitchcock, John Huston, Orson Welles, Nicholas Ray, a maior parte do film noir), Francis Ford Copolla e Martin Scorcese (até aos anos 1980), Woody Allen, algum cinema independente americano (David Lynch, Larry Clark, alguns filmes de Quentin Tarantino e dos irmãos Cohen). No cinema europeu: Federico Fellini, Ingmar Bergman, Jacques Tati, Andrei Tarkovski, Jean-Pierre Jeunet.

Ainda no que concerne às influências, que histórias em quadrinhos tem em mente quando cria?

Quando crio, nenhuma. Pelo menos esforço-me por isso. Mas não nego uma grande admiração por Ben Katchor, Dave McKean, Jacques Loustal, Miguelanxo Prado, Hugo Pratt, George Pratt, Chris Ware, Winsor McCay, Alberto Breccia, Hermann, François Bourgeon, François Boucq, Schuiten/Peeters, De Crécy, algum trabalho de Dave Mazzucchelli. Se isso se manifesta na minha BD, não sei.
Conhece o quadrinho brasileiro? Tem algum que tenha gostado de ler ou de
apreciar a arte?
Não conheço praticamente nada. Do Brasil literário conheço e aprecio João Ubaldo Ribeiro (Viva o povo brasileiro) e algum romance de Jorge Amado, alguma poesia modernista (Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar). Acabei de comprar uma espessa antologia de poesia brasileira do século XX, para tentar remediar parcialmente as minhas tremendas lacunas. Mas de quadrinho estou quase a zero.
Apesar da proximidade lingüística e histórica entre Brasil e Portugal há
pouco intercâmbio cultural entre os dois países. No que diz respeito ao
cinema e, principalmente, aos quadrinhos, há poucas trocas. Imagina como poderíamos estreitar os laços entre os quadrinhistas e leitores dos dois países? Tem recebido mensagens de leitores brasileiros que apreciam suas histórias?

Sim, por vezes tenho recebido mensagens de apreço. Inclusive houve quem adaptasse uma história de minha autoria, Todo o sal do mar, para curta-metragem (O gosto de ferrugem, por J. Audaci Junior, realizado em 2005).

Quanto à forma de aproximar os dois países, não sei o suficiente sobre a realidade dos quadrinhos brasileiros para poder fazer sugestões. Em Portugal, em boa parte pela mão da Devir, têm sido publicados Angeli, Laerte, Gonsales, Mutarelli, e creio que, pelo menos os três primeiros são populares.

De qualquer forma, não concordo que exista pouco intercâmbio cultural Brasil-Portugal. Creio que o problema é que, pelo menos nas últimas décadas, as trocas ocorreram quase exclusivamente no sentido Brasil-Portugal, através de uma invasão maciça de telenovelas brasileiras, de sucessivas gerações de músicos brasileiros (de João Gilberto e Chico Buarque a Tom Zé e Adriana Calcanhoto) e também de alguma literatura brasileira (de Jorge Amado a Rubem Fonseca). E já nem falo de Paulo Coelho e jogadores de futebol...

Por intermédio da Devir alguns álbuns de sua autoria chegaram ao Brasil. Pretende fazer novos lançamentos por esta editora? O álbum Coração de Arame está esgotado? Há possibilidade de uma nova edição?

Vou continuar a publicar pela Devir, com a qual tenho contrato de exclusividade. Da série A Pior Banda do Mundo, saiu agora o quinto volume, O depósito de refugos postais. E o sexto (que está terminado há 2 anos) sairá em 2006 e há pelo menos mais 3 volumes planeados. A Agência de Viagens Lemming, que saiu no verão passado no jornal Diário de Notícias, ao ritmo de 1 página por dia, vai ser compilada em livro e publicada ainda este ano (ou no início de 2006). Estou agora a trabalhar nas artes finais do segundo volume da Agência de Viagens Lemming, mas não sei se haverá um terceiro volume. A série Black Box Stories, com guião meu e vários desenhistas, vai ter o primeiro volume (com desenho de Luís Henriques) publicado em abril de 2006 e terá pelo menos mais meia dúzia de volumes (há mais quatro desenhistas trabalhando no projeto).

Há outros livros publicados pela Devir, Um catálogo de sonhos e A última obra-prima de Aaron Slobodj, que não sei se tiveram (ou vão ter) distribuição brasileira.

Coração de arame ainda não esgotou em Portugal. Por isso, é provável que a Devir portuguesa possa enviar mais exemplares para o Brasil.
Há uma história, editada na revista Selecções BD, sobre dois jovens que se apaixonam por uma garota durante as férias de Verão. É uma narrativa que termina tragicamente. Este enredo parece distanciar-se de seus trabalhos posteriores. Pode comentar essa narrativa?

A história a que se refere é Todo o sal do mar, que mencionei anteriormente. Até ter iniciado a série A Pior Banda do Mundo, a minha BD oscilou entre um registro irônico-sarcástico e um registro lírico-trágico. O que provavelmente acontece é que este último registro não foi muito divulgado no Brasil.

Possivelmente Coração de arame é o único livro que contempla essa vertente. Sempre tive alguma necessidade de experimentar registros narrativos e soluções gráficas diferentes. Quando, com A Pior Banda do Mundo, consegui (espero eu) conciliar ironia e melancolia, ferocidade e ternura, deixei de sentir necessidade de oscilar entre extremos. Fiquei-me pelo bittersweet.

Todo o sal do mar é uma história essencialmente naïve e simples, cuja sutileza reside na narração elíptica e na linguagem poética.

Como os quadrinhos entraram em sua vida? Costumava lê-los na infância?
De quais títulos e personagens gostava?
Sempre fui leitor de quadrinhos. Não tinha dinheiro para os comprar, mas tinha amigos que me emprestavam. Comecei, como quase toda a gente da minha idade, pelo material da Disney que chegava via Brasil. Seguia atentamente a revista Tintin (que publicava material franco-belga) e a série Asterix. Nunca me interessei pelos comics de super-heróis. Mas li o Asterix tantas vezes que quase sabia as histórias de cor. Astérix tem (ou melhor, tinha) a vantagem de permitir vários níveis de leitura e poder ser apreciado, por motivos diferentes, aos 9, aos 12 aos 16 e aos 20 anos.

De que forma começou sua carreira como quadrinhista? Qual é sua formação?

Sou engenheiro do ambiente e exerci essa atividade até 1999. Comecei a fazer BD no final de 1989, nos tempos livres que me deixava a engenharia do ambiente, e em 2000 ganhei uma Bolsa de Criação Literária do Ministério da Cultura e decidi correr o risco de me dedicar em exclusivo aos quadrinhos e ilustração. A minha formação artística é estritamente autodidata. Durante anos trabalhei exclusivamente para mim mesmo, sem pensar em oportunidade de publicar noutro lugar que não fossem os fanzines. Fiz mais de um milhar de páginas assim, para auto-recriação. Depois da passagem bastante acidentada por 2 ou 3 editoras (entretanto naufragadas), acabei por ser recolhido pela Devir e estou muito satisfeito. Foi mesmo a melhor coisa que me poderia ter acontecido. Hoje continuo a fazer BD para auto-recriação, mas com a grande vantagem de ter a certeza de haver uma editora que a publica e promove.
Como está o mercado editorial de quadrinhos em Portugal? Existe algum
movimento que congregue artistas e gere produções? As bedetecas (como os portugueses denominam as gibitecas) conseguem incentivar a leitura e o consumo de quadrinhos e o surgimento de novos artistas?
O país é pequeno, a população lê pouco e a tradição dos quadrinhos, que teve algum peso até aos anos 1960, perdeu-se. Houve um período em que os autores portugueses quase não publicavam - pelo menos obras de caráter pessoal, a publicação didático-pedagógica lá foi sobrevivendo. A situação melhorou muito nos últimos anos graças ao aparecimento de editoras como a Devir e a Polvo e à atividade da Bedeteca de Lisboa, que organiza o Salão Lisboa, e do CNBDI (Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem), que organiza o Festival da Amadora. Sobretudo surgiu um novo público, mais adulto e informado. Daí que, atualmente, a maioria dos autores portugueses publicados possa ser classificada como independente, com livros vocacionados para leitores adultos. Por estranho que possa parecer, não existe entre os autores portugueses e Portugal o equivalente ao mainstream que domina a produção européia e americana. Somos (quase) todos alternativos.

Há intercâmbio entre artistas portugueses e de outros países da Europa?

Portugal é claramente um importador líquido de cultura, quer da Europa quer do Brasil quer dos EUA, e a BD não escapa à regra. Creio que só exportamos literatura (Pessoa, Saramago, António Lobo Antunes) e algum fado (sobretudo o fado-new age liofilizado dos Madredeus). Após décadas sem representação de autores portugueses em Espanha, a Devir publicou-me do outro lado da fronteira; depois seguiram-se Miguel Rocha e Diniz Conefrey. Miguel Rocha tem um livro publicado em França e Filipe Abranches também. Creio que atualmente sou o autor português com mais livros publicados em Espanha. Tenho ido regularmente a festivais de quadrinhos em Espanha, sobretudo no Norte (Galiza, Astúrias, Barcelona), e tenho colaborado com revistas e outras publicações por lá, e feito também muitos amigos.
Qual é sua opinião acerca dos quadrinhos hoje? Como encara a produção
norte-americana? E a européia? Em Portugal os mangás também fazem sucesso? O que pensa dos quadrinhos japoneses (como narrativa, estilo e produto de consumo)? Tem preferência por algum título, personagem ou autor japonês?

Uma resposta adequada a essas perguntas necessitaria de um conhecimento que eu não possuo. Eu faço quadrinhos, mas não sou, nem por sombras, um especialista na matéria.

De uma forma geral, creio que se vive um tempo com possibilidades excitantes, em que coexiste uma grande variedade de registros gráficos e narrativos e isso é muito bom, sobretudo quando penso no limitadíssimo leque de possibilidades a que os quadrinhos se confinavam há apenas 30 anos. Nos EUA o que mais me interessa é a produção dita independente ou alternativa (Ben Katchor, Chris Ware, Daniel Clowes, Seth, Dave Mazzucchelli) ou então obras com forte marca de autor (George Pratt, Jon J. Muth). Num primeiro momento fiquei muito entusiasmado com as produções da linha DC Vertigo e depois percebi que por trás daqueles guiões enredados e pretensiosos só havia vento e misticismo de opereta. Quanto à produção industrial da Marvel, DC & similares é para mim como se não existisse.

A produção mainstream franco-belga provoca-me hoje um enfado similar, embora em tempos tivesse sido seguidor atento. Conheço mal os alternativos europeus, mas infelizmente a maioria parece desenhar com os pés (mal comum aos alternativos de todo o mundo) e há cada vez mais gente que julga que as suas vidas insossas e banais podem dar um excelente roteiro, o que não só é idiota como insuportavelmente narcísico. Mas, insisto, conheço apenas uma pequena fração do que se faz. Gosto muito do grafismo do italiano Stefano Ricci e de algumas histórias do espanhol Luis Duran. Alguns excelentes autores franco-belgas perderam o rumo: Boucq perde tempo a ilustrar roteiros do execrável Jodorowsky, e a última vez que li algo de François Bourgeon tinha-se perdido em vulgaríssimos enredos de ficção-científica-com-raparigas-pouco-vestidas. Resta-me esperar que Dave McKean, sozinho ou em dupla com Neil Gaiman, faça sair um livro novo.

O mangá tem sucesso em Portugal, sobretudo entre os adolescentes, o que é um estranho porque quase não há mangás publicados por cá. Cerca de 90% dos candidatos a desenhistas de BD com menos de 20 anos estão contaminados pelo estereótipo do mangá. Uma pandemia de origem oriental bem pior que a gripe das aves. Conheço muito mal os mangás, e embora amigos meus, que são críticos de quadrinhos e estão por dentro do mangá, me garantam que existem obras-primas, tudo o que vi até agora varia entre o desprezível e o infame. É possível que seja só ignorância minha. Mas tenho dúvidas se algum dia conseguirei achar aceitável um mangá, por muito bom que possa ser o argumento, pois o desenho, padronizado, frio e impessoal, impede qualquer adesão ou credibilidade. Imagine-se que Ingmar Bergman decidira rodar os seus filmes com Barbies e Kens no lugar dos seus atores habituais - haveria gente a comover-se com Morangos silvestres ou Gritos e sussurros? A agravar a minha discordância com o grafismo do mangá está a alternância entre a frieza geométrica do desenho nos momentos mais plácidos de narrativa e o excesso de expressividade (globos oculares esbugalhados, feições deformadas, overdose de símbolos cinéticos, uma verdadeira histeria gráfica) nos momentos mais dramáticos. E já nem falo dos descomunais e pestanudos olhos mangá, que me são absolutamente repugnantes.

Acredita que a Internet será benéfica aos quadrinhos? Alguns
artistas estão criando quadrinhos para as mídias digitais, embora
questões como retorno financeiro e direitos autorais ainda estejam em
aberto. Já pensou em usar a Internet para divulgar sua obra?


Não faço ideia do que se está a passar na Internet no que diz respeito aos quadradinhos. Como leitor, o formato digital não me interessa de todo: para mim, que sou bota-de-elástico, conservador, ler é ler um livro de papel. Ponto final. Creio que a Internet é extraordinariamente útil para trocar informações, divulgar o trabalho dos autores e encomendar livros que não se conseguem obter no mercado local.
A Pior Banda do Mundo e As Aventuras do Barão Wrangel uma autobiografia são álbuns publicados pela Devir de Portugal, que podem ser encontrados no Brasil.

Roberto Elísio dos Santos é pesquisador sênior do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP, jornalista, com pós-doutorado em Comunicação pela ECA-USP, professor da Universidade IMES e autor do livro Para reler os quadrinhos Disney (Editora Paulinas).

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