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Paul Jenkins e J.H. Williams III reclamam da DC Comics em público

Jenkins diz que não trabalha mais nem com Marvel nem DC

09.06.2013, às 00H00.
Atualizada em 23.01.2017, ÀS 22H05

Dois outros quadrinistas vieram esta semana a público posicionar-se contra a situação editorial corrente na DC Comics. O roteirista Paul Jenkins, que saiu das séries Stormwatch e Batman: The Dark Knight, diz que não trabalha mais nem para eles nem para a Marvel. E J.H. Williams III, embora ainda colabore com a DC, não ficou satisifeito com uma decisão recente.

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Williams III comentou com fãs, via Twitter, que queria ter escrito uma das edições do "Mês dos Vilões" relacionada à série que roteiriza e às vezes desenha, Batwoman. "Tivemos [ele o co-roteirista W. Haden Blackman] a opção de fazer um, mas não poderíamos tratar de tudo que armamos nos últimos 2 anos. Em nada. Aí dissemos não".

Além da série nos Novos 52, Williams III é uma figura importante para a editora: vai desenhar a minissérie Sandman Zero, o alardeado retorno de Neil Gaiman ao personagem. Recebendo mais perguntas no Twitter, o artista comentou que a DC "tem o direito de decidir essas coisas, pois são donos dos personagens, mesmo que eu não concorde. Faz a gente se perguntar 'pra quê?'" e que, no geral, sua relação com editora é boa, mas vez por outra há "buracos na estrada".

No caso de Jenkins, o roteirista publicou uma carta aberta no Comic Book Resources, explicando que não trabalhará com Marvel e DC no futuro próximo e que, em termos de HQs, só vai fazer projetos com a Boom! Studios. Na carta, ele diz que seus projetos de maior sucesso, como Inumanos, Sentinela, Origem e sua passagem pelo Homem-Aranha, foram satisfatórios porque ele teve liberdade, "sem ser podado por desmandos editoriais. Faz tempo que a coisa não anda assim."

O Bleeding Cool conversou com Jenkins sobre o assunto, e o autor foi ainda mais incisivo:

"Tive uma relação editorial que durou anos com a Marvel. Nem sempre foi uma relação perfeita, como eu e a Marvel bem sabemos. Mas embora não tenhamos nos acertado em tudo, meu negócio com a Marvel fica entre eu e eles. Os fãs teriam razão de reclamar se eu ficasse fazendo minhas queixas do dia a dia em público e sem motivo. Mas a DC é outro caso, completamente diferente. Por que eu quero falar do que aconteceu durante minha breve participação nos Novos 52? Porque eu fiquei abismado com os autores sofrendo bullying, e fiquei pirado com as coisas que vi no meu tempo por lá. Me deparei com mais ventiras, ameaças veladas - tentativas de justificar comportamento e sistema disfuncionais - do que vi em toda a minha carreira".

Jenkins, que também já foi editor, diz que há dois pesos e duas medidas na editora: em seu trabalho com o personagem Desafiador (na série Universo DC Apresenta), disse que não recebeu qualquer orientação editorial. No caso de Batman: The Dark Knight, teve que fazer e refazer edições, às vezes alheias ao que seu colaborador David Finch (criador da série) queria.

"O grande culpado disto tudo, na minha opinião, é a cultura dos quadrinhos nas últimas duas décadas e meia. Se as coisas vão mal, os autores são o bem mais valioso. São necessários, para tirar a bunda da editora do fogo quando a falência criativa se instaura. Quando os negócios vão bem (putz, os Vingadores bateram 1,4 bilhão), aí os autores são dispensáveis".

Jenkins, que tem os projetos Deathmatch e Fairy Quest na Boom!, reforça que a questão na DC é o bullying com os autores - e dá a entender que o futuro não é bom para a editora. "A DC está no buraco. Lembra da Marvel logo antes dos Marvel Knights. Você que chegue às suas conclusões quanto às semelhanças e conexões [Bob Harras, atual editor-chefe da DC, era editor-chefe da Marvel logo antes de Marvel Knights]. Basta dizer que criaram uma cultura de desonestidade que afeta muitos autores. E o pior é que fazem bullying com os autores. Tentaram fazer comigo, mas eu mandei eles irem pro Inferno".

A editora não se manifestou quanto ao assunto - e nem deve, como é de costume. A DC recentemente encerrou uma coluna mensal dos editores porque os fãs faziam muitas perguntas sobre as reclamações dos autores. Quanto a uma recente "cúpula" de autores que a DC organizou - onde o alto escalão da editora pediu desculpas aos contratados pela situação difícil com o editorial -, um fã questionou a J.H. Williams III se teria sido um "gesto vazio". O autor respondeu: "Deixo para outros dizerem"

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