HQ/Livros

Crítica

Thief of Thieves | Crítica

Criador de Walking Dead mira a TV sem esquecer de fazer boa HQ

10.05.2013, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H58

O pitch está todo lá. A premissa legal: ladrão veterano quer se aposentar mas o passado não permite. O elenco coadjuvante é feito para durar: o filho que quer seguir a antiga carreira do pai, a policial obcecada em prendê-lo, a aprendiz sedutora que ele diz que não quer mas mantém por perto, a ex-mulher, o novo marido canalha da ex-mulher, o antigo receptador... As tramas estilo "impossível ele sair dessa" convencem. A diagramação raramente desvia dos quatro quadros horizontais por página, lembrando storyboard. Tem até uma sacada de produção da série que se assemelha às salas de roteiro.

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Está aí: Thief of Thieves é preparada, empacotada e embonitada para virar seriado de TV. Robert Kirkman, o criador de The Walking Dead, sabe que a grana está lá - e já acertou os direitos com a AMC. Mas há uma diferença substancial em Thief of Thieves: não é só um storyboard para o seriado, mas uma boa HQ.

Kirkman adotou uma bela estratégia criativa: cria as tramas e deixa o roteiro com convidados. Figurinhas competentes, mas não muito famosas, como Nick Spencer, James Asmus e Andy Diggle já fizeram roteiros. Como o próprio Kirkman diz, é um modelo parecido com os das séries de TV: ele é o showrunner que orienta a sala de roteiristas sobre o que cada episódio deve contribuir para a direção geral da série.

O primeiro arco, da edição 1 à 7, foi a apresentação dos personagens. Conrad Paulson, o protagonista, envolve-se num roubo que não queria e - após uma sucessão de clichês típicos de filme de ladrão-herói - mostra-se mais esperto que todo mundo. No segundo arco, Paulson tem que salvar o filho em apuros, cuja namorada foi sequestrada por um cartel criminoso. A trama que terminou na edição 13 deixa um cliffhanger com a entrada de um novo e sanguinário vilão.

Shawn Martinbrough, cara que já circulou por Marvel e DC, tem desenhos e narrativa acima de tudo claros. Como já mencionei, a maioria das páginas é de quatro quadros idênticos, horizontais, cumprindo a função de storyboard. Mas o estilo também dá um ritmo mais do que apropriado à trama estilosa de ladroagem e pilantragem. As cores de Felix Serrano mantêm uma estética padrão na série.

Kirkman é esperto e sabe que Thief of Thieves seria julgada, desde o início, mais como um pitch para série de TV do que quadrinho - ou seja, segundo parte da crítica, um caça-níqueis. Adiantando-se, o autor criou um produto que funciona independente de seu objetivo de forrar o bolso. Thief tem ótimos personagens, trama envolvente e arte competente, o que torna irrelevante se um dia vai cair na telinha. Bom para nós, os leitores.

 

Nota do Crítico
Bom

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