Os 30 anos de carreira estão estampados no rosto dos integrantes do Red Hot Chili Peppers. Por baixo das rugas, no entanto, a banda californiana ainda tem a pegada que chamou atenção nos anos 1990 e 2000. Na última quinta-feira, em São Paulo, na Arena Anhembi, eles tocaram para 34 mil pessoas e exibiram um repertório cheio de hits e sessões instrumentais.
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Foram duas horas de show que relembraram os maiores sucessos, ao mesmo tempo que mostrou o lado mais experimental e técnico que eles exploraram nos últimos anos. Ao lado do sempre agitado baixista Flea, o destaque da apresentação foi o percussionista Mauro Refosco, que inclui berimbau, cuíca e tamborim no som do RHCP.
Antes do Chili Peppers entrar, o Yeah Yeah Yeahs subiu no palco do Anhembi. Com calças e casaco vermelho cintilante, Karen O mostrou um repertório perfeito para aquecer o público - apesar de pouco reconhecido pelos presentes, pois quase ninguém estava ali pela banda. Sem se importar com isso, emendaram músicas como "Cheated Hearts", "Gold Lion" e "Phenomena". "Sacrilege", "Under The Earth" e "Mosquito" fizeram as vezes do último disco lançado em julho desse ano. Apesar de empolgar poucos, o YYYs deixou clara a competência que tem no palco e a esperança para os fãs de voltar ao país em uma turnê solo - dessa vez num lugar mais íntimo e apropriado para ótimo som que faz.
Às 22 horas foi o momento do Red Hot Chili Peppers chegar ao Anhembi com uma estrelinha de Flea. Sob a introdução de "Can't Stop", Anthony Kiedis entrou pulando e circulando todo o palco. O entusiasmo tomou conta do público com "Dani California" e "Other Side", que vieram a seguir. O marasmo que parecia abater os integrantes do grupo nestas três primeiras faixas sumiu ao longo da apresentação.
Mais empolgados em mostrar sucessos recentes do que hits de longa data, Kiedis, Flea e Cia mostraram mais desenvoltura e entusiasmo nas diversas jam sessions que fizeram. Ao lado do guitarrista Josh Klinghoffer, Flea protagonizou ao menos três sessões - era difícil não prestar atenção na atuação do baixista, incansável do início ao fim. E o entrosamento entre ambos, que não surgiu no último show, em 2011, deu as caras dessa vez.
O RHCP não é uma banda de muita conversa ou interação direta com o público - a presença de palco fala mais alto. Nas poucas vezes em que se dirigiram à plateia, Flea fez piadas sobre sexo, bebês, comida e música. Em dado momento, o baixista apresentou Refosco, o percussionista que adicionou alguma brasilidade ao groove da banda. No palco fica nítida a diferença que os instrumentos e versatilidade do catarinense dão ao Chili Peppers; talvez melhor e mais importante ao vivo do que no disco.
O miolo do show diminuiu a empolgação do público, mas deu espaço para os momentos de entrosamento completo da banda. Em faixas de I'm With You, por exemplo, se via a real energia do grupo - foi assim em "Factory of Faith" e "The Adventures of Rain Dance Maggie". O êxtase voltou ao Anhembi com os acordes de "Under The Bridge", mais direcionada aos casais, que também curtiram o cover de "Higher Ground", de Stevie Wonder.
"Ethiopia" abriu o caminho para o último ato do show. Flea e Klinghoffer ficaram frente a frente durante cinco minutos para começar "Californication", que antecedeu "By The Way", o momento de catarse da noite. Para o bis ficaram "Around The World", "Meet Me At The Corner" e "Give it Away", que também foi super comemorada e fez o coro do público suplantar a voz de Kiedis. As mudanças de repertório em relação a 2011 foram suaves, mas suficiente para dar uma cara diferente ao show, que continua tão bom quanto antes.
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