Música

Crítica

Rock in Rio Madri 2012 | Crítica

Apostando no seguro, franquia se impõe como opção de massa ao público latino

11.07.2012, às 15H14.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Certas coisas só se percebem de verdade quando vistas de perto. Esse é o caso do sucesso do "movimento de franquia" do Rock in Rio - festival de Roberto Medina que ganhou o mundo ibérico na virada dos 2000 e já contabiliza cinco edições em Lisboa e três em Madri, a última realizada entre os dias 5 e 7 de julho.

Pitbull

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Incubus

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Foto: Divulgação

rock in rio madrid

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Foto: Divulgação

Red Hot Chili Peppers

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Gogol Bordello

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David Guetta

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Apesar das piadas óbvias relacionadas ao nome e a localização do evento, a ideia da produção tem suas vantagens. Sem querer se firmar como lançador de tendências ou descobridor de caminhos musicais, o RiR aposta no certo e seguro, e se impõe como boa opção de festival de massa ao público latino.

Tanto que, além de Portugal e Espanha, já tem marcada sua primeira parada em Buenos Aires para 2013, meses depois de voltar à terra natal. Além disso, há boatos de edições no Peru e México para 2014.

A fórmula certeira e pouco arriscada é composta por artistas de primeira linha das rádios FM - que, sabe-se bem, segue um padrão de medalhões por boa parte do Ocidente. Basta olhar o line-up dos dois últimos dias desta terceira edição do RiR Madri, que o Omelete conferiu in loco, no verão espanhol de 35º C. A banda californiana Red Hot Chili Peppers foi a estrela de encerramento, ao lado de Incubus e Gogol Bordello - que não é hit, mas diverte qualquer público mais animado.

A noite anterior - acerto da organização - foi customizada para aproveitar a boa fase do eletrônico pop e o gosto dos espanhóis pelas batidas (estamos na terra de Ibiza, afinal). O palco principal contou com um line-up de DJs liderado por David Guetta e Pitbull.

Em comparação à versão brasileira, o RiR Madri é menos gigantista e tem público mais comportado (alguns usariam o termo "civilizado"). Assim como no Brasil, acontece também em um complexo construído especialmente (la Ciudade del Rock) em Arganda del Rey, a 30 quilômetros de Madri - com direito a tirolesa, roda gigante e grama artificial para segurar a poeira do lugar. Apesar do clima árido, que castiga os presentes, a vantagem do verão europeu é ter um sol a pino até quase dez da noite, o que só aumenta a festa.

Em um clima assim, fica divertido ver a guerra de Guetta e Pitbull pela preferência do público latino.

O primeiro entrou no palco com ritmo do popstar que é, meio a um show de fogos de artifício. Guetta se aproveitou do ritmo de boate criado pelo DJ (também francês) Martin Solveig, um dos parceiros de Madonna no seu último álbum, MDNA.

O produtor leva a vantagem pela sua popularidade e técnica - que gera boatos de que leva sets prontos para seus shows. Pitbull, em contrapartida, abusa da latinidade, sua marca registrada.

De bigodinho safado, com apoio de uma banda, canta e reinventa hits. Alguns são dele (como "I Like I", parceria com Enrique Iglesias), outros parecem inevitáveis e ouvimos até "Ai Se Eu Te Pego", do brasileiro Michel Teló.

Improvisa também sobre "Seven Nation Army", do White Stripes, hino extraoficial da torcida da seleção espanhola ao ganhar a Eurocopa, uma semana antes. Com isso, não há técnica de David Guetta que sobreviva.

No segundo dia, depois do esquenta cigano do Gogol Bordello e um show "para fãs" do Incubus - que foi de "Privilege" a "Sick Sad Little World", passando por "Anna Molly" e "Love Hurts" - o Red Hot Chili Peppers liderou o momento mais animado do festival madrileño.

Prata da casa, os californianos fizeram sua quarta participação na franquia do Rock in Rio - contando duas no Brasil e uma em Lisboa.

Batendo nos trinta anos de carreira, os californianos são hoje o tipo de banda que arruma mais assunto com autobiografias do que com sua música. Mas não por isso fazem um show ruim.

Entre um Kiedis cinquentão e um Flea cada vez mais fora de órbita, o RHCP é escolado e ainda se segura sem virar caricatura. Passam rapidamente pelo último disco (I'm With You) e mergulham de cabeça em outros hits - "Suck My Kiss", "Californication", "Under The Bridge", "By The Way" e "Give It Away".

Assim como o Rock in Rio, os californianos dão certo ao investir no repertório conhecido e seguro. Banda certa, festival certo, público certo.

Eduardo Viveiros viajou a convite do Submarino

Nota do Crítico
Bom

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