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Artigo

<i>O retorno do incrível Hulk</i>

<i>O retorno do incrível Hulk</i>

25.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 23H04
O retorno do incrível Hulk
5 ovos!

Um clássico trash!

Que teria acontecido entre o fim do seriado e o início desse novo filme?

A série original terminou de repente em 1982, sem que o atormentado Dr. Banner encontrasse a cura de sua maldição. Pois é, já no começo do filme, encontramos nosso protagonista trabalhando nisso. Para variar, usava um nome falso, David Banion. Prestes a concluir um novo projeto Gama para uma empresa de renome, o cientista pretendia, na verdade, erradicar o Golias Verde de suas células.

Duro de engolir, não? Será que, em todos esses anos, ele não se tocou uma vezinha que já não se transformava mais no graudão.

Além de voltar a trabalhar na sua área, Banner agora morava num casarão à beira da praia, na companhia da jovem (e atraente, claro) pesquisadora Maggie Shaw. Em suma, sem estresse e vivendo numa boa, o cara estava mesmo era procurando sarna para se coçar.

E não é que encontrou? A sarna veio na forma de seu ex-aluno, um certo Dr. Donald Blake, interpretado pelo topetudo Steve Levitt. No exato momento em que Banner estava prestes a apagar a radiação de seu corpo, o aparelho foi desligado pelo rapaz.

Pelas barbas de Odin!

Blake havia deduzido que Banner, dado como morto no seriado, estava vivo e feliz, trabalhando no tal projeto gama. Assim, decidiu fazer uma visitinha e revelar um evento que recentemente mudara sua vida. Entusiasmado, ele narrou uma estranha experiência que viverá em uma montanha na Noruega. Abrigado em uma caverna, havia encontrado o túmulo de um guerreiro viking. Nele, deparou-se com o esqueleto de Thor, um orgulhoso guerreiro amaldiçoado por Odin; Blake conclui dizendo que o martelo que ali encontrara emitia raios ao ser tocado.

Banner, lógico, não dá muito crédito à fantástica narrativa. Desacreditado, seu pupilo, que levava o martelo na bolsa, invoca a presença de Thor ao gritar: Odiiin!!!

Pausa para explicações: Nesse ponto os fãs do Deus do Trovão já devem estar com a pulga atrás da orelha. Afinal, assim como na mitologia nórdica, o Thor dos quadrinhos é um deus e filho de Odin, o senhor de Asgard. O Doutor Blake foi a primeira identidade mortal do guerreiro.

Odin transformou-o em mortal a fim de lhe ensinar o valor da humildade. Blake era manco. Por isso, usava uma bengala, a qual, ao bater no solo, devolvia-o à sua condição divina. A bengala, por sinal, transformava-se no martelo encantado Mjolnir, que só poderia ser erguido por Thor, ou alguém tão valoroso quanto. No filme, o Dr. Banner ergue-o como se fosse de isopor. Além disso, aqui, Blake e Thor são duas pessoas diferentes.

Entretanto, deixando os preciosismos de lado, temos um Thor mais condizente com as limitações do orçamento. Interpretado por Eric Kramer do seriado cômico The Hughleys, ele usava uma estranha armadura com pêlos nos ombros e calças de couro. Do visual dos quadrinhos, apenas o elmo e o martelo sobraram.

E não pense que essa era a única diferença do original!

Em vez de falar com erudição, Thor estava mais para um fanfarrão... para desespero de seu tutor na Terra. Em meio a raios, ele se materializou com sede e muita irritação. Descontando sua frustração na aparelhagem, levou um pito de Banner. O Viking, claro, não gostou nada da bronca e espancou o frágil doutor sem saber que cutucava a onça com vara curta.

Gigantes no Ringue!

Aí é que começa a alegria dos fãs, saudosos dos memoráveis combates que ambos já protagonizaram nos quadrinhos.

Thor arremessou o azarado protagonista sobre um dos computadores. Este foi eletrocutado e, enfim, deu lugar a seu esverdeado alter ego. Extasiado, Thor gargalhou e partiu para a briga. Acontece que o Verdão era osso duro de roer. No ápice do confronto, o guerreiro nórdico apelou para seu martelo encantado ao som de uma frase faria corar Stan Lee: Vou mandá-lo para o inferno, seu cara feio!

Mesmo aliada a tamanha erudição, a arma e seus raios não nocautearam o Gigante Gama. O combate só cessou quando Blake usou o martelo para banir Thor novamente para o Limbo. Assim, findou-se o clímax da aventura. Agora, o roteiro precisava preencher a hora seguinte com conteúdo capaz de prender o expectador a cadeira.

Não foi fácil e a solução foi de matar. Sinta só. A namorada de Banner foi seqüestrada por um grupo de militares corruptos a fim de chantageá-lo para obter os segredos de seu equipamento gama.

O pior é que Thor e Hulk fracassaram miseravelmente ao tentar deter o helicóptero que levava a mocinha. É triste a cena em que os dois, dependurados na aeronave, não conseguem trazê-la ao chão; ainda mais se sabermos que, no antigo seriado, o Verdão já fizera isso sozinho com um pé nas costas. Pelo visto, os anos de inatividade enferrujaram sua musculatura cor de abacate...

Pagando o mico

Baixada a poeira, chegou a vez de Thor dar uma descontraída pela cidade. Ele bebeu e dançou com o mulherio, encantando-se com as mágicas modernas que só um chuveiro pode proporcionar. Enfim, era um brucutu muito mais carismático que Hulk e seus grunhidos, garantindo o alívio cômico do filme

Desnecessário dizer que, juntos, os heróis encontraram os bandidos e deram um corretivo neles. A cena teve direito a Thor empunhando uma tampa de lata de lixo como escudo e interceptando tiros com o martelo.

No final, temos a meiga cena da dupla correndo lado a lado num beco, selando de vez sua amizade. Então, como tinha de ser, Banner abandona sua amada e cai na estrada ao som de sua música melancólica preferida.

Escrito e dirigido por Nicholas Corea, veterano diretor de vários episódios do seriado antigo, o filme só não decola por não decidir se segue a fórmula consagrada ou se investe mais na fantasia, proporcionada por Thor.

A tosqueira foi ainda realçada pelo orçamento minúsculo, que não deixou os dois brutamontes quebrarem mais coisas. E filme do Hulk com pouca quebradeira deixa gosto de quero mais. Até a maquiagem do monstro perde se comparada à do seriado. A peruca, de um tom verde meio fosforescente, lembra uma vassoura arrepiada.

Em contrapartida, é bom ver a criatura enfrentando, por fim, alguém capaz de revidar seus poderosos sopapos. Só faltou mais pancadaria. Os dois ficaram amiguinhos muito rápido.

Exibido originalmente em 22 de maio de 1988, o filme foi um dos cinco programas mais assistidos naquela semana na rede americana NBC, desempenho suficiente para garantir um novo capítulo no ano seguinte.

O DVD, produzido pela produtora Cinemagia (que já lançou National Kid e Zé do Caixão nesse formato) chegará às lojas na segunda quinzena de julho de 2003. Trará como extra vários artigos sobre a série clássica.

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