Séries e TV

Entrevista

Omelete Entrevista: Milo Ventimiglia, o Peter Petrelli de Heroes

Omelenautas mandaram suas perguntas ao ator

13.11.2008, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 02H03

No final de outubro, em parceria com o site Collider, pedimos aos leitores do Omelete que mandassem suas perguntas para Milo Ventimiglia, o Peter Petrelli de Heroes. Com a estréia brasileira da terceira temporada da série no Universal Chanel (14/11, 21h), publicamos a conversa com o ator, que respondeu perguntas de oito omelenautas e nos recebeu em seu escritório em Los Angeles.

Conversamos sobre quadrinhos (ele está lançando sua própria HQ, Rest), Heroes, Rocky, Rambo, Internet, fãs... Foram 30 minutos de conversa, que você lê abaixo ou assiste (em inglês, sem legendas) nos players. Cada vídeo tem os melhores momentos em texto abaixo.

Divirta-se!

Você, claro, é um fã de quadrinhos. Como você se envolveu com a idéia de escrever um gibi próprio?

Milo Ventimiglia: Vou começar do começo... quando eu era moleque, uns 8, 10 anos, meu pai me levava comprar gibi em Orange County. Uma vez por semana íamos lá. Eu adoro gibis. Já na época eu lia qualquer coisa que aparecesse. Conforme fiquei mais velho deixei os quadrinhos meio de lado, mas agora voltei com tudo já que estou escrevendo Rest. Desta vez estou do outro lado, como contribuidor. A história se baseia em um roteiro de Michael Sullivan. O texto estava meio cru, mas com a greve dos roteiristas de Hollywood não podíamos contratar ninguém para ajudar. Então levamos a idéia para a Devil´s Due Publishing e a apresentamos como um projeto de quadrinhos. Eles adoraram o conceito, então...

Fale um pouco sobre a história, por favor.

Rest parte da descoberta de uma droga que elimina a necessidade de sono das pessoas. Nosso protagonista é John, um cara que trabalha demais, não tem vida pessoal, não faz nada de interessante e não tem tempo pra nada. Até que ele encontra esse outro cara, que lhe oferece uma oportunidade única: servir de cobaia para essa droga. E a vida dele muda. Ele subitamente tem todo o tempo do mundo e o aproveita como pode. A droga é perfeita. A versão que ele toma é a mais moderna de todas - e aí entra um dilema moral dele, quando percebe que seu amigo, que usou uma versão anterior, começa a enlouquecer. O que ele deve fazer? Privar-se de algo que funciona tão bem para ele ou deixar que ela seja lançada no mercado e potencialmente prejudique milhões?

Na arte ele se parece com você.

É. Demos meu rosto a ele. Foi uma idéia que surgiu durante a criação, de olho em um filme potencial... seria incrível interpretar esse sujeito. Para a história em quadrinhos estou meio que funcionando como um produtor - reunindo a equipe, negociando... eu e meu sócio estamos muito envolvidos em todo o desenvolvimento. Será uma série em cinco edições inicialmente e já a temos toda delineada. A primeira edição já está nas comic shops e temos planos de lançar um segundo volume.

É interessante como a idéia era um roteiro de filme, virou gibi e agora pode voltar ao cinema.

Quando decidimos transformá-la em HQ tivemos a preocupação de torná-la a melhor possível naquele formato. Claro, queremos adaptá-la para as telas, mas era muito importante para nós que ela ficasse perfeita nas páginas primeira, ou nunca funcionaria a contento como filme. O que mais gosto nesse conceito é como todo mundo pode se relacionar com a idéia... Todo mundo gostaria de ter mais tempo.

Já parou pra pensar que neste momento deve haver alguma empresa farmacêutica pesquisando isso de verdade?

Com certeza tem alguém pensando nisso. É isso o que mais gosto no gênero de ficção científica. A boa sci-fi é algo que mexe com coisas que estão quase acontecendo... coisas que gostaríamos que existissem.

Para quem está por aqui ou no Brasil, onde dá pra comprar a revista?

O site Devilsdue.net vende para lojas e leitores. Eu fiz uma sessão de autógrafos na Golden Apple [excelente comic shop em Los Angeles] esses dias e foi muito legal. Foi ótimo misturar os dois mundos, o dos fãs da série Heroes e os dos leitores de quadrinhos. E ver aqueles moleques pequenos na fila, como eu mesmo fui um dia, foi ótimo!

Falando em Heroes, vamos passar para a série.

Claro. Hoje cedo eu estava dando uma entrevista de rádio e o cara me perguntou "você pode fazer uma breve recapitulação do que aconteceu até aqui na história?" - o cara tá doido! Que coisa para perguntar...

Você está no meio das gravações, certo?

Sim. Estou filmando o episódio 50. Essa semana foi ao ar o episódio 8 [dia 10 de novembro], "Villains".

O que você está achando desta temporada? O que temos pela frente que te empolgou?

Esse é um trabalho ótimo. Chego lá, encontro amigos, gosto da direção da série. Às vezes os roteiros são ótimos, às vezes não. Tem horas que eu fico de queixo caído. Outras simplesmente não sei o que fazer com o material e peço para dar uns palpites. Felizmente temos roteiristas muito pacientes que entendem o temperamento dos atores. Bom, sobre a empolgação, estou gostando muito que Peter [cuidado com o Spoiler - marque o texto]perdeu seus poderes no final do Episódio 6. Eu adoro esse conceito, como ele foi de um extremo a outro. O que vai acontecer? Isso vai mudá-lo? Essas coisas me empolgam.

O arco de histórias em que vocês estão trabalhando agora é o "Fugitives". O que ele tem de especial?

O arco mostra, claro, "Fugitivos" - alguns de nós que estão na estrada, correndo de algo. E há os de nós (ou deles, ehehe) que estão caçando os outros. Eu gostei da idéia de quebrar a temporada em arcos, assim não precisamos esperar tanto, 24, 25 episódios pela resolução. "Villains" acaba no episódio 13 e pronto. A partir do 14 temos uma história toda nova.

Sim, e fica a impressão que as coisas estão realmente acontecendo. Gosto disso. Não há enrolação. Como ator você prefere essa abordagem?

As coisas acontecem muito mais rápido. Mas ao mesmo tempo, como ator, você tem que se preocupar não apenas em levar a história adiante, mas também estabelecer relações entre os personagens. Tem que haver espaço para isso também.

Nós pedimos aos nossos leitores que enviassem perguntas a você. Vamos a elas?

Bacana!

Pergunta de Fernando Beluci - Você acha que a história de Heroes está seguindo na direção de uma "dinastia Petrelli"?

Sim, Fernando. Eu acho que existe uma influente Dinastia Petrelli na série - tem o pai Petrelli, Angela Petrelli, Nathan e Peter. Há a filha biológica de Nathan e agora há a chance de Sylar ser um irmão. A dinâmica entre os Petrelli é interessante, no mínimo.

Pergunta de Priscila Fernandes - Quando você ficou com o papel de Robert Balboa Jr. você já havia notado que tem uma semelhança física com Stallone?

Como gozação, algumas pessoas já tinham me falado isso. Me chamado de Sly, de Stallone por causa da boca torta. Mas isso funcionou a meu favor quando fiz a reunião para discutir o trabalho. Eu e Sly estávamos conversando sobre alguma coisa e ele fez uma piada. Eu dei risada e quando faço isso fica bem evidente que minha boca vai pra um lado só. Ele percebeu isso e disse ao diretor de elenco "ei, a boca dele é torta como a minha". Então isso criou uma certa conexão entre nós.

Eu entrevistei ele para Rambo e fiquei assustado. O cara é gigantesco.

Ele é, cara. Enorme. Adoro o cara. Ele é um artista. Eu realmente creio nisso. Ele é. De verdade. Em todos os sentidos da palavra.

Pergunta de Nayara - Você assistiu Rambo IV?

Quer uma história bizarra? Eu assisti ao último Rambo no Afeganistão. Eu estava lá na imigração, esperando autorização pra sair do país e enquanto isso assistia ao novo Rambo.

Outra pergunta de Nayara - Você trabalharia de novo com Stallone?

Sem a menor dúvida. De qualquer jeito. Se ele quiser atuar junto, estou dentro. Se ele quiser me dirigir em qualquer coisa, estou dentro. Se ele quiser escrever alguma coisa, ótimo.

Pergunta de Diego - Eu conheci seu trabalho em Gilmore Girls. Você gostou do desfecho da história de Jess? Se fizerem um episódio de reunião ou um filme você o faria?

Eu concordo com o Diego. Gosto do jeito que a história de Jess terminou. Ele amadureceu, tornou-se um cara que muitos de nós gostariam de ser. Ele não foi apenas um punk espertinho tentando se dar bem. Ele refletiu muito sobre sua vida e a colocou em um rumo bom. Eu fiquei muito feliz e agradeci os roteiristas pela oportunidade e o desfecho. Ele melhorou, mas ao mesmo tempo tinha aquele "quê" do Jess antigo. Quanto a voltar... eu não sei. Não acredito.

Pergunta de Gabriel - O que você faz nas horas livres? Quais são seus hobbies?

Eu trabalho no meu tempo livre... Bom, eu tenho um hobby, apesar do meu sócio me dizer que se eu quiser me profissionalizar tenho futuro, eu gosto de fotografia. Eu tenho documentado tudo desde o começo da minha carreira no cinema e na TV com uma câmera Horizon 202 panorâmica, uma câmera russa. Eu espero em algum momento ampliá-las... na verdade, tem uma ali [mexe na câmera e mostra uma foto emoldurada na parede]. Essa é minha. Tirei perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles. Eu curto fotografia. Eu gosto das minhas fotos, mas isso não significa que outros também as acharão - eu gostaria de lançar álbuns pequenos, temáticos, tipo com fotos de Heroes, não sei.

Pergunta de Marco Antonio Kawassaki - Eu li que você fez teste para ser o Clark Kent de Smallville e agora você é quase o Super-Homem em Heroes. É você que persegue esse tipo de papel ou eles vêm até você?

Eu nunca persegui determinados tipos de papel. A conversa sobre Clark foi uma reunião há muito tempo, muito antes do programa sequer começar a ser delineado. Eles me perguntaram o que eu achava, eu achei legal - mas não sou o Tom Welling. O cara é fortão e não sou nem perto disso. Quanto aos super-heróis, minha preocupação é se o personagem tem um bom arco e se será bom de interpretar, é isso que me importa.

Pergunta de Nilton Brotto - Eu encontrei no YouTube um vídeo seu imitando um coelho louco. Que é aquilo?

Nilton Brotto é um nome ótimo. [Nota dos editores: O som de "Brotto" no sotaque de Steve, nosso correspondente em Los Angeles, soa muito como "Brothel", ou "bordel" em inglês, daí a animação dos dois]

O vídeo do coelho

B-R-O-T-T-O. Esse cara deve ser muito feliz.

Animal. Bom, aquilo é um vídeo de fã de um vídeo de fã. Meus amigos começaram a me gravar fazendo qualquer merda do dia a dia. Tipo regar meu gramado de smoking antes de sair para o Globo de Ouro - história verdadeira, eu fiz isso. Escovando os dentes, comendo macarrão com queijo, engraxando os sapatos antes de uma festa. E eles colocaram essas bobagens no ar. Pessoas ao redor do mundo - França, Israel, América do Sul - eles começaram a fazer suas próprias versões desses vídeos, baseadas em mim. Uma menina na França, Julie ou coisa parecida, fez um vídeo dela amarrando uma gravata borboleta, imitando um desses vídeos... e outro cara meio que me zoou, um britânico, acho, e aí tivemos a idéia de parodiar uma dessas homenagens. Juntamos umas porcarias aqui, era Páscoa, e fizemos aquilo. E as pessoas acharam que eu pirei. Foi uma experiência estranha ver as reações depois e o tamanho da atenção que essas coisas recebem na Internet.

É um tipo de interação bacana entre você e os seus fãs.

Foi muito divertido.

Pergunta de Aleph - Uma vez você disse em uma entrevista que gostaria de ser Dick Grayson (Robin) no cinema. Você já procurou seu nome no Google e encontrou uma montagem com seu rosto no uniforme de Asa Noturna?

Sim. Eu já vi. Mas isso é algo que eu duvido muito que vá acontecer um dia, Robin ou Asa Noturna. Eu sou um realista. Quando eu era moleque sempre achava que tinha que dizer alguma coisa. Hoje eu dia uso a regra do "cale a boca". Se não sei muito bem o que responder, melhor ficar quieto e parecer bacana. Essa declaração do Robin é típica minha de uns anos atrás - tentar cavar algo falando alguma bobagem dessas. Entendi hoje que essas coisas te perseguem. Todo mundo fica perguntando se vou ser Robin ou Asa Noturna... Não, não vou. E acredite, se algum dia eles resolverem colocar um Robin ou um Asa Noturna em algum filme, não serei eu o escolhido.

É interessante essa conversa, pois ontem Christopher Nolan finalmente falou a respeito do terceiro filme. Disse que só fará se a história for perfeita.

Cara, ele é incrível. Respeito muito isso. Ele é a antítese dos caras que só enxergam os cifrões e apressam as coisas, apostando só no visual, para fazer o caminhão de dinheiro logo. O cara é fogo. Sabe qual filme dele que eu gosto? O Grande Truque. Incrível! Bom demais.

Bom, já tomamos demais seu tempo. Valeu mesmo pela conversa.

Foi um prazer, cara!

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