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Os desenhos animados do Hulk

Os desenhos animados do Hulk

30.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14
Desanimado, porém clássico!

Tudo começou em 1966, quando os primeiros heróis da Marvel chegaram às telas pelas mãos das picaretas produções do estúdio Grentel-Lawrence. Eram desenhos toscos, adaptados às pressas dos gibis que saíram até então nos Estados Unidos com os heróis criados por Stan Lee e Jack Kirby. E, no pacotão estava nosso modesto Hulk.

Por incrível que pareça, não foi feita ainda adaptação mais fiel e deliciosa do gigante esmeralda para as telas. Como são transposições literais dos primeiros gibis do Verdão é até engraçado notar o quão crua estava a idéia inicial. Temos um mostrengo falastrão de meros dois metros de altura, que sequer rasga as roupas direito ao se transformar. No piloto, ele ainda usa sapatos, por sinal. Sem falar naquele datadíssimo clima de guerra fria que só os anos 60 podiam proporcionar.

Não a toa, a revista não foi muito bem aceita na época. Em compensação, o desenho foi muito popular - levando para a TV os roteiros de Stan Lee (não muito inspirado) e o traço puro de Jack Kirby - em especial nestas bandas, onde foi exibido nos anos 60, na TV Paulista; nos 70, no antológico programa do Capitão Aza; e na Rede Globo até os anos 80. Depois disso, só na memória dos saudosos.

Curioso é que, em sua primeira dublagem, o amigo do verdão, Rick Jones, teve seu nome abrasileirado para um simpático Ricardinho. Nosso herói ainda apareceu como convidado especial também num dos episódios da série de Thor, que é do mesmo balaio Marvel. Assim como suas séries irmãs, o que mais marcou foi o tema de abertura em sua versão nacional. Sinta só:

Pobre Bruce Banner
Por lindo cano entrou
Exposto a raios gama
No feio Hulk virou
Verde o monstro
É incompreendido
Grosso, massa
Luta por ser querido
Na fossa, vive o Hulk! Hulk!, Hulk!







Confira aqui o Guia completo dos episódios desse jurássico desenho. Note que cada capítulo era dividido em três segmentos com títulos independentes.

Enfim, animado

Eis que em 1982, o Hulk ganha seu primeiro programa bem feito. Ou quase. Após fazer uma ponta num dos episódios do descolado Homem-Aranha e seus incríveis amigos, no qual conhece os heróis quando estes viajam para Hollywood - a fim de acompanhar as filmagens de uma película sobre o Aranha - o Verdão teve nova chance na telinha; ainda mais após o impulso recebido pelo seu seriado live-action, que catapultou sua popularidade mundialmente.

Nessa série foram feitas algumas pequenas mudanças no original. Betty foi promovida de namoradinha frágil à cientista na Base Gama (algo que Ang lee aproveitou em sua recente versão cinematográfica), O Major Talbot virou um pateta de plantão e Rick Jones ganhou uma cabeleira loira e chapéu de vaqueiro. Sem falar que ele também ganhou uma namoradinha mexicana, Rita, filha do Sr. Rio - proprietário de uma lanchonete próxima a base do exército. Ambas as personagens foram criados especialmente para o programa, que a exemplo do antecessor, durou também treze episódios.

Mesmo abusando de alguns enredos infantilóides, foi outra série que deixou saudades, pois ter sido exibida no Brasil apenas nos anos 80, na Rede Globo.

Alguns dos micos pagos pelo verdejante herói foi ter enfrentado o neto do neto do neto do neto do neto, do filho do Corcunda de Notredame - narrado assim mesmo pelo velhaco Stan Lee - e ter viajado no tempo e disputado no tapa com um homem das cavernas o amor de uma nativa neanderthal. Mesmo assim, a série teve seus bons momentos. É o caso do episódio-piloto, que mostra uma origem fiel aos quadrinhos e os confrontos como Dr. Octopus e o Mestre dos Bonecos.

Apesar da boa animação para os padrões da época (a transformação era o grande momento, com direito raios (?) e giro de 360 graus) havia um elemento no mínimo bizarro: ao retornar ao normal, as roupas de Banner (inclusive seu inseparável guarda-pó) estraçalhadas na transformação, reapareciam impecáveis. Novinhas e bem passadas. Dá-lhe, radiação Gama...

Foi nessa série também que a Mulher-Hulk deu as caras pela primeira vez na TV. Pelo menos, um de seus colabores tornou-se famoso desde então: Paul Dini, que junto de Bruce Timm, revolucionou os desenhos do Batman nos anos 90.

Não posso deixar de mencionar a desgraceira que era a narração dos episódios - na voz do xarope Stan Lee no original -, que sempre dizia algo como: Olá meninos e meninas... Mesmo assim, um desenho divertido. Essa série chegou a ter duas fitas de vídeo lançadas no Brasil nos anos 80, item raro até nas locadoras mais antigas.

MENOS RADIOATIVO

Em 1996, vieram novos 21 episódios, na supersafra animada da Marvel que seguiu o sucesso do desenho animado dos X-Men. O Verdão até participou de um episódio da segunda temporada do fraquinho desenho do Quarteto Fantástico.

Produzida pela Saban, era uma série barata, mas contava com astros na dublagem original. Lou Ferrigno em pessoa tratou de dar voz ao verdão (não que fosse difícil), enquanto que Luke Perry (o galã da série Barrados no baile) fez um Rick Jones motoqueiro, cabeludo como na versão anterior. Mark Hammil (o Luke Skywalker de Star wars), que fez um ótimo trabalho dublando o Coringa no desenho do Batman dos anos 90, foi desperdiçado no ridículo Gárgula, vilãozinho de segunda que virou capacho cômico do Líder, de volta aos desenhos agora com o visual criado nas HQs de Todd McFarlane.

Por falar em quadrinhos, o maior pecado dessa nova versão foi ter tentado ser fiel demais ao material produzido nas últimas histórias do Verdão, a partir da fase John Byrne. Sem muito critério, fatos não muito relevantes foram levados à TV de maneira infantilóide e nada criativa. Que o digam o Hulk cinza e a participação da Mulher-Hulk, mais perua do que nunca na segunda temporada. Além disso, a série era mais um desfile de personagens Marvel do que qualquer outra coisa. Homem de Ferro, Motoqueiro Fantasma, Quarteto Fantástico, Sasquatch (da Tropa Alfa) e Dr. Estranho, além da S.H.I.E.L.D., deram o ar da graça na série. Motivos mais que suficientes para que o desenho não tivesse longa vida. Afinal, não basta ser fiel. É bom ter bom senso ao se adaptar quadrinhos para as telas. Ainda mais em se tratando de uma personagem tão rocambolesca quanto o Hulk.

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