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Falling Skies | Exclusivo! Visitamos o set de gravações da série

Nova temporada coloca a 2ª Divisão Armada de Massachusetts na estrada

17.06.2012, às 17H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Visitas a sets de filmes podem ser uma experiência maçante. Dependendo do cineasta, a gravação de uma cena pode levar horas - e a cada minúscula alteração de posicionamento no cenário entram em ação técnicos para alterar a iluminação. O que resultará em segundos de filme pode demorar uma tarde, ou mais, para ser registrado.

Falling Skies

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Falling Skies Poster

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As coisas são muito diferentes em sets de televisão. Em fevereiro de 2012 pude visitar, a convite da TNT, as gravações da segunda temporada de Falling Skies, série produzida pela DreamWorks de Steven Spielberg, em Vancouver, no Canadá - e fiquei surpreso com o funcionamento das coisas no mundo da TV.

Depois de anos conhecendo apenas os bastidores do cinema, fiquei impressionado com o ritmo muito mais intenso. Com apenas três ou quatro meses para gravar uma temporada inteira (no caso, 13 episódios), produtores e diretores correm com as diárias, terminando episódios inteiros em apenas uma semana.

Segunda temporada

Cheguei ao set de Falling Skies em um dos últimos dias de trabalho. A equipe gravava o último episódio da temporada - que pretende investigar melhor a mitologia da série, dando mais detalhes sobre os invasores alienígenas - e todos estavam extremamente aliviados, já que tinham passado três meses ao ar livre, em pleno inverno, e agora tinham o "conforto" de um shopping center em construção, abandonado havia dois anos, que serviu como estúdio para a única locação com interiores da temporada.

"Foi dificílimo. Estou mais exausto do que jamais estive em toda a minha vida. Foram meses sem os confortos de um estúdio, ao ar livre, movimentando-nos. Foi como uma zona de guerra. Fisicamente, este é o papel mais difícil que já interpretei", contou Noah Wyle, o protagonista da série. "Não houve uma pessoa sequer que não tenha ficado doente durante esse período. Filmamos muito à noite, quando a temperatura está mais baixa... e pegamos até neve", explicou - lembrando que, em Vancouver, neve não é muito comum em dezembro, mas surgiu sem aviso no ano passado, pegando a produção de surpresa. "Incorporamos esse clima ao roteiro e seguimos adiante. O diretor até chorou quando começou a nevar, de tão emocionado e feliz que ficou", complementou o produtor-executivo, Remi Aubuchon.

As cenas externas foram uma exigência da trama. Se durante a primeira temporada o grupo de sobreviventes ao ataque dos "skitters" - os alienígenas que invadiram a Terra e tomaram cidades inteiras - ficaram escondidos a maior parte do tempo em uma escola, nesta o grupo militar saído de Massachusetts cruza os Estados Unidos em busca de um sonho: um suposto porto seguro, onde o governo estaria sendo reconstruído a partir de uma base subterrânea. A cada semana, portanto, ruas e locações selecionadas nos arredores de Vancouver eram transformadas em cidadezinhas e estradas dos EUA - e o grupo de atores e profissionais pagava na vida real o mesmo preço que seus personagens na ficção.

Para a atriz Moon Bloodgood, porém, os desafios são mais internos que físicos. "Como eu já estive em vários projetos assim, pós-apocalípticos, às vezes me pego inventando coisas na minha cabeça, pra tornar as coisas sempre novas. Mas é um mundo que gosto de ajudar a trazer à vida", disse. "A primeira temporada foi sobre a família Mason tentando ficar junta depois desse acontecimento dramático. A segunda é sobre essa família e sua relação com elementos muito mais pesados de ficção científica. Temos novos aliens, mais aventura e mistérios - é muito mais sci-fi", disse.

"Esta temporada de Falling Skies está incrível, muito mais forte do que a primeira, especialmente por não termos que nos dedicar tanto para a criação do mundo e desses personagens. Pudemos, então, nos lançar em aspectos mais profundos, imediatamente após os eventos da primeira", seguiu Wyle. "Meu personagem nesta temporada, por exemplo, não tem mais as dúvidas que tinha na primeira. Ele sabe o que é capaz de fazer agora e que é bom nisso, então pode assumir a posição de liderança que conquistou por direito. De certa maneira, ele se tornou mais parecido com o capitão Weaver - e vice-versa".

Em termos do grupo, a unidade de combate de Massasuchetts está mais poderosa e confiante - e sua atuação é bem diferente, pois estão atuando como um comboio agora. "A série virou meio Mad Max, meio Carnivàle - e um pouco mais sombria que a primeira temporada", diz Aubuchon. A caravana que cruza os EUA passa por cidades que "funcionam como retratos perdidos do que foi a nossa civilização e sua beleza".

O espaço de tempo transcorrido dentro da série entre os eventos da primeira e segunda temporadas - serão três meses - favoreceu o desenvolvimento dos demais integrantes da família Mason. O filho mais velho assume uma posição de liderança. Ben, o do meio, deixou de ser uma vítima dos alienígenas e foi completamente redefinido como personagem, tornando-se o mais dinâmico e agressivo dos combatentes. E o mais novo também precisou amadurecer, vendo na personagem de Moon a mãe que perdeu.

"Por viver alguém que perdeu toda a sua família e deseja salvar todos os que puder, como médica, minha personagem precisa se aperfeiçoar rápido no campo de batalha. E a relação dela com Noah está se desenvolvendo, então ela acaba virando uma mãe para o filho mais novo", disse a atriz sobre o arco dramático de sua personagem.

Para o produtor-executivo, o importante é não tornar o programa sombrio demais - já que o tema, de certa maneira, força esse tom. "É um desafio, pois 90% da população está morta. A busca da luz no fim do túnel é muito importante para nós, a sensação de otimismo. A ideia original da série, de Steven Spielberg, era fundir drama familiar e ficção científica, com uma família tentando permanecer unida em meio ao apocalipse. É algo que ressoa bem com os dias de hoje, em que tudo é tão incerto", disse Aubuchon.

O condutor da série também exalta o entusiasmo de Spielberg com Falling Skies. "Ele me disse que gosta bastante que o programa não se parece com outros projetos que ele tenha realizado, ainda que lembre alguns. Um bom exemplo disso foi o final da primeira temporada, que tem uma espécie de homenagem a Contatos Imediatos do Terceiro Grau. No filme, o personagem de Richard Dreyfuss sobe na nave motivado pela sua curiosidade e um desejo egoísta de entendimento. Aqui, Tom Mason o faz por amor, como uma chance de salvar sua família e amigos".

Dinamismo nas filmagens

Como assisti a três cenas do último episódio de Falling Skies - repletas de informações sobre tudo o que aconteceu até ali - não entrarei em detalhes sobre o seu conteúdo, e sim sobre a parte técnica.

As gravações da série acontecem de maneira muito menos elaborada que no cinema, dependendo muito mais do talento dos atores e menos do perfeccionismo dos diretores. Enquanto nas telonas gravam-se alguns segundos por vez até que se ouça o "corta!", aqui pude apreciar o trabalho dos atores - incluindo Terry O'Quinn, o John Locke de Lost - por minutos inteiros, sem qualquer intervenção do diretor. Uma das cenas rodou sem parar por mais de três minutos! Os dois câmeras presentes circulavam a cada take, focando-se nos rostos e planos de cada ator em cena (eram quase 15). Dos primeiros takes aproveita-se pouco, com o elenco ainda testando algumas entonações e interações (mesmo assim, as cenas iam até o fim), mas, a partir do terceiro, com todos já satisfeitos com o que estavam fazendo, tudo se desenvolvia de maneira teatral - e os câmeras andando entre os personagens, fazendo um dinâmico campo e contracampo.

A duração de 13 episódios também favorece esse dinamismo. Temporadas assim têm o tempo perfeito para avançar história e personagens de maneira equilibrada, sem arrastar demais a trama.

Efeitos especiais

Em uma série de ficção científica, porém, obviamente há cenas mais elaboradas - que exigem muito mais do que o desempenho puro dos atores. Em Falling Skies, elas ora envolvem computação gráfica (com os atores olhando para bolas de tênis no alto de varetas como referência), ora os alienígenas de "carne e osso".

Para esse segundo caso, entra em cena um ator vestido como um dos "skittters" - totalmente coberto dos pés à cabeça. Enquanto dois titereiros cuidam do movimento de suas pernas (os aliens têm seis), o ator faz os movimentos dos braços e a movimentação em si e dois controladores dão à cabeça animatrônica do alien suas expressões. São cinco pessoas por alien! Todos agem em conjunto para garantir a "vida" do extraterrestre e sua interação com os humanos. Essa equipe só é substituída por computação gráfica em cenas de ação, como quando o alien sobe pelas paredes ou corre em velocidade, por exemplo.

O realismo é importante para a produção de Falling Skies, daí o uso de locações externas (mais caras) e esses elementos físicos, como o alien-marionete. Eles também não se descuidam no treinamento dos atores no uso de armas e equipamentos militares - todos tiveram aulas com ex-soldados e aprenderam a atirar de verdade para a série. Um consultor especial fica no set o tempo todo e cuida também de todas as armas usadas no programa. Enquanto algumas das armas são totalmente falsas, para cenas em que atores precisam rolar pelo chão ou efetuar movimentos que ficariam difíceis com um pedaço de metal pesado junto ao corpo, outras são 100% reais, adaptadas para festim. Pude conhecer e até empunhar algumas dessas armas, que são limpas e sofrem manutenção todas as noites, depois das gravações. O festim, explicaram-me, suja os mecanismos cinco vezes mais que uma bala de verdade.

Qualidade da televisão

Todo o elenco, a equipe e outros envolvidos foram unânimes em dizer que uma história com a escala de Falling Skies só poderia ser contada na TV. "A televisão hoje tem alguns dos melhores roteiros que você pode encontrar no mercado. Eu fiquei 12 anos em ER - Plantão Médico porque a série me manteve desafiado e cercado de bons atores, com ótimas histórias e profissionais. Se Falling Skies mantiver esse ritmo, não há razão alguma para que eu não passe alguns bons anos por aqui também", exaltou Wyle.

"Há muitos cozinheiros mexendo esse cozido e as coisas frequentemente mudam, pois temos desde os roteiristas do programa aos produtores, passando pelo pessoal do estúdio até chegar a Steven Spielberg. Todos têm suas opiniões sobre a estrutura da série e sempre existem pequenas mudanças, felizmente, sempre para melhor", completou Aubuchon. "Pelo seu objetivo e escopo, Falling Skies só poderia funcionar como uma série de TV - com o tempo para desenvolver esse universo e personagens como se deve", disse.

Falling Skies retorna à TNT brasileira no dia 22 de junho (apenas uma semana depois da estreia nos EUA), às 22h.

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