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PSI | Série da HBO muda formato e explora os limites da psique humana em seu terceiro ano

Série retorna hoje, às 21 horas

09.04.2017, às 17H56.
Atualizada em 09.04.2017, ÀS 20H03

Em dado momento da entrevista com o criador da série PSI, Contardo Calligaris, enquanto ele argumenta de forma apaixonada sobre tudo que ainda vai acontecer nesse terceiro ano da série, uma frase emblemática é dita e deflagra uma interessante discussão acerca da relação entre ficção e realidade dentro do universo psicanalítico:“A normalidade é a patologia mais arriscada e preocupante do mundo contemporâneo”. Vivemos numa esfera social e emocional em que os limites da psique humana se tornaram ainda mais inalcançáveis e querendo continuar a explorar isso, PSI volta de um longo hiato para um terceiro ano que muda consideravelmente as suas antigas diretrizes.

PSI conta história do psiquiatra Carlo Antonini (Emílio de Melo), que às voltas com a própria vida, tenta exercer a profissão de uma maneira menos aprisionada ao consultório. Durante a segunda temporada do programa, esse anseio do personagem de sair das quadro paredes tornou-se acentuado, justamente por que ele acredita – assim como seu criador – que a vida é ou precisa ser mais complexa para todos. Segundo Contardo, seu preconceito contra a ideia de normalidade é que o levou a explorar a psiquiatria pelos caminhos da ficção, que essencialmente permitem que as ideias sejam previamente arrumadas.

Marcada por um estilo procedural (com histórias fechadas por episódio) PSI chega ao seu terceiro ano com algumas importantes diferenças estruturais. A HBO Latina continua buscando – segundo o Vice-Presidente da programação Roberto Rios – histórias cada vez mais contemporâneas e quando o criador de PSI pediu mais tempo para contar arcos mais longos, a empresa disse sim. Por isso, a terceira temporada terá os mesmos 10 episódios do ano anterior, mas apenas 5 histórias serão contadas no decorrer deles. De alguma forma, elas se cruzarão e darão para esse ciclo uma base de continuidade bastante interessante e nova. Cada história terá seu próprio diretor, o que também totaliza 5 nomes que enriquecerão a mitologia da série.

Visitamos os bastidores

A convite da HBO Latin America, o Omelete visitou um dos sets de filmagem dessa terceira temporada de PSI e também conversou com os atores e parte da direção. A cena que acompanhamos se passava dentro de um restaurante japonês no Bairro Liberdade, região famosa da cidade de São Paulo pela presente cultura asiática. O restaurante era minúsculo e sem dúvida nenhuma teria sido mais fácil para a produção montá-lo dentro de um estúdio. A resposta da HBO a isso, contudo, sempre foi rigorosa: quanto mais locações puderem ser usadas para garantir a credibilidade, melhor. Assim, a cena entre Carlo e uma de suas pacientes (que era vivida por Maria de Medeiros) aconteceu com a equipe toda espremida no minúsculo salão, apenas para que a atmosfera de credibilidade da sequência fosse mantida.

A mortalidade era o assunto que percorria a cena. Na conversa com o criador da série, falou-se sobre como havia uma busca constante por histórias que fossem interessantes de serem contadas, sobre falar para o “público leigo”, justamente por que o trabalho no consultório é basicamente repetição e que o desafio era tornar a repetição única. Então, o peso do legado, a mortalidade, o existencialismo acerca do quanto é pavoroso viver sob a expectativa do fim, tudo isso era parte do que acontecia naquele momento das filmagens. Maria de Medeiros vive uma personagem que faz parte de uma organização de suicídio assistido e um desses novos arcos da temporada vai fundo nessas questões que envolvem os direitos de vida e de morte.

Nova Parceria

As mudanças não param por aí. Claudia Ohana, que viveu nas duas primeiras temporadas a amiga mais próxima do Doutor Carlo, não retorna e foi substituída por Liliana Castro. No papo que levamos com ela, Liliana afirmou que Maria Clara vai chegar de modo introvertido e que o público a conhecerá junto com o protagonista. Ela será extremamente lógica e racional, o que para Castro é fascinante porque essas são características que estão longe da sua própria personaA entrada da personagem na vida de Carlo será discreta principalmente para que o público faça essa transição entre as duas parceiras do Doutor de forma tranquila. “Ela será o Watson dele”, resumiu Liliana.

Emílio de Melo também disse na conversa que esse ano as histórias não tem mais um narrador onisciente e que veremos a vida dos personagens fora do olhar de Carlo. “Construo o personagem de acordo com as interações que ele têm. Ao contrário do que muita gente pensa, o psiquiatra precisa desenvolver o afeto. Não de forma direta, mas sem frieza”, disse ele. Com arcos maiores nas histórias, as possibilidades tanto para os atores quanto para a produção se tornam amplificadas, mas também interferem na estrutura da dramaturgia e a própria presença constante do protagonista nos episódios será reconfigurada. Carlo precisará lidar o tempo todo com o quão difícil pode ser aceitar as controversas decisões que tomam seus pacientes.

Casos surpreendentes (há um, inclusive, sobre uma mulher que nunca toca em nada e nunca repete a mesma roupa), mais tempo de desenvolvimento e com uma nova interação principal, PSI recomeça sua história na HBO, no dia 09 de Abril, às 21 horas.

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