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Em Transe | Crítica

Thriller de assalto utiliza estética para gerar dúvidas entre realidade e sonho

02.05.2013, às 18H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Na trama de Em Transe (Trance), um funcionário de uma casa de leilões (James McAvoy) tem sérios problemas de dinheiro e arruma uma quadrilha para roubar pinturas. Durante o golpe, ele leva uma pancada na cabeça e acorda com amnésia. Como só ele sabe onde está o quadro e o líder dos mafiosos (Vincent Cassel) suspeita que ele está fazendo jogo duplo, os bandidos contratam uma hipnotizadora (Rosario Dawson) para procurar essas informações em sua mente.

Em Transe

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É fácil ler a sinopse de Em Transe e pensar em A Origem (Inception). Danny Boyle, assim como Christopher Nolan, é um ótimo cineasta, um dos melhores da atual geração e está sempre buscando novas histórias para contar. Mas o mais interessante é pegar sua filmografia e notar o tanto que seus filmes são diferentes um do outro. É difícil achar uma linha que una Cova Rasa a Trainspotting, A Praia, Extermínio, Caiu do Céu, Sunshine, Quem Quer Ser um Milionário? e 127 Horas. Um elemento que se tornou cada vez mais presente, no entanto, é o esmero gráfico, as experimentações com a câmera, luz e edição, que vêm evoluindo desde sua estreia.

Em Transe é mais um passo nesta evolução. Não há um ângulo de câmera, um flare batendo na lente ou um neon desfocado ao fundo que seja mal pensado. E assim como o golpe da trama, este gênero dos thrillers de assalto exige que tudo seja muito bem arquitetado. A história vai progredindo e regredindo no tempo, misturando realidade com os pensamentos dentro da mente de Simon (McAvoy em seu sotaque escocês mais carregado do que nunca), que também parece estar tão perdido quanto seus captores. O próprio McAvoy relatou este fato em uma entrevista a uma agência de notícias. Ele disse que assim como Michael Fassbender, Colin Firth, Scarlett Johansson e Zoe Saldana, ele também quase abandonou o projeto antes do início das filmagens. Seu problema, porém, não era com agenda, mas sim com o roteiro. Após receber as primeiras 15 páginas, ele não estava gostando do papel de vítima de seu personagem. Tudo mudou quando lhe enviaram mais um punhado de páginas e seu personagem começou a ganhar novas camadas.

Em Transe é baseado no roteiro que Joe Ahearme enviou para Danny Boyle no meio dos anos 1990. Na época, Boyle achou o projeto arriscado demais e ele acabou sendo transformado em um filme para a televisão em 2001. Passados quase vinte anos, o cineasta chamou o roteirista para uma nova conversa e uma versão atualizada foi criada e passada para o parceiro recorrente de Boyle, John Hodge, que trabalhou no "polimento" da história. Porém, com a abertura da Olimpíada de Londres em suas mãos, Boyle teve de dividir seu trabalho em duas partes. Filmou tudo em 2011 e deixou o material na geladeira. Apenas em agosto de 2012, após os jogos olímpicos, é que ele entrou na sala de edição.

Nada deste atribulado percurso aparece na tela. O resultado final é bastante homogêneo e simplista dentro de sua própria complexidade. Diferente da grandiloquência de A Origem, Em Transe (e seu orçamento muito mais "modesto" - 20 milhões de dólares contra 160 milhões do filme de Nolan) conta sua história em pouco mais de 90 minutos sem muitas gorduras ou enrolações, mas deixando também espaço para interpretações.

P.S. Este jogo de gato-e-rato não permite uma resolução simples, então procure se manter o mais afastado possível dos spoilers, para não estragar as surpresas.

Nota do Crítico
Bom
Em Transe
Trance
Em Transe
Trance

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 103 min

Direção: Danny Boyle

Roteiro: Joe Ahearne, John Hodge

Elenco: James McAvoy, Vincent Cassel, Rosario Dawson, Matt Cross, Danny Sapani, Tuppence Middleton, Lee Nicholas Harris, Sam Creed, Hamza Jeetooa, Ben Cura, Kelvin Wise, Simon Kunz, Wahab Sheikh, Mark Poltimore

Onde assistir:
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